quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Corinthians grande


Analisando as mais comuns reclamações dos rvais, secadores e antis.




_Não têm estádio!

Foi uma década falando que não tínhamos estádio – sim, porque isso é coisa bem recente, até os 1990s os clássicos eram no Morumbi e ninguém questionava nossa grandeza (nem a dos outros times, como Palmeiras e Santos) por jogar lá (como ninguém questiona os times mineiros e cariocas por jogarem em estádios públicos). Pelo contrário, por ser um estádio muito grande, e o São Paulo ser um time considerado genérico em termos de rivalidade, até o boom em 1992, era sinal de grandeza lotar o estádio do Jardim Leonor. E vale lembrar que, até 1991 pelo menos, o Corinthians ainda mandava jogos menores do Paulistão em seu estádio, o Alfredo Schürig (18.000), do tamanho da Vila Belmiro (16.798), e nem tão menor assim que o Parque Antárctica (27.650). Mas enfim, fomos lá e começamos a construir nosso estádio.



_Estádio roubado!

Terreno irregular | Conchavo do Lula | Dinheiro do povo | Isenção fiscal | Andres safado | Fifa mancomunada | Prejudicaram o São Paulo | A cidade não precisa de mais um estádio | Os dutos da Petrobras vão explodir |O estádio não vai ser do Corinthians | Pois bem, tudo foi/está sendo resolvido no absoluto rigor da lei, da situação do terreno aos incentivos fiscais (nada de isenção), mediante decretos e leis, dos empréstimos ao BNDES (coisa que qualquer empresa pode requerer) ao fato de que o Morumbi jamais teve condições de abrir a Copa. Quanto à influência de presidentes do país e do Corinthians na história, bem, Laudo Natel (que os são-paulinos juram ser honestíssimo) e Adhemar de Barros acenam com crimes de verdade. Ah, os dutos foram removidos (Corinthians pagou). E a cidade só não precisa de mais um estádio porque aí vocês perdem essa piada, né.


_Não têm Libertadores!

Piada que começou praticamente em 1999, quando o Palmeiras ganhou, já que ninguém ligava pro Santos e as conquistas de 1992-93 do São Paulo só começaram a levar importância para o assunto. Acabou em 2012, próximo tópico.



_Não têm Mundial!

 
Bom, nós já tínhamos um, de 2000. Como disse Celso Unzelte, você pode questionar a legitimidade (critério de inclusão), mas não a legalidade (fizemos tudo de acordo com o regulamento). Você pode dizer que o Boca Junior que venceu a Copa Toyota daquele ano é mais legítimo campeão mundial do que o Corinthians, porém não adianta questionar a legalidade: a Fifa é o órgão máximo, ela fez o regulamento, decidiu que haveria campeão do país-sede (quem entrou na malandragem foi o Vasco, no lugar do Palmeiras). Se for questionar legitimidade, se for para questionar times que tiveram facilidades com regulamentos e decisões das federações, temos da Libertadores de quatro jogos do Santos em 1963 aos Brasileirões de fax do Palmeiras, passando pela Segundona-Manrake do Paulista do São Paulo em 1991. Ganhamos outro Mundial este ano, incontestável, de forma cabal, aí resolveram questionar de novo o Mundial anterior. Vão acabando as piadas, desde 2008 o Corinthians cresce exponencialmente, e o pessoal fica desesperado.


_A Invasão não foi tão Invasão assim!

Essa é nova: Mauro Cezar Pereira resolveu questionar os números da Invasão de 1976 com base em alguns recortes imprecisos de jornal e, pior!, no abalizado testemunho dele mesmo, flamenguista (portanto preocupadíssimo com quaisquer números de torcida do Flamengo). Segundo ele, tinha uns 30 mil, 40 mil torcedores cariocas, rivais do Fluminense, apoiando o Corinthians no estádio (coisa supercomum). E, sabe-se lá por que, teriam sido vendidos “apenas” 42.000 pros alvinegros, o resto devolvido, embora o mesmo jornal que ele cita afirma que mais de 50.000 foram ao Rio. Deve ser muita emoção ir ao Rio sem ingresso, mesmo tendo a oportunidade de comprar aqui, só pra adquiri-los direto no Maracanã. 




_Não é mais o Time do Povo!

Se por um lado o epíteto Time do Povo remete orgulhosamente às nossas origens operárias – numa época em que futebol era definitivamente um passatempo aristocrático, elitizado –, e conta até de um discurso de um dos fundadores do Corinthians (e primeiro presidente), o alfaiate Miguel Bataglia (“O Corinthians é o Time do Povo e é o povo que vai fazer o time”), a alcunha de “sofredor” veio dos tempos da fila de 22 anos sem títulos. Era uma tiração de sarro com o corinthiano chamá-lo assim. Hoje, com o Corinthians modelo de administração, no topo do mundo, com a marca cada vez mais valiosa, em vias de inaugurar estádio, os rivais, em vez de correr atrás, seguir o exemplo, bradam que não somos mais humildes. Claro, no conceito de humildade deles, que é aceitar 5% da carga de ingressos do Morumbi, ter um CT de terrão com contêineres, montar times de pernas-de-pau cheios de disposição, e sem os superestimados títulos internacionais. Humildade é dar chance dos outros tirarem sarro. Então agora aguentem.

Portanto sigam esperneando, pois o mundo é pouco para nós. #VaiCorinthians

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

É alvinegro e sempre há de brilhar.

– Mas o outro Mundial não vale porque foi em casa.

Desculpem-nos por fazer do Rio de Janeiro (como já fizemos de Porto Alegre e Ciudad del Este e Buenos Aires, e agora cidades do lado de lá de Greenwich) nossa casa.

Não temos culpa de que todo estádio se transforma em Pacaembu quando o Corinthians joga.

Se qualquer Yokohama vira Itaquera.

Se a Copa Toyota quis se arrumar e ficar bonitona de Mundial de Clubes só para o Corinthians jogar.

Porque sempre seremos campeões em casa. Lar é onde a Fiel está. Lá é onde o Corinthians está: no topo do mundo e eternamente em nossos corações.

Cabe o Brasil e o mundo inteiro dentro dessa nação chamada Corinthians.

Vai Corinthians. Não para de lutar. Nem de surpreender o mundo. Porque tua força nós sempre soubemos de cor.

Nas mãos de Cássio, nos pés de Jorge Henrique, na cabeça de Guerrero e no espírito de trinta e cinco milhões de loucos.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Sine fide ambulabo umbra


[Texto do final de setembro de 2011, publicado num site sobre literatura que não existe mais.]



_Andei de ônibus e a pé a vida inteira.

_Por que quis?

_Nunca tive dinheiro pra comprar um carro.

_Nem meus pais tiveram.

_Bom, às vezes eu até tive, mas não conseguiria mantê-lo depois, com manutenções, impostos e combustíveis.

_E bicicleta?

_Nunca aprendi a andar.

_É fácil.

_Não é não. Mas o fato é que, quando passei mal, tive que ir a pé e de ônibus para o pronto-socorro, esperar em pé durante horas pra ser atendido, até morrer num corredor fedendo a éter.

_E aí?

_Aí não sei, devem ter me carregado de lá pra cá, de IML pra cemitério.

_E agora você está aqui.

_Pois é. Essa merda de espiritismo.

_Que tem?

_Só por que não acreditei em carma e aquela porra toda, agora me ferro mais ainda?

_Você não soube aproveitar a vida.

_Ah, tenta aproveitar algo em São Paulo, pegando condução.

_Agora você terá que vagar pelo umbral por um tempão.

_É, porra. NEM DEPOIS DE MORTO VOU DEIXAR DE ANDAR A PÉ?