quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A lifetime of questions

Morreu. Caralho, morreu mesmo. E agora? Morreu. Não pode falar de política hoje. Ou pode? Não pode. Pode. Não pode. Ih, já falaram. Acabei falando também. Tão reclamando de quem tá falando. E de quem não tá. Reclamei de quem tava reclamando. Vai, finge que tá consternado. Não, eu tô mesmo. Ó lá, agora tão falando que ela vai assumir. Ela quem, a esposa? Não, a vice? Não são a mesma pessoa? Não. Já tem gente falando da campanha na tevê. Que horror, não têm respeito? O próprio partido tá pesquisando já. Ih, já tem um monte de texto falando que ele não era meu candidato, mas que lamento muito, etc. e tal. Um montão? Todos mais ou menos iguais. Ah, deixa eles. Liga a tevê que já é o velório. Liguei, liguei. Olha quanta gente. Tão chorando. Tão tirando foto. Tem imprensa, tem político. Que horror, olha a candidata empoleirada no caixão. Nem respeita a viúva. Não é ela ali do lado? Eita, ela mesma. Família toda usando camisetas. Tão distribuindo bandeiras ali no canto, olha. Pode dar risada em velório? Não, né. Não? Ah, só um pouco. Não pode parecer muito feliz. O morto acha ruim? Acho que ele não acha nada, né. Mas a pessoa fica falada. Viu um monte de gente reclamando, tem um monte de texto. Tudo igual. Tudo igual. Na verdade metade falando que pode rir, metade falando que não pode. Faz um reclamando de quem tá reclamando de quem tá reclamando então. Ah, agora já enterraram. Sete palmos de opinião em cima do cara.

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