terça-feira, 26 de maio de 2009

Tr00 be or no tr00 be (II)

Após o sucesso da minha franquia profana e blasfema da loja tr00, aguardem o lançamento da minha plataforma tr00 para o microbblogin’ e a comunicação entre os reais guerreiros pagãos satânicos misantrópicos niilistas: o Tr00witter.

Em vez daquele passarinho boiola e cristão que remete ao Espírito Santo, teremos um corvo de Odin (ainda não decidi entre Hugin ou Munin) envolto nas chamas e sob a escuridão das planícies desoladas do Hades.

As funções:

[Tomb] Porque tr00 não tem “Home”, e sim perambula pelos cemitérios a fim de misantropicar e tirar fotos posando entre as cruzes.

[Artefato] porque twitt é um som nada tr00; um blackmettaler manda artefatos contra os fracos cristãos e poseurs que infestam a cena.

[Hail] guerreiros de Lúcifer saúdam outros guerreiros, não dão “reply”.

[FanzineMimeografado] RT não, pô. Tr00 que é tr00 só passa som via fanzines tranqueira que só ele e o primo lêem.

[Quest] É mais épico que “Search”, combinando mais com as buscas solitárias dos guerreiros pelas vast paganlands.

[TrendTopics] Você não é nada kvlt, hein? Preciso citar Behemoth (encarte do Grom): “Black metal is not a trend, it's a cult”. E o fato de eles mesmo terem migrado para o death metal no disco seguinte não vem ao caso.

[Stalking_Me] Porque reais da cena profana não seguem ninguém, são misantrópicos e individualistas, esqueceu?

[Hatred tr00wits] Tr00 não favorita, porra!

[Direct scourges] Tr00 vai direto ao ponto, dando tiro na cabeça e facada nas costas. Sem frescura.

A pergunta será: What are you profanating?

Exemplo de possíveis postagens:

@ImpalerSodomizer #follow @SatanicLust666

@Euronymous #unfollow @VargVikernes

@ChristCrusher: alguém aí tem dicas para um bom corpse-paint? hipoglós ou minâncora?

“This account no longer exists (tr00wittercídio)”: vale para @Dead @JonNödtveidt @Cernunnos @Grim

@Sventevith: hail warriors! Quem vai ao #TOC (tr00witteiro on cimita) hoje?

@Hellhammer_90: Tô indo pro Inner Circle. #beijosmeempala

Venha destruir a civilização judaico-cristã em 140 caracteres você também!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

And thus, we shall cheat Deah.

Ontem passou no Domingo Legal (OK, não riam) uma matéria sobre corpos incorruptos, múmias e igrejas ossudas, com catacumbas repletas de ossadas que formam desenhos lúgubres. Tem uma matéria que a Globo fez sei lá quando, e colocou ontem no site do Fantástico porque, provavelmente, ficou incomodada com a audiência do concorrente. Por ele, dá para ter uma idéia. À parte da morbidez fascinante das múmias, que mostram nossa impermanência, jogando-a em nossa cara da forma mais rude. Mas o que chamou a atenção é que, nesse espetáculo mortuário que a Igreja fez desse montante de cadáveres, num gigantesco memento mori, é que o sentido original daquelas mumificações foi subvertido. À parte dos corpos de santos, que entram numa questão de fé versus ciência do qual não pretendo falar no momento, pois configuram outro aspecto do necrocristianismo, chama a atenção que todas aquelas ex-pessoas pretendiam se perpetuar por meio da mumificação, e hoje são justamente prova do contrário: a de que seremos inevitavelmente esquecidos. Hoje ninguém mais conhece aquelas pessoas, nenhum contemporâneo existe mais, estão todos igualmente mortos. Ninguém engana a existência, tão pouco o limite dela. Carpe noctem.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

E sei que a poesia está para a prosa assim como o amor está para a amizade, e quem há de negar que esta lhe é superior?

Poesia é mais fácil que prosa: tem, ao mesmo tempo, mais e menos regras. Comporta mais formatos, permitem-se imagens livres, deixa livre qualquer interpretação. Escrevo versos como quem vive, como quem se cura de uma loucura qualquer. Já a prosa é doida, doída, densa, tensa. Ainda que possam se confundir, se tocar, se lamber e se beijar, numa cópula incestuosa, visto que são irmãs. Versificar me faz bem, prosear me faz mal. No entanto acendo velas a ambos, deus e diabo, numa comunhão profana do mesmo altar literário. Versos brancos, negros, livres, cativos; sonetos, odes, elegias, rondós. Tudo cabe na imensidão da poesia. Todas as imagens (im)possíveis já estão (d)escritas nas entrelinhas das estrelas em cada rima. A prosa já exige uma exposição maior, não permite a insinuação da poesia, desnuda logo, à vestes rasgadas com sofreguidão, o corpo envergonhado dos desejos inconfessáveis. Ainda não esqueci a promessa horrível. Sabia que a música é a entrega que mais se aproxima da literatura? Você poetiza nas canções e proseia nos interstícios. Agride a língua, como numa mordida léxica que arranca sangue dos significados, enquanto arranha as cordas em sons inexistentes. Êxtase blasfemo: quem possui a arte não precisa de nenhum deus. Quem é possuído por ela, torna-se o próprio demônio. A Queda se renova em cada criação.