Hoje é o aniversário de 70 anos de Werner Herzog Stipetić (ele aparentemente não curte este sobrenome). E aproveito esta data comemorativa para explicar o porquê do meu novo blog Maratona Werner Herzog.
Normalmente digo que meu diretor favorito é Martin Charles Scorsese (este já não curte o segundo nome), até por que ele fez meu filme preferido de todos os tempos (e que pra mim é a maior obra cinematográfica da História), Taxi Driver.
Porém, ele assumidamente faz filmes mais comerciais e/ou por encomenda sempre que precisa de dinheiro para financiar projetos pessoais – Marty vai sempre pagando um filme com outro –, de modo que tem filmes que saem menos pessoais que outros. Talvez um dia eu faça uma ‘Maratona Scorsese’, quem sabe, mas não por ora.
Herzog é uma boa pedida, primeiramente, porque, mesmo mantendo uma assinatura pessoal muito forte (até porque ele sempre escreve, dirige e produz tudo), são sempre experiências díspares: já filmou nos cinco continentes (único diretor a fazer isso) com anões, surdo-cegos, aborígenes, atores hipnotizados, atores amadores, atores com deficiência mental; já filmou febrilmente no deserto, já fez filme com câmera roubada, já quase abateu a tiros seu ator principal, já destruiu parte da Amazônia (onde também já filmou sob a mira de índios hostis) para atravessar um outeiro com um barco a vapor, já comeu o próprio sapato... enfim, tem diversão & depressão para todos os gostos. Ver e rever seus filmes é sempre uma experiência impactante.
Além disso, pouquíssima coisa de Herzog está disponível no Brasil: de 55 filmes, apenas seis estão disponíveis em DVD [dois deles porque têm atores hollywoodianos como Christian Bale e (eca!) Nicholas Cage)], e menos de 10 até hoje foram lançados em VHS ou em, circuito comercial de cinema. O que resta, além de eventuais retrospectivas em centros culturais e cineclubes, é a exibição, com atraso de dois a três anos, em mostras de cinema, de filmes que já tenham rodado o mundo e ganhado um monte de prêmios (foi assim com Grizzly Man, The Wild Blue Yonder, Encounters At The End Of The World e Cave Of Forgotten Dreams.
Então, além de a maratona ganhar contornos de garimpagem épica por torrents, blogs de download e sites com streaming (incluindo ver filmes só com áudio em inglês, com legendas em espanhol, etc.), tenho a intenção de servir de mais uma referência para fãs de Werner Herzog, já que tanto em português quanto em inglês há pouquíssima coisa sobre ele na internet, e a literatura impressa também não impressiona: no Brasil, apenas os autobiográficos Caminhando No Gelo e A Conquista Do Inútil (este ainda não li); Werner Herzog: O Cinema Como Realidade, de Lúcia Nagib, está esgotado há anos. Em português de Lisboa, temos o ótimo Caminhando No Gelo, da italiana Grazia Paganelli, mas é importado, sai quase uma centena de reais. E quem lê em inglês pode importar (ou procurar PDF, tem por aí) de Herzog On Herzog, de Paul Cronin.
Diretores mais pop têm muito mais material disponível na internet, mas a literatura impressa sobre cinema é um problema seriíssimo no Brasil, tanto quanto muitos clássicos não terem versão em DVD até hoje, ou estarem fora de catálogo (como Serpico, de Sidney Lumet, por exemplo). Essa ausência de cultura cinematográfica é sem dúvida algo que faz do Brasil, como costumo dizer (mais ou menos) hiperbolicamente, produtor do pior cinema do mundo (pior das Américas, com certeza) - mas isso é assunto pra outra postagem.
A ideia é fazer um meio-termo entre meras impressões pessoais e maiores contextualizações; não sou especialista em coisa alguma, mas também não quero fazer tão-somente crítica de Facebook. Quando possível, vou buscar referências no pouco de bibliografia que tenho. Sem pressa (afinal são mais de cinquenta filmes, nem sei se conseguirei encontrar todos, e ele costuma lançar mais de um filme por ano), porém mantendo um ritmo legal de atualizações.
Enfim, tanto eu quanto quem vai me acompanhar tentando ver os filmes, vai sair da maratona uma pessoa diferente; sei lá se melhor ou pior, mas ninguém sai ileso do obsessivo e insano universo de Werner Herzog.
Normalmente digo que meu diretor favorito é Martin Charles Scorsese (este já não curte o segundo nome), até por que ele fez meu filme preferido de todos os tempos (e que pra mim é a maior obra cinematográfica da História), Taxi Driver.
Porém, ele assumidamente faz filmes mais comerciais e/ou por encomenda sempre que precisa de dinheiro para financiar projetos pessoais – Marty vai sempre pagando um filme com outro –, de modo que tem filmes que saem menos pessoais que outros. Talvez um dia eu faça uma ‘Maratona Scorsese’, quem sabe, mas não por ora.
Herzog é uma boa pedida, primeiramente, porque, mesmo mantendo uma assinatura pessoal muito forte (até porque ele sempre escreve, dirige e produz tudo), são sempre experiências díspares: já filmou nos cinco continentes (único diretor a fazer isso) com anões, surdo-cegos, aborígenes, atores hipnotizados, atores amadores, atores com deficiência mental; já filmou febrilmente no deserto, já fez filme com câmera roubada, já quase abateu a tiros seu ator principal, já destruiu parte da Amazônia (onde também já filmou sob a mira de índios hostis) para atravessar um outeiro com um barco a vapor, já comeu o próprio sapato... enfim, tem diversão & depressão para todos os gostos. Ver e rever seus filmes é sempre uma experiência impactante.
Além disso, pouquíssima coisa de Herzog está disponível no Brasil: de 55 filmes, apenas seis estão disponíveis em DVD [dois deles porque têm atores hollywoodianos como Christian Bale e (eca!) Nicholas Cage)], e menos de 10 até hoje foram lançados em VHS ou em, circuito comercial de cinema. O que resta, além de eventuais retrospectivas em centros culturais e cineclubes, é a exibição, com atraso de dois a três anos, em mostras de cinema, de filmes que já tenham rodado o mundo e ganhado um monte de prêmios (foi assim com Grizzly Man, The Wild Blue Yonder, Encounters At The End Of The World e Cave Of Forgotten Dreams.
Então, além de a maratona ganhar contornos de garimpagem épica por torrents, blogs de download e sites com streaming (incluindo ver filmes só com áudio em inglês, com legendas em espanhol, etc.), tenho a intenção de servir de mais uma referência para fãs de Werner Herzog, já que tanto em português quanto em inglês há pouquíssima coisa sobre ele na internet, e a literatura impressa também não impressiona: no Brasil, apenas os autobiográficos Caminhando No Gelo e A Conquista Do Inútil (este ainda não li); Werner Herzog: O Cinema Como Realidade, de Lúcia Nagib, está esgotado há anos. Em português de Lisboa, temos o ótimo Caminhando No Gelo, da italiana Grazia Paganelli, mas é importado, sai quase uma centena de reais. E quem lê em inglês pode importar (ou procurar PDF, tem por aí) de Herzog On Herzog, de Paul Cronin.
Diretores mais pop têm muito mais material disponível na internet, mas a literatura impressa sobre cinema é um problema seriíssimo no Brasil, tanto quanto muitos clássicos não terem versão em DVD até hoje, ou estarem fora de catálogo (como Serpico, de Sidney Lumet, por exemplo). Essa ausência de cultura cinematográfica é sem dúvida algo que faz do Brasil, como costumo dizer (mais ou menos) hiperbolicamente, produtor do pior cinema do mundo (pior das Américas, com certeza) - mas isso é assunto pra outra postagem.
A ideia é fazer um meio-termo entre meras impressões pessoais e maiores contextualizações; não sou especialista em coisa alguma, mas também não quero fazer tão-somente crítica de Facebook. Quando possível, vou buscar referências no pouco de bibliografia que tenho. Sem pressa (afinal são mais de cinquenta filmes, nem sei se conseguirei encontrar todos, e ele costuma lançar mais de um filme por ano), porém mantendo um ritmo legal de atualizações.
Enfim, tanto eu quanto quem vai me acompanhar tentando ver os filmes, vai sair da maratona uma pessoa diferente; sei lá se melhor ou pior, mas ninguém sai ileso do obsessivo e insano universo de Werner Herzog.