Quer
torcer pelo Brasil porque ama a seleção, porque se sente obrigado a torcer,
porque a Copa desperta seu patriotismo ou ufanismo, porque acha o Fred transão
e o Hulk bundudo, para ficar duas semanas seguidas só enchendo a cara sem ir
trabalhar, ou porque ora bolas a gente precisa ganhar alguma porra de Copa em
casa?, pode.
Quer
torcer contra o Brasil porque acha o Felipão, o time e a CBF um bando de
cretinos, incluindo o frangueiro do Júlio César e o segunda divisão do
Henrique? Ou simplesmente porque acha que ela não te representa, que você não é
obrigado a se identificar com ela, ainda mais com esse bando de gente do qual
você nunca ouvir falar, como Maxwell e Fernandinho? Tá liberado.
Quer
torcer pela Argentina porque gosta do futebol deles, por causa do Messi ou só
para sacanear o Brasil? É são-paulino e quer torcer pelo Uruguai por causa do
Lugano, ou palmeirense-chileno por causa do Valdívia? Vai torcer pela
Inglaterra porque curte a Premier League, Itália porque é descendente de
italianos, ou Holanda porque gosta da cor laranja? Pode também.
Quer
torcer pela Rússia por saudades da União Soviética, pelo Irã porque simpatiza
com os fraquinhos, por Camarões porque acha o Eto’o maneiro ou por Costa do
Marfim porque achou o nome em francês chique? Claro que pode.
Quer
ver todos os jogos simplesmente porque gosta de futebol, torcendo por gringos
pagando mico (já está rolando, inclusive), ‘cenas lamentáveis’, cachorro
invadindo campo e disputas dramáticas de pênaltis? Estamos nessa.
Pode
ser o fanático que sabe de cor a escalação da Bélgica e todas as participações
sul-coreanas na Copa, ou aquele torcedor ocasional ‘quatro anos’ que não
reconhece um impedimento nem se apanhar com ele.
Quer
protestar durante a Copa por tantos desmandos da Fifa e incompetências
governamentais, ignorá-la porque não liga (ou por birra) e ficar só de boa nos
feriados e fingimentos de expediente? Tá no seu direito.
Só
não pode torcer para as coisas darem errado, nem cagar regra sobre como ou para
quem os amiguinhos estão curtindo a Copa, porque aí a Jules Rimet da babaquice
será toda sua.
Nem
tanto a pachequismo, nem tanto ao vira-latismo, abre logo essa cerveja porque é
Copa do Mundo, meu amigo. Não tem time bobo e é só jogo dramático (mentira, tem
um monte de time paia e vai ter uns jogos bem chatos, mas enfim). Vai ser na
Zona Leste, só isso já é incrível. E o mascote é um tatu, e ele é uma bola, é
eu mal posso esperar pelas 17h da quinta-feira. Aliás, essa Copa nem começou e
eu já estou ansioso pela próxima que tiver no Brasil.
E
nós, que ficamos tanto tempo preocupados com o que os gringos iam pensar de
nós, os vemos indo à praia tomar caldo e jogar frescobol, comprar paçoca-rolha
no shopping, vestir cocar e andar de escuna, adotar cachorro e jogar capoeira,
falar do Obina e visitar o Drogbinha. A Copa nem começou e já está tendo muita
Copa.
Vai dar certo (errado), como em toda Copa. Vai ter surpresa boa e contratempo ruim, como em toda Copa. E vamos nos divertir, como em nenhuma outra Copa.
Vai dar certo (errado), como em toda Copa. Vai ter surpresa boa e contratempo ruim, como em toda Copa. E vamos nos divertir, como em nenhuma outra Copa.