Depois da lista nacional, vamos com a seleta ‘importada’ de melhores disco de 2017 que ouvi. Alea jacta est!
A Deeper Understanding (The War On Drugs)
Na lista de melhores de 2014, escrevi, sobre Lost In The Dream: “Sabe aqueles discos que parecem inesgotáveis? Este é um. Mesmo as baladinhas mais dylanescas são cheias de nuances, e a cada audição você vai vendo cores que não via antes (não à toa, levou dois anos pra ser feito). Agrada tanto a fãs de Bruce Springsteen quanto de Alcest. Tanto de pop oitentista e folk quando de ambient music dos 1970s ou post-rock. Ora reconfortante, ora melancólico, deve influenciar muita coisa daqui por diante”. Não sei se já tem alguém influenciado pela banda, e este A Deeper Understanding tem menos detalhes que o disco anterior, também sendo bem mais oitentista. Mas a beleza continua lá, intocável.
Ouça: Strangest Thing
A Deeper Understanding (The War On Drugs)
Na lista de melhores de 2014, escrevi, sobre Lost In The Dream: “Sabe aqueles discos que parecem inesgotáveis? Este é um. Mesmo as baladinhas mais dylanescas são cheias de nuances, e a cada audição você vai vendo cores que não via antes (não à toa, levou dois anos pra ser feito). Agrada tanto a fãs de Bruce Springsteen quanto de Alcest. Tanto de pop oitentista e folk quando de ambient music dos 1970s ou post-rock. Ora reconfortante, ora melancólico, deve influenciar muita coisa daqui por diante”. Não sei se já tem alguém influenciado pela banda, e este A Deeper Understanding tem menos detalhes que o disco anterior, também sendo bem mais oitentista. Mas a beleza continua lá, intocável.
Ouça: Strangest Thing
As You Were (Liam Gallagher)
Não, não parece com Oasis. Não parece nem com Beady Eye (que aparentemente só eu curtia). E é mais legal que os discos do Noel (que eu também curto). Que belezinha este primeiro disco solo do Liam. Britpop da melhor qualidade, redondinho, maduro, com muita personalidade. Aliás, falando em Oasis, é melhor que os dois discos pós-Heathen Chemistry (não por acaso o disco do qual Liam mais participa em composições).
Ouça: Paper Crown
Direto de Victoria, no Chile, e com integrantes de bandas conhecidas da cena local, como Siberia, Trakto e Sector 2, vem o rock denso e climático do Rey Puesto, bem mais cheio de nuances que a produção latina de pop-rock dos últimos anos (pelo menos do tanto que pude ouvir), mais concentrada no indie rock 2000s. Tem modernidades no som, sim, claro, mas há também influências mais pesadas com o rock noventista e até um pouco de stoner. Pesado e assertivo, sem ser caricato. Desde Enjambre e Los Bunkers uma banda chilena não me chamava tanto a atenção
Ouça: Sexy Boom
Futility Report (White Ward)
Descobri por acaso este quinteto ucraniano de post-metal, e que belo acaso: black metal gélido, climas contemplativos de post-rock (com leves toques de eletrônica), agumas levadas de pós-punk e hardcore aqui e ali, e muitas viagens malucas de jazz se debatendo em seis longas faixas. Por mais caótico que pareça, o resultado é sempre muito coerente, ainda que inesperado. A música vai aonde você nunca espera, e, mesmo assim, quando ocorre a mudança, você pensa que só poderia ser daquele jeito mesmo. Imperdível.
Ouça: Stillborn Knowledge
1755 (Moonspell)
O DNA da banda está lá: mistura de black metal, metal gótico, doom metal, pop e um glacê mouro. Só que, desta vez, canções inteiramente em português e um clima épico a serviço de um disco conceitual sobre o terremoto que destruiu grande parte de Lisboa em 1755 – e cuja sensação de desalento e de abandono por parte das divindades e autoridades é obviamente refletida nos dias de hoje. De quebra, ainda tem uma cover incrível de Lanterna Dos Afogados, d’Os Paralamas, que supera em muito a original, ressaltando a melancolia e desesperança da letra de Herbert (que por sua vez é inspirada em um trecho de Jubiabá, de Jorge Amado). Discaço de uma banda única.
Ouça: Todos Os Santos [e depois o disco inteiro, do começo ao fim]
Paraíso (Adelaida)
Também do Chile, mas de Valparaíso, este power trio, em seu terceiro disco ‘cheio’, vem com levadas de Smashing Pumpkins, dissonâncias de garage rock e até momentos de peso monolítico digno de sludge metallers como Cult Of Luna. Tudo costurado pelos típicos vocais do rock latino dos últimos tempos, e de muita manha pop, que deixa o disco bem palatável, a despeito do peso insistente. Foi um dos últimos discos que ouvi desta lista, e foi uma baita surpresa. Surpreenda-se também.
Ouça: Cienfuegos
Prédateurs (Les Discrets)
Projeto musical do artista plástico (e multi-instrumentista) francês Fursy Teyssier, Les Discrets, em seu retorno após um breve hiato, conseguiu se desgrudar do “som Alcest” (principal banda da cena post-rock/shoegaze francesa) e se aproximar mais do Amesoeurs (banda na qual Fursy já tocou inclusive): isso significa que, ao clima onírico feito Cocteau Twins e classudo como Portishead, o (também chamado) blackgaze da banda agora agrega timbres de pós-punk oitentista, o que deu um resultado muito bacana ao disco. Pode ouvir sem receio, que Prédateurs é um álbum de beleza invulgar.
Ouça: Virée Nocturne
Songs Of Love And Death (Me And Death Man)
Este duo polonês foi um dos discos que mais ouvi em 2017: Adam ‘Nergal’ Danski, frontman do Behemoth + John Porter, indie rocker inglês, radicado na Polônia, fazendo um folk-country rock ao mesmo tempo elegante e despretensioso, porém, sempre com tonalidades obscuras – como um Nick Cave mais amargo, ou um Johnny Cash que se orgulha da ausência de redenção. Ótimo disco pra pegar a estrada.
Ouça: Cross My Heart And Hope To Die
Ouça: Cross My Heart And Hope To Die
The Assassination Of Julius Caesar (Ulver)
Pode-se esperar de tudo destes noruegueses: já foram black metal melódico, black metal esporrento, acústico, psicodélico, eletrônico minimalista, eletrônico mais dark, indie... e agora um eletrônico mais pop – ainda que os temas sigam herméticos e sombrios. Tem músicas neste The Assassination Of Julius Caesar que poderiam estar tranquilamente num disco do Depeche Mode, ou numa balada gótica oitentista. Aliás, assim como o disco do Les Discrets, é um grande mérito do Ulver apresentar um trabalho com cores 1980s, porém, com timbres atuais (e timbragem é o que mais ficou datado daquela época, convenhamos). Grande disco.
Ouça: Angelus Novus
Pode-se esperar de tudo destes noruegueses: já foram black metal melódico, black metal esporrento, acústico, psicodélico, eletrônico minimalista, eletrônico mais dark, indie... e agora um eletrônico mais pop – ainda que os temas sigam herméticos e sombrios. Tem músicas neste The Assassination Of Julius Caesar que poderiam estar tranquilamente num disco do Depeche Mode, ou numa balada gótica oitentista. Aliás, assim como o disco do Les Discrets, é um grande mérito do Ulver apresentar um trabalho com cores 1980s, porém, com timbres atuais (e timbragem é o que mais ficou datado daquela época, convenhamos). Grande disco.
Ouça: Angelus Novus
Residente (Residente)
René Pérez, ex-Calle 13 (célebre trio de rap-pop porto-riquenho), surge como Residente neste debute epônimo: incessante, o disco atira pra todos os lados (e nem sempre acerta); como o conceito do disco é a de pertencer a todos os lugares (e nenhum), cada faixa é uma viagem – China, Sibéria, África Negra, guetos latinos –, a profusão de referências e reverências chega a atordoar. Mas é indubitavelmente um grande disco, com rap, pop, world music, rock, canto gregoriano, samba, reggaeton, pancadão e mais um monte de coisa inclassificável. Discão pesado e necessário. Pra ouvir bem alto.
Ouça: Somos Anormales
Ouça: Somos Anormales
Não entraram na lista, mas valem a audição: o sempre digno pop rock do U2 (é comovente vê-los tentando encontrar caminhos novos, ainda que não os encontrem desta vez); o poderoso, ainda que demasiado longo, disco do Fito Páez, em que se posiciona contra toda a patifaria antiprogressista da América Latina atual; o post-rock honesto do Woodsplitter; o britpop, mais pop que brit, do Noel Gallagher; o pop acústico agridoce de Jorge Drexler (que já esteve na lista de 2014); e o sempre inpirador folk rock de Iron & Wine (presente na lista de 2015).