segunda-feira, 23 de julho de 2007

Só sei que não vou por aí.

Ignoro o acidente da TAM (devem ter sido os urubus da imprensa que voaram pra dentro da turbina e causaram o acidente) – a imprensa marrom-merda e seus jornalistas-carniceiros fazendo uso político de um acidente que não mata mais do que morre de preto pobre a cada final de semana na pariferia –, assim como ignoro o PAN (rebarba do esporte cucaracha, visto que EUA e Canadá mandam os times C) – o ufanismo em acompanhar esportes que o povo normalmente ignora, como handebol, pelota basca, badminton e críquete – e ignorei o papa (legítimo King Nothing) num país que há muito já não é católico.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Pálido ponto azul

"Vivemos com o baralho viciado contra nós, e depois morremos: é só isso? Nada a não ser um sono sem sonhos e sem fim? Onde é que está a justiça nisso tudo? É desolador, brutal, impiedoso. Não deveríamos ter uma segunda chance numa arena nivelada? (...) Assim seria, se o mundo fosse ideado, pré-planejado, justo. Assim seria, se os que sofrem com a dor e o tormento recebessem o consolo que merecem. E, se o mundo não corresponde em todos os aspectos a nossos desejos, isso é culpa da ciência ou dos que querem impor a sua vontade ao mundo?”

O Mundo Assombrado Pelos Demônios. Dei-me este livro de presente no Natal de 2002. Tá, eu nem gosto dessas datas comemorativas, mas são ótimas desculpas para presentear pessoas queridas (isso me inclui – às vezes). Lembro-me de tê-lo comprado, acompanhado de uma amiga, na Saraiva do Shopping Paulista, junto com O Paraíso Perdido, de John Milton. Eu já namorava o livro do Carl Sagan (e mesmo sem conhecer tanto o autor, já nutria grande admiração por seu trabalho de divulgação científica) havia tempos, desde que fora lançado aqui, um pouco antes do meio da década de 1990. Recordo-me também de estar no último ano do Ensino Médio (na Federal significava o quarto ano), 1998, e uma amiga do primeiro ano (ensino “normal”) mostrá-lo como leitura obrigatória para nota, dada por um professor de Física. Mesmo sem não tê-lo lido até então, e mesmo com relativa pouca idade, me animou e estimulou o fato de que houvesse docentes preocupados não só com passar transparências, dar provas, fazer chamadas e ir logo tomar café na sala dos professores, mas sim em também formar cidadãos conscientes. Porém, não sei ao certo o motivo, só fui adquirir a obra (por conta própria, como já dito) quatro anos depois.

Lembro de começar a lê-lo num dia qualquer, chuvoso, meio de semana, rumo a Avenida Paulista, ao encontro com outra amiga. Caminho longo, a leitura começou a fluir.

À época, eu estava perdido entre o panteísmo e o deísmo e, mesmo tendo sempre gostado de Física e ciências em geral, não fazia idéia do quão fascinante aquilo podia ser e, mais que isso, prático e útil para nossa vida cotidiana e para a existência humana.

Este livro é tão revelador e educativo que deveria ser considerado leitura obrigatória para estudantes do Ensino Médio, como o tal professor (que nem conheço) fez com a turma da minha amiga da Federal.

Cristais, astrologia, profecias, santas que choram, abduções por extraterrestres, entortadores de colheres... enfim, todo tipo de charlatanismo é dizimado impiedosamente pelo autor ao longo do livro, numa defesa apaixonada e sincera da Ciência, da racionalidade, da coerência, enfim, de “deixar a cabeça aberta mas não a ponto de o cérebro cair pra fora dela” como modo de vida. Compreendi que o pensamento científico é uma filosofia de vida.

Carl Sagan dedicou a vida não só a divulgar a Ciência para os leigos, mas para defender ideais dos quais precisamos cada vez mais, como a democratização do conhecimento e a formação do pensamento crítico não só nos adultos, mas desde a infância. Tudo para que consigamos manter a Terra um lugar habitável. Nós, uma espécie de macaco absurdamente arrogante e pretensiosa num planetinha na periferia de uma galáxia na periferia do Universo, um pálido ponto azul. Afinal "ninguém virá dos céus para nos salvar de nós mesmos".

Quando a Ciência é mal divulgada e mal compreendida, é recebida como algo chato e abstrato. Aí o que acontece: as crendices, superstições e pseudociências tornam-se ainda mais populares.

Carl Sagan nos mostra a importância do senso crítico e da racionalidade para a construção de uma sociedade democrática, pois conhecimento significa liberdade.

Eis o release da obra:

“Este livro é uma defesa apaixonada e apaixonante da ciência e da racionalidade humana. Carl Sagan, que não tem poupado esforços para divulgar os conhecimentos científicos de forma correta e clara, ataca o vírus do analfabetismo científico que faz, por exemplo, com que a maioria dos americanos pense que os dinossauros conviveram com os seres humanos e que desapareceram no Dilúvio porque não cabiam na Arca de Noé. Ou que acredite em explicações pseudocientíficas e ficções, do monstro de Loch Ness às estátuas lacrimejantes da Virgem Maria, do Abominável Homem das Neves ao poder das pirâmides e dos cristais, do Santo Sudário a terapias de vidas passadas, de anjos e demônios a seres extraterrestres que seqüestram e estupram. Para o autor de Pálido Ponto Azul, longe de serem inócuas, essas crenças e modismos podem causar danos terríveis; nos Estados Unidos pais inocentes estão sendo condenados em decorrência de falsas lembranças de abuso sexual de seus filhos, induzidas por terapeutas incompetentes. Da mesma forma, ele mostra que a crença nos argumentos de autoridade e o declínio da compreensão dos métodos da ciência prejudicam a capacidade de escolha política e põem em risco os valores da democracia.

Como todos os livros de Sagan, O mundo assombrado pelos demônios está cheio de informações surpreendentes, transmitidas com humor e graça. Seus ataques muitas vezes divertidos à falsa ciência, às concepções excêntricas e aos irracionalismos do momento são acompanhados por lembranças felizes da infância, quando seus pais o colocaram em contato pela primeira vez com os dois modelos de pensamento centrais para o método científico: o ceticismo e a admiração.

Para aqueles que vivem bombardeados diariamente pelos fenômenos "fantásticos" da vida, este livro funciona como um tratamento de desintoxicação. Mais que uma vela bruxeleante, trata-se de um jato de luz destinado a varrer os demônios do obscurantismo que pairam sobre nosso tempo.”


É, Carl Sagan faz falta.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Miséria traz tristeza e vice-versa.

Um em cada seis paulistanos vive em favela. Polícia do Rio mata 41 civis para cada policial morto.

"Cine xadrez" aproxima presos rivais no Rio. [Detentos de delegacia de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, têm projeto com cinema, música, literatura e poesia. Diferenças entre membros de facções rivais têm diminuído; na delegacia também há jornal feito pelos presos e biblioteca.]

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Mas pelo fato de ter sempre estado oculto quando terá sido o óbvio.

A morte anda tão viva, a vida anda pra trás. Mas só agora a mídia percebeu e a sociedade ficou na dúvida se fica indgnada ou não. E tem alguma coisa errada: não era pra gente ter medo dos "bandidos"?

Pena de morte para trabalhador que não aceitou tapa na cara. Um PM é preso a cada 25 horas no Rio. Ator de Malhação é acusado de espancar travestis e roubar prostituta. Jovem é preso após atear fogo em prostituta. Rio: funcionário de limpeza é espancado na Barra. Babá espanca e mata criança de três anos no Rio. Especialistas vêem risco de trauma e doença [para jovens e crianças do complexo do Alemão].