Depois das listas internacional e nacional, vamos agora com a lista latina [que, como expliquei no primeiro post, resolvi fazer separado neste ano].
LATINOS
Amanda [El Cómodo Silencio De Los Que Hablan Poco]
Uma banda com esse nome já chama a atenção; com uma capa bonita dessas, mais ainda. Fui ouvir e, desta vez, a boa cena chilena traz um pop ora como os argentinos do Julio Y Agosto [meio folk, meio indie], ora mais melancólico, como o mexicano Siddharta, com várias letras de solidão e despedida como Reyno [também do México] – mas sem o ar sombrio que a capa sugere. E, de repente, podem vir guitarras pesadas e um refrão viajante pra quebrar expectativas. É um disco pra ser ouvido e absorvido sem pressa: a recompensa é garantida.
Ouça: Zapatillas
Ouça: Zapatillas
Aztlán [Zoé]
Conheci a banda há uns três ou quatro anos com seu MTV Unplugged/Música de Fondo
[de 2011], que inclusive tem participação de Denise Gutierrez, do
Hello Seahorse!, que daqui a pouco aparece nesta lista, e só depois fui
conhecer as versões originais, mais 'modernas', com bastante eletrônica,
porém, já com as harmonias e melodias que me encantaram na versão
'violas'. Este Aztlán chega após longo hiato [o último de inéditas foi Programáton, de
2013] em que cada um foi cuidar da vida e de projetos solo [como o
vocalista León Larregui, que lançou dois bons trabalhos nesse ínterim]. E
o Zoé em 2018 vem sem grandes surpresas - talvez os teclados, que
estão mais oitentistas, o que deveria ser ruim, mas funciona - só
qualidade nas alturas, mesmo. Discão.
Ouça: Luci
Caiga La Noche [Los Mesoneros]
Descobri esta banda por acaso, há pouco tempo, e olha que a cena venezuelana atual é bem legal, talvez a mais bacana que descubro desde a mexicana, mesmo com todos os problemas que o país enfrenta – o que faz com que muitos artistas se mudem para países como o Chile e o México [é o caso aqui], ainda que haja muita coisa legal em Caracas e nos arredores mesmo. Pop-rock dançante-melancólico bem na linha mexicana, porém, com momentos mais climáticos um pouquinho de anos 1980s e uma balada matadora [que escolhi pra vocês ouvirem].
Ouça: Riesgo
Humo [Yorka]
Tem
disco [livro, filme, etc.] que simplesmente surge na hora certa, que
combina com algum estado de espírito que você quer alcançar, afastar ou
nele mergulhar de vez. E este duo feminino chileno [Yorka Pastenes e sua
irmã Daniela] veio com um pop acústico, bucólico, sem pressa, tudo de
que eu precisava num dia ruim. As dezesseis (!) faixas passaram e
continuam passando feito brisa fresca no verão concreto de São Paulo. E,
de quebra, ainda descobri isto: “Yorka tiene como uno de sus
objetivos la implementación de actividades inclusivas para la comunidad
sorda, por lo que el recital cuenta con interpretación en lengua de
señas”.
Ouça: Humo
Ouça: Humo
Son [Hello Seahorse!]
Um mero single competindo com discos cheios e EPs? Sim, porque é a melhor coisa que ouvi este ano, e me pegou desprevenido, de tão boa que é esta música. Já gostava da banda [conheci a vocalista, Denise Gutierrez, participando do acústico do também mexicano Zoé, com sua belíssima voz], mas o pop da banda, ora doce, ora semidançante, porém, sempre radiofônico, adquiriu aqui climas densos que lembraram meu amado The Gathering – e sem tirar a identidade da banda, apenas acrescentando mais camadas e caminhos a serem seguidos. Surpreendente e muito promissor.
Ouça: Son [óbvio!]
Menções honrosas pro meu já citado e amado Reyno [com o bom Fuerza Ancestral, porém, aquém do patamar alto que a própria banda estabeleceu nos discos anteriores], e pro indie meio power-pop argentino Las Ligas Menores, com Fuego Artificial.
Da Venezuela também vêm os pop-rocks honestões de Rech [Mentiras Cotidianas], La Fleur [debutando com Interestelar] e Vel France [Memorias Al Mar] e a jazzêra heterodoxa do Yilmer Vivas [Colors In My Mind]; pra não dizer que só tem o pop do Aterciopelados [que, aliás, veio com disco novo na qualidade de sempre] na Colômbia [que, de fato, não é um país com tradição de rock], tem o indie viajante do Nicolás Y Los Fumadores; a aparentemente inesgotável cena mexicana merece também a menção do post-dream-psicodélico? garage? pop? do Mint Fields, com Pasar De Las Luces; a Argentina também tem disco novo do indiezinho veterano El Mató A Um Policía Motorizado e o pós-punk divertidinho do El Sur; e, por fim, recomendo o ótimo rap cubano do veterano El Tipo Este [aqui em colaboração com o produtor e multi-instrumentista Al Quetz].
Espero que tenham curtido as dicas dos posts, e que tenhamos todos muito som bacana em 2019 :)