Desqualificar um adversário, sobretudo um que não pode ser desprezado com facilidade, por pura preguiça de ler a crítica ou por ser desafeto do crítico ou pelo objeto dessa ter sido algo de que você gosta, é um despreparo de quem se deixa levar demais pelo ego.
No caso estou falando de uma crítica que Caetano Veloso fez sobre Woody Allen.
Sou confesso idólatra do primeiro e acho o segundo um pé-no-saco.
Apesar da sabida veia provocadora, a qual, muito além de “só querer aparecer”, está intimamente ligada ao conceito tropicalista, a crítica é feita por alguém extremamente culto, conhecedor de cinema, e, veja só, fã de Woody Allen! Nada de não-ouvi-e-não-gostei: ele embasou muito bem suas opiniões (e estas são inalienáveis), e quem não concorde, que ignore ou mostre argumentos contra.
Porém tudo que as magoadetes fãs do cineasta fizeram foi tentar desqualificar o baiano com os batidos bordões “ele só quer chamar a atenção”, “Woody Allen nem sabe quem ele é”, “devia ter morrido em 1979”, “ele é gaydacu enrustido”, entre outros do mesmo nível abissal. Pouquíssima gente se deu ao trabalho de, a despeito de não gostar do Caetano, ler atentamente as críticas e tentar rebatê-las.
As pessoas se melindram por muito pouco. E assim o nível do debate cultural segue péssimo no país com o pior cinema do mundo.
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