quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Dança do quadrado

“O rock é uma coisa mais quadrada, assim, de verso-refrão-verso.”


Essa foi a justificativa de Lucas, o vocalista do Fresno, sobre o porquê de a experiência de tocar com Chitãozinho & Xororó ritmos como country, marcha-rancho e moda-de-viola era enriquecedora, durante o Estúdio Coca-Cola.

Bom, evidentemente que C & X são grandes músicos, têm uma carreira respeitabilíssima e eu me sentiria muito honrado em participar de algo com eles. O problema é o rapaz me sair com uma pérola dessas, praticamente dizendo que o rock é um estilo limitado.

[Nem vou comentar o quanto foi irrelevante a contribuição dos fresnos para as canções de C & X com suas guitarras fracas e melodias óbvias tocadas por músicos medíocres.]

Após a perplexidade, a fúria, a tristeza e o ataque de gastrite nervosa, comecei a pensar em discos convencionais e quadrados de rock como Highway 61 Revisited, Revolver, Quadrophrenia (opa), Are You Experienced?, Gita, Acabou Chorare, Selvagem?, Transformer, etc. e acabei concluindo, resignado, que o rock DELE, o som que ELE faz é quadrado porque ele faz parte de uma banda e de uma geração bunda-mole que não aprende nada com o passado e só quer saber de faturar com o que está na onda momentânea. Um cara que diz isso nunca ouviu os discos supracitados na vida. Banda clássica pra ele deve ser o Fall Out Boy. E ele deve andar preocupado demais pintando as unhas e fazendo franjinha pra se preocupar com referências musicais audaciosas e instigantes.

[Post escrito ao som de Seu Francisco. Agora com licença, vou colocar o Transa pra rolar aqui. Discos que descem redondo como cervejas. E que caia um paralelepípedo, bem quadrado, cúbico, pesado e duro, na cabeça dos fresnos.]

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu não acho o rock quadrado. Eu acho o rock uma música primária, e não vejo isso como crítica. Uma música para os instintos e os hormônios.

O Fresno sofre daquela síndrome de roqueiro de achar a música rock como superior a todas as outras, e por isso tem que ficar se justificando por gravar com sertanejos. Isso é um elitismo ridículo, até porque a maioria do rock que faz sucesso no Brasil é uma merda mesmo.

Maria Bethania gravou Zezé di Camargo e Luciano. Nunca gravaria Fresno ou qualquer dessas bandinhas emo atuais.

Hiran Eduardo Murbach disse...

O Felippe gosta de Fresno!