terça-feira, 19 de julho de 2011
A parte que coube em sorte aos filhos de José
Esperávamos a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo. E ele havia me dito, em sonho ou delírio, que para ver Deus era preciso morrer. Viajar pelo empíreo, pelo cosmo, e deitar aos pés do Senhor, da Causa Primeira. Minhas filhas iam a contragosto ao culto, por isso às vezes eu precisava batê-las com uma vara, assim como manda a Bíblia. Era puro amor. As marcas de sangue pisado e punição eram o amor divino e a humildade perante a quem morreu por nossos pecados. As chagas no lado, os cravos nas mãos e nos pés, tudo era parte do plano. Éramos messias sem traição, só com amor e sofrimento, aquele que liberta, consome, purifica. E a purificação é sempre pela negação, pela entrega, pelas chamas, pela dor, pelo sangue, pela morte. A morte é a redenção, a via dolorosa. E o próprio Deus feito carne havia me dito que éramos todos pecadores e que precisávamos entregá-lo nossas almas; afinal pertenciam a ele. Por isso preguei meus amados filhos, com todo o fervor, com cavilhas de ferrovia, na cerca do jardim, furei com uma pá a costela de cada um e, por fim, para cumprir o plano perfeito do Deus Vivo, enforquei-me na árvore mais próxima, feito Judas. Estava consumado. O Paraíso nos esperava com os anjos e suas hosanas.
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Um comentário:
um dia vou entender de onde saem essas ideias. :)
amay!
beixos
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