Em paisagens monótonas de tédio, arruinadas, recendendo a estreiteza e podridão, tu estavas coberto de insetos, sob um sol gris, apagado, mortiço, e eu te mandava deitar, morrer, sumir. E, de repente, um dilúvio de águas geladas em alamedas tão familiares, noite escuríssima - e eu me perdia e ti e de mim. Mas nenhum de nós estava ali, e penso que não estou mais em muitos lugares, apenas cheio de infindáveis vazios.
sábado, 29 de fevereiro de 2020
No abstrato abismo equóreo em que me inundo.
Em paisagens monótonas de tédio, arruinadas, recendendo a estreiteza e podridão, tu estavas coberto de insetos, sob um sol gris, apagado, mortiço, e eu te mandava deitar, morrer, sumir. E, de repente, um dilúvio de águas geladas em alamedas tão familiares, noite escuríssima - e eu me perdia e ti e de mim. Mas nenhum de nós estava ali, e penso que não estou mais em muitos lugares, apenas cheio de infindáveis vazios.
terça-feira, 4 de fevereiro de 2020
Sem perturbar sua claridade, mas também sem diminuir minha tristeza.
Dois meses.
Queria que tivesse visto de perto minha já nem tão nova casa, e novamente o nosso time desde sempre; meus bichos, meu espaço, meus novos e sempre incertos passos. E te contar meus novos erros, e quem já não sou sem você. Nas noites em claro e nos dias escuros.
O que me tornei?, não sei. Alguém diante de uma imensidão de ausências, talvez: tropeçando, caindo, sem ver o caminho ou saber o destino, mas, eu, acho seguindo. Um caminho que já não há, de alguém que jamais fui. Sobra tanto espaço que, por vezes, me sufoca.
Vivo o luto e luto do meu jeito. Alguns dias, mudo, outros, ansiado e contrafeito. Às vezes dá um negócio no peito: viver é, sobretudo, solitário. Talvez mais do que morrer?, mas isso não poderei dizer por ora.
Você gostava de chuva para dormir. Hoje chove bastante e você dorme para sempre. As flores, os pássaros, tudo que você amava resolveu seguir caminho sem ao menos te esperar. O mundo inteiro está por aí, ao meu redor e acima de você, quase igual, em vastidões de esquecimento e mágoa.
Queria que tivesse visto de perto minha já nem tão nova casa, e novamente o nosso time desde sempre; meus bichos, meu espaço, meus novos e sempre incertos passos. E te contar meus novos erros, e quem já não sou sem você. Nas noites em claro e nos dias escuros.
O que me tornei?, não sei. Alguém diante de uma imensidão de ausências, talvez: tropeçando, caindo, sem ver o caminho ou saber o destino, mas, eu, acho seguindo. Um caminho que já não há, de alguém que jamais fui. Sobra tanto espaço que, por vezes, me sufoca.
Vivo o luto e luto do meu jeito. Alguns dias, mudo, outros, ansiado e contrafeito. Às vezes dá um negócio no peito: viver é, sobretudo, solitário. Talvez mais do que morrer?, mas isso não poderei dizer por ora.
Você gostava de chuva para dormir. Hoje chove bastante e você dorme para sempre. As flores, os pássaros, tudo que você amava resolveu seguir caminho sem ao menos te esperar. O mundo inteiro está por aí, ao meu redor e acima de você, quase igual, em vastidões de esquecimento e mágoa.
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