Preto pode lutar pelos seus direitos. Homossexual também pode. Desempregado, subempregado, sem-terra, sem-teto, idem. Crente, ateu, todo mundo pode e deve lutar por seus direitos. O índio pode. Estudante, classe média sofrida, qualquer fucking minoria (ou maioria) pode subir no caixote de maçã e bater bumbo. Até cigano pode reclamar do Houaiss. Todo mundo tem voz.
Porém, quando é a vez da mulher, sempre há uma má vontade, um escárnio excessivo, como se “ah, vocês já num votam, tomam pílula, trabalham, podem até se desquitar!, querem mais o quê?”.
Até as mulheres têm receio da data, afinal ninguém quer parecer uma balzaquiana com um ouriço em cada sovaco, um buço maior que o do Olívio Dutra e roupas mais feias que a da Simone de Beauvoir.
Nenhuma outra militância é tão estereotipada quanto a feminista. Ah, é só comércio. São mal amadas. Mulheres é que são machistas.
Agora imagina só uma mulher-preto, mulher-índio, mulher-crente.
Pois é.
O Dia Internacional da Mulher existe para a gente não esqueça de que ainda falta muito para que ele possa deixar de existir.
2 comentários:
O grande lance é q ainda lutamos pelo direito de ser o q quisermos. E isso é chatoooooooo! Sem dizer q é anacrônico. E com certeza, a melhor frase do dia pra mim é a q termina seu texto: "O Dia Internacional da Mulher existe para a gente não esqueça de que ainda falta muito para que ele possa deixar de existir".
Perfeito! E a grande ironia é pegar mal ser feminista num mundo que ainda precisa tanto do feminismo.
Postar um comentário