segunda-feira, 25 de maio de 2009
And thus, we shall cheat Deah.
Ontem passou no Domingo Legal (OK, não riam) uma matéria sobre corpos incorruptos, múmias e igrejas ossudas, com catacumbas repletas de ossadas que formam desenhos lúgubres. Tem uma matéria que a Globo fez sei lá quando, e colocou ontem no site do Fantástico porque, provavelmente, ficou incomodada com a audiência do concorrente. Por ele, dá para ter uma idéia. À parte da morbidez fascinante das múmias, que mostram nossa impermanência, jogando-a em nossa cara da forma mais rude. Mas o que chamou a atenção é que, nesse espetáculo mortuário que a Igreja fez desse montante de cadáveres, num gigantesco memento mori, é que o sentido original daquelas mumificações foi subvertido. À parte dos corpos de santos, que entram numa questão de fé versus ciência do qual não pretendo falar no momento, pois configuram outro aspecto do necrocristianismo, chama a atenção que todas aquelas ex-pessoas pretendiam se perpetuar por meio da mumificação, e hoje são justamente prova do contrário: a de que seremos inevitavelmente esquecidos. Hoje ninguém mais conhece aquelas pessoas, nenhum contemporâneo existe mais, estão todos igualmente mortos. Ninguém engana a existência, tão pouco o limite dela. Carpe noctem.
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