sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Tr00 be or not tr00 be

O mundo, definitivamente, não é mais tr00. Foi-se o tempo em que se trocavam fitas K7 (cópias das cópias das cópias), camisas de manga longa de bandas desconhecidas eram feitas sob encomenda, fanzines eram mandados pelos Correios, contatos eram feitos por carta-social, moleques eram intimados por vestir determinadas bandas e a Galeria do Rock era um antro de podridão onde metaleiros fedegosos arrumavam briga, consumiam drogas (e não estou me referindo às coxinhas peludas e esverdeadas do boteco) e corriam risco de morte nas escadas rolantes quebradas.

Hoje o mundo é outro: não adianta dizer “não passo som pra prego”, pois tudo está disponível na internet. Cartas, fanzines e fitas K7 são relíquias de passadistas. A Galeria tem elevadores, um bar novo, ambiente familiar, seguranças, plantas e lugar pra sentar.

Se você for intimar alguém, vai ter que pedir pra mãe dele, que provavelmente estará ao lado. Os emos são maioria. Os headbangers devem até tomar banho. Tem saldão de CDs do Burzum e do Emperor.

Alguém precisa tomar uma atitude.

Como ficam os valorosos guerreiros do metal que fizeram amizades pela seção de correio da Rock Brigade, gastaram fortunas em CDs importados da Noruega, têm bootlegs do Amen Corner e vinis do Bathory, fizeram uma força danada pra tentar gostar dos blips, tóins e teclados de churrascaria do H418ov21.C,do Beherit, ou de qualquer coisa do Neptune Towers, e passaram horas tentando distinguir se aquele som de besouro era chiado da fita ou a guitarra da primeira música no split Darkthrone & Mayhem (o inacreditável The True Legends In Black)?

Pois eu vou comprar uma daquelas lojas de peruca da Galeria e fazer a inefável The Tr00 Store, uma loja para os verdadeiros bárbaros pagãos do metal negro. Uma catacumba musical que fará a Helvete, do Euronymous, parecer a Daslu.

Os funcionários, que serão recrutados com base no histórico de profanação de cemitérios e queima de igrejas de cada um, deverão usar corpse-paint + couro + tachas + armas medievais, e usar pseudônimos como Necroskullchruser ou ImpalerBlasphemerMutilator, dividir-se-ão nas tarefas “ficar na porta intimando os passantes” (“Vai comprar ou não? ‘Cê conhece esse som ou é um falso que vai sujar a cena underground? Qual o nome da mãe do Nocturno Culto?") e ficar de braços cruzados atrás do balcão, com cenho franzido, fingindo que está lendo Nietzsche ou algumas runas vikings (o máximo que os funcionários devem dizer uns aos outros é “Hail!”), com o som ambiente tocando remixes de 90min para músicas do Abruptum e do MZ-412 em loop, no último volume, inviabilizando qualquer tentativa de conversa e causando náusea, dor de cabeça e convulsões em qualquer falso que permanecer mais de três minutos na loja. Só serão vendidos K7s ("Artefatos!"), camisetas de bandas ("Hordas!") do interior da Transilvânia e fanzines mimeografados, a preços escorchantes. O logotipo deverá usar letras horrorosas e disformes, acrescido de quantos pentagramas e quantas cruzes invertidas forem necessárias até que o conjunto seja absolutamente incompreensível.

E as perucas da loja antiga? “Escalpos de cristãos”, ora.

Será que meu empreendimento terá sucesso?

Stay tr00.

6 comentários:

Regiane Jodas disse...

Uma vez, qdo a galeria era 'fedegosa', como vc diz, fui num daqueles botecos pedir um copo de água (o calor estava de matar, enfim, não havia outra escolha, a não ser que eu quisesse ter uma desidratação e me tornar in memoriam ali mesmo). Qdo estava a levar o copo de vidro, daqueles de pingado de padaria, em direção aos meus lábios, com a água de torneira, meus braços paralisaram, no meio do caminho, meus olhos arregalaram e eu vi: uma baratona na parede, passeando calmamente bem ao lado de onde o cara tinha pegado o copo q estava em minhas mãos! Fiquei verde, dei a desculpa q perdi a sede e devolvi o copo ainda intocado (GRAÇAS A DEUS)hauhauhauhauhauhauha histórias que só os bons tempos de Galeria do Rock fazem por vc! =p
Investe!
Bjo Vanzo

Victor Bento disse...

Belo post. Ainda mais em uma sexta feira 13. Meia noite profanarei um cemitério com alguns amigos.

Anônimo disse...

O empreendimento será um sucesso, virará cult e entrará nos roteiros dos programas da moda da Ilustrada.

Como você sabe, o pop não poupa ninguém.

Rose Carreiro disse...

Os tr00s de Petrópolis se algomeram em frente ao Teatro Municipal, agora juntamente com os emos, gays (sinônimo), traficantes, usuários e profissionais do zegzo. E tomam vinho Canção.

Tem uma batida de amendoim no bar em que eu costumava ir que tem cheiro de prova mimeografada. Era minha saideira de sempre.

Beijo.

Anônimo disse...

Me candidato a ser um dos atendentes. Já tenho até meu batismo satânico: ImmortalSkullcrusherBlasphemerOfDeath.

E o nome da mãe do Nocturno Culto é Olga \m/

Alexandre Facciolla disse...

depois de um mês vai estar na Ilustrada e terá oficina de corpse paint.

HAIL!