quarta-feira, 20 de novembro de 2019

E, ao seu olhar, tudo que é cor muda de tom.

Faz tempo que não escrevo aqui; nos últimos anos, este blog, o mais antigo que tenho em atividade ininterrupta, virou mero repositório das listas de melhores discos nos finais de ano. Em muito, é porque acabou a sutileza no país, nas relações: não tem mais cor, nem preto e branco, é só um acinzentado rude que contaminou toda a nação [e noção]. Doente eu, doentes parentes, doentes amigos, doente nação. Mas, a gente vai levando. E, de leva em leva, às vezes trazido pra trás, às vezes sendo levado sei lá aonde, cá estou, com quarenta anos. Se me sinto melhor ou pior que antes? Não é questão válida, assim como não tenho saudade de nada que vivi: a cada época, um Fábio, e procurei – muitas vezes falhando – ser e fazer o melhor possível. Tem coisa, gente, amores, que ficam, outras que passam, e tudo tem o seu lugar, a sua importância, pro bem e pro mal. Só sei que estou aqui, errando muito, acertando às vezes, fazendo amigos & inimigos, ouvindo música feia, propagando o comuno-satanismo, contando piada ruim e passando raiva com meu time. Cara velha, barba branca e lábios rotos. Mais vivido do que tendo o que viver, muito prazer, aquele abraço e até mais [não] ver.

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