quarta-feira, 11 de junho de 2014

Last Cup Of Sorrow

Quer torcer pelo Brasil porque ama a seleção, porque se sente obrigado a torcer, porque a Copa desperta seu patriotismo ou ufanismo, porque acha o Fred transão e o Hulk bundudo, para ficar duas semanas seguidas só enchendo a cara sem ir trabalhar, ou porque ora bolas a gente precisa ganhar alguma porra de Copa em casa?, pode.

Quer torcer contra o Brasil porque acha o Felipão, o time e a CBF um bando de cretinos, incluindo o frangueiro do Júlio César e o segunda divisão do Henrique? Ou simplesmente porque acha que ela não te representa, que você não é obrigado a se identificar com ela, ainda mais com esse bando de gente do qual você nunca ouvir falar, como Maxwell e Fernandinho? Tá liberado.

Quer torcer pela Argentina porque gosta do futebol deles, por causa do Messi ou só para sacanear o Brasil? É são-paulino e quer torcer pelo Uruguai por causa do Lugano, ou palmeirense-chileno por causa do Valdívia? Vai torcer pela Inglaterra porque curte a Premier League, Itália porque é descendente de italianos, ou Holanda porque gosta da cor laranja? Pode também.

Quer torcer pela Rússia por saudades da União Soviética, pelo Irã porque simpatiza com os fraquinhos, por Camarões porque acha o Eto’o maneiro ou por Costa do Marfim porque achou o nome em francês chique? Claro que pode.

Quer ver todos os jogos simplesmente porque gosta de futebol, torcendo por gringos pagando mico (já está rolando, inclusive), ‘cenas lamentáveis’, cachorro invadindo campo e disputas dramáticas de pênaltis? Estamos nessa.

Pode ser o fanático que sabe de cor a escalação da Bélgica e todas as participações sul-coreanas na Copa, ou aquele torcedor ocasional ‘quatro anos’ que não reconhece um impedimento nem se apanhar com ele.

Quer protestar durante a Copa por tantos desmandos da Fifa e incompetências governamentais, ignorá-la porque não liga (ou por birra) e ficar só de boa nos feriados e fingimentos de expediente? Tá no seu direito.

Só não pode torcer para as coisas darem errado, nem cagar regra sobre como ou para quem os amiguinhos estão curtindo a Copa, porque aí a Jules Rimet da babaquice será toda sua.

Nem tanto a pachequismo, nem tanto ao vira-latismo, abre logo essa cerveja porque é Copa do Mundo, meu amigo. Não tem time bobo e é só jogo dramático (mentira, tem um monte de time paia e vai ter uns jogos bem chatos, mas enfim). Vai ser na Zona Leste, só isso já é incrível. E o mascote é um tatu, e ele é uma bola, é eu mal posso esperar pelas 17h da quinta-feira. Aliás, essa Copa nem começou e eu já estou ansioso pela próxima que tiver no Brasil.

E nós, que ficamos tanto tempo preocupados com o que os gringos iam pensar de nós, os vemos indo à praia tomar caldo e jogar frescobol, comprar paçoca-rolha no shopping, vestir cocar e andar de escuna, adotar cachorro e jogar capoeira, falar do Obina e visitar o Drogbinha. A Copa nem começou e já está tendo muita Copa.

Vai dar certo (errado), como em toda Copa. Vai ter surpresa boa e contratempo ruim, como em toda Copa. E vamos nos divertir, como em nenhuma outra Copa.

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