“If you believe
that you know in this time
You've got anything to win
If you believe that you know
Then I say ‘You'll lose all again.’"
(…)
“We are
credulous idiots
And won't understand what they plan
We march with the times
It's what they expect and we do.”
(Helloween,
We Got The Right)
Primeiramente sou contra a origem do protesto: essa história de passe livre é uma demagogia tola, o movimento todo foi oportunista (Haddad ficou falando desde a campanha sobre a história do aumento, sobre ele ser necessário e que ele faria de tudo para que fosse abaixo da inflação) e ninguém fez protesto antes de a tarifa subir, tampouco quiseram negociar com o prefeito ou ao menos propor algo razoável. Sem falar que Alckmin, com seus trens sucateados e metrôs construídos a passo de tartaruga manca, foi basicamente poupado pelas manifestações até que sua PM baixasse o sarrafo na galera. Além disso, não acho que nosso problema seja o preço da passagem: desde que a Marta passou pela Prefeitura (2001–2004), e infelizmente nada significativo tenha sido feito nesse sentido após sua saída, os ônibus são quase todos novos, temos mais terminais, corredores de ônibus e bilhete-único, além de haver bastante condução na maioria das linhas, que já justificariam o preço só pelas distâncias percorridas. Nosso problema é a (falta de) mobilidade urbana: não adianta colocar mais ônibus, pois só vai ter mais coletivos parados no trânsito. O transporte público é sofrido principalmente porque ficamos tempo demais dentro dele, tanto pelo engarrafamento pelo fato de trabalharmos longe demais de casa. É algo que sequer tem solução (apenas paliativos, como os corredores de ônibus) até no mínimo o tal Arco do Futuro do Haddad ser realizado.
Só que o que houve quinta-feira transcendeu os próprios motivos do protesto. Não faz mais diferença quem tá organizando. Se vai ter Psol, PSTU, PCO, anarcopunk, zé-coxinha achando que a culpa é do Dirceu, não estou nem aí. Hoje não importa o motivo, e sim que todos estejam na rua, ocupando o lugar onde vivem.
O tal do Passe Livre, pra mim, virou São Paulo Livre. A frouxidão da coisa, mais a repressão desumana da PM, se por um lado favorecem oportunistas de Direita que pretendem se apropriar da massa descontente, serviram ao menos para que a cidade de unisse em um novo objetivo: protestar pelo direito de protestar, pela ojeriza à autoridade militar que oprime quem deveria deixar seguro.
O que todo mundo viu quinta-feira, no lombo da classe média, foi só um trial version do que o preto pobre da periferia sofre cotidianamente. O tempo todo São Paulo cola um imenso NÃO em nossa testa. São Paulo é a cidade do NÃO. E todo mundo parece cansado disso. A cidade não é de Geraldo & seus PMs.
São Paulo é nossa e precisamos tomá-la de volta urgentemente.