segunda-feira, 9 de julho de 2012

Não matou os outros deuses o triste deus cristão. Cristo é um deus a mais, talvez um que faltava.



Todo mundo tá escrevendo texto sobre a Libertadores. Corinthianos e não-corinthianos. Quem já escreve sobre futebol e quem nem blog/site tem. Até o Reinaldo Azevedo.

Então não vou me alongar: a Libertadores é charmosa, sim, em toda a sua precariedade. Para vencê-la é preciso ir contra “tudo e todos” (com o perdão da expressão tão desgastada). Árbitros caseiros, estádios varzeanos, torcidas selvagens, segurança pífia – e, no Brasil, a luta contra o calendário maluco brasileiro.

[Tudo bem que o jogo que mais reuniu roubalheira + violência + atitudes varzeanas foi contra o Santos, o tal do “futebol-arte”, mas beleza.]

Sim, é legal “conquistar a América”, jogando contra equipes do Mercosul – até pra dar um descanso dos intermináveis Paulistão com 20 clubes e Brasileirão de 38 rodadas –, e disputar o Mundial contra outros campeões continentais lá no Leste do mundo. Até porque era um título inédito para nós até quarta-feira passada.

Quis vencê-la desde 1991, e eu estava lá no Panetone, com mais 75.000 corinthianos, sob um tempestade, naquele 1 a 1 conta o Boca Juniors, quarta-feira aziaga em que novamente jogamos bem e novamente fomos entregues por Guinei.

Só que, sem a tosqueira toda, a Libertadores, na prática, não passa de uma Copa do Brasil que toca flautinha. Há brasileiros demais (o que aumenta o nível da competição, mas tira muito de sua graça) e você pensa em Boca, Penãrol e Olímpia para enfrentar, mas passa 90% do tempo jogando contra XV de Cochabamba, Lhamense e o Puerto Iguazú Boys, times que seriam surrados no Paulistão A3.

[Sim, o fato de ser um campeonato tão tosco e mesmo assim a gente não conseguir vencê-lo me deixava frustrado, antes que perguntem.]

Pelo menos a vencemos de forma brilhante, invicta (único invicto com 14 jogos), com a melhor defesa da história da competição e eliminando três times de primeira linha (feito inédito para brasileiros). Coisa pra não deixar margem de dúvida. E não duvido de que teremos pelo menos mais uma conquista até o final da década, sem esse “peso” de nunca haver conquistado, e com o crescendo de bons times e grande estrutura que estamos vivendo.

Só que, com o valor baixo do prêmio e a grana insuficiente que a Conmebol nos deu para as viagens, ficaremos provavelmente no prejuízo. E isso de “ser conhecido no exterior” é uma grande bobagem. Japão continuará consumindo tudo do Brasil, argentinos sabem da gente o tanto quanto sabemos deles, e os europeus continuarão a nos ignorar solenemente.

O Corinthians continuará imenso, gigantesco, como era antes de conquistar a América. Só não sei se a Libertadores continuará superestimada, como é desde 1992, ou se voltará ao status “exótico” que o torneio tinha até então, o qual, convenhamos, merece, enquanto for tão mal ajambrado.

Dizer que é a conquista mais importante é um baita anacronismo. Como afirmar que é mais importante que os paulistas de 1954 ou de 1977? Que o Brasileiro de 1990, a Copa do Brasil de 1995 ou o Mundial de 2000? Cada geração tem sua preferência, seu “tabu”, e a importância dos campeonatos é relativizada com o tempo.

Por isso reafirmo: a Libertadores é um campeonato muito legal e importante, mas que não deve servir de régua pra medir a grandeza de um time. Se os torcedores de outros times estão reclamando do excesso de comemoração, precisam se lembrar de que foram eles mesmos que superdimensionaram a conquista, martelando anos a fio que “eles tinham e nós não”.

Tal como a história do estádio, em que times com campinhos pouco maiores que nosso Alfredo Schürig se gabam por coisa alguma. Agora que aguentem. O time do povo trabalhou, sofreu, mas subiu na vida. Comprou casa nova e agora tá até viajando pro exterior.

E essa não era uma taça maior que as outras, mas uma que faltava.

#VaiCorinthians

2 comentários:

Hélio Pariz disse...

Caramba.. pensei que você nunca ia liberar essa sua franga Avalone (exclamação)
agora que liberou geral.... parabéns (exclamação)
beijo (chuac - exclamação)

ISA disse...

Só pude ler agora e... Sensacional! Beijo!