Todo mundo tá escrevendo texto sobre a
Libertadores. Corinthianos e não-corinthianos. Quem já escreve sobre futebol e
quem nem blog/site tem. Até o Reinaldo Azevedo.
Então não vou me alongar: a Libertadores é
charmosa, sim, em toda a sua precariedade. Para vencê-la é preciso ir contra “tudo
e todos” (com o perdão da expressão tão desgastada). Árbitros caseiros,
estádios varzeanos, torcidas selvagens, segurança pífia – e, no Brasil, a luta
contra o calendário maluco brasileiro.
[Tudo bem que o jogo que mais reuniu roubalheira +
violência + atitudes varzeanas foi contra o Santos, o tal do “futebol-arte”,
mas beleza.]
Sim, é legal “conquistar a América”, jogando contra
equipes do Mercosul – até pra dar um descanso dos intermináveis Paulistão com
20 clubes e Brasileirão de 38 rodadas –, e disputar o Mundial contra outros
campeões continentais lá no Leste do mundo. Até porque era um título inédito
para nós até quarta-feira passada.
Quis vencê-la desde 1991, e eu estava lá no Panetone, com mais 75.000 corinthianos, sob um tempestade, naquele 1 a 1 conta o Boca Juniors, quarta-feira aziaga em que novamente jogamos bem e novamente fomos entregues por Guinei.
Só que, sem a tosqueira toda, a Libertadores, na
prática, não passa de uma Copa do Brasil que toca flautinha. Há brasileiros
demais (o que aumenta o nível da competição, mas tira muito de sua graça) e
você pensa em Boca, Penãrol e Olímpia para enfrentar, mas passa 90% do tempo
jogando contra XV de Cochabamba, Lhamense e o Puerto Iguazú Boys, times que
seriam surrados no Paulistão A3.
[Sim, o fato de ser um campeonato tão tosco e mesmo
assim a gente não conseguir vencê-lo me deixava frustrado, antes que perguntem.]
Pelo menos a vencemos de forma brilhante, invicta
(único invicto com 14 jogos), com a melhor defesa da história da competição e
eliminando três times de primeira linha (feito inédito para brasileiros). Coisa
pra não deixar margem de dúvida. E não duvido de que teremos pelo menos mais uma
conquista até o final da década, sem esse “peso” de nunca haver conquistado, e
com o crescendo de bons times e grande estrutura que estamos vivendo.
Só que, com o valor baixo do prêmio e a grana
insuficiente que a Conmebol nos deu para as viagens, ficaremos provavelmente no
prejuízo. E isso de “ser conhecido no exterior” é uma grande bobagem. Japão
continuará consumindo tudo do Brasil, argentinos sabem da gente o tanto quanto
sabemos deles, e os europeus continuarão a nos ignorar solenemente.
O Corinthians continuará imenso, gigantesco, como
era antes de conquistar a América. Só não sei se a Libertadores continuará
superestimada, como é desde 1992, ou se voltará ao status “exótico” que o torneio
tinha até então, o qual, convenhamos, merece, enquanto for tão mal ajambrado.
Dizer que é a conquista mais importante é um baita
anacronismo. Como afirmar que é mais importante que os paulistas de 1954 ou de
1977? Que o Brasileiro de 1990, a Copa do Brasil de 1995 ou o Mundial de 2000?
Cada geração tem sua preferência, seu “tabu”, e a importância dos campeonatos é
relativizada com o tempo.
Por isso reafirmo: a Libertadores é um campeonato
muito legal e importante, mas que não deve servir de régua pra medir a
grandeza de um time. Se os torcedores de outros times estão reclamando
do excesso de comemoração, precisam se lembrar de que foram eles mesmos que
superdimensionaram a conquista, martelando anos a fio que “eles tinham e nós
não”.
Tal como a história do estádio, em que times com campinhos pouco maiores
que nosso Alfredo Schürig se gabam por coisa alguma. Agora que aguentem. O time
do povo trabalhou, sofreu, mas subiu na vida. Comprou casa nova e agora tá até viajando pro exterior.
E essa não era uma taça maior que as outras, mas
uma que faltava.
#VaiCorinthians
2 comentários:
Caramba.. pensei que você nunca ia liberar essa sua franga Avalone (exclamação)
agora que liberou geral.... parabéns (exclamação)
beijo (chuac - exclamação)
Só pude ler agora e... Sensacional! Beijo!
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