Conversando com um amigo, que, aliás, já havia conversado sobre isso com um colega de trabalho, e ouvindo a canção que dá nome ao post (nunca esqueçam de que o título sempre é um link pra alguma coisa interessante), resolvi escrever: quanto tempo leva para uma pessoa ser completamente esquecida, desaparecendo por completo das memórias e dos registros oficiais e oficiosos?
Muita gente se preocupa com o os rastros virtuais, no melhor estilo Igreja Triangular Do Resíduo Digital, do maluco-e-picareta-de-plantão Miranda, outrora músico (ruim) sulista, depois jornalista, depois produtor, depois colunista da saudosa e caótica revista General (quando apareceu com essa piada de igreja, que muita gente levou a sério, na qual os resíduos digitais da pessoa poderiam ser usados para ressuscitá-la, ou coisa assim) e hoje jurado do Ídolos.
Certos rastros digitais, como e-mail, MSN, Skype e Twitter dependem da ação direta do usuário para funcionar. Outros, como blogs e fotologs, podem resistir mais, porém, correm o risco de ser deletados por falta de uso e/ou quando a moda passar.
Restam um pouco mais as mensagens e os profiles em fóruns e orkuts/similares. Eu mesmo participo de um fórum com uma área específica para os foristas falecidos serem homenageados. Há gente que guarda e-mails em CDs de arquivo, anos a fio, além de sites que fazem isso periodicamente na internet, como os serviços que fazem backups constantes da rede.
Portanto nossos podres devem durar digitalmente mais do que durariam em anotações de diários ou na mente de contadores de histórias (claro que estou falando de anônimos, pessoas não famosas), além de registros governamentais, que de tão desorganizados podem-se considerar perdidos.
Já pensou um serviço funerário na web, para sepultar seus registros digitais? Assim aqueles podres registrados em comunidades constrangedoras, e-mails queima-filme e deleção de profiles a fim de que o pessoal do Profiles De Gente Morta e seus parentes fiquem lhe deixando scraps, sendo que nem sabe-se como é o além-web.
Mas, se por um lado, o acesso à informação está mais fácil, também é volátil demais: sites, provedores e contas, tudo é encerrado a todo momento, gerando um monte de fantasmagorias como links quebrados, arquivos órfãos e endereços incorretos.
E alguém irá consultar tais arquivos após algumas gerações? Ou será como é atualmente, quando em mais ou menos um século ninguém mais se lembra de você (dependendo da idade com a qual você morreu e seus descendentes mais novos nasceram)?
Então faz sentido deixar ou não um legado? Faz diferença deixar uma incrível obra de arte, um monte de filhos bem criados ou um grande e luxuoso túmulo? Sendo no início, no meio ou no fim da vida, não seria tudo isso apenas resistência em admitir a gratuidade e a finitude da existência? Assim como a crença em deuses, destino e vida após a morte, deixar algo que será visto por gerações futuras, quando você mesmo não poderá conferir nada disso, tem alguma utilidade? Ou toda atitude, disfarçada de projeto de vida, resume-se a um passatempo até a hora da morte?
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