Como naquele infame verso do último disco do Frejat, “dar um photoshop na realidade” é o que a imprensa resolveu fazer. É o New New Journalism: sob a desculpa de que “sabia que ia desafiar as convenções do jornalismo“, o repórter ignorou, isso sim, a ética, a vergonha na cara e o bom senso, no afã de querer “dar furo” numa época em que a internet engole os impressos na questão da velocidade. Que tal os assinantes ganharem um aplicativo NoticeYourself!, com temas-chave, daqueles “de gaveta” e umas fotos para serem editadas no PaintBrush?
Eu queria morar numa favela: Serra e Kassab, sempre antenados com as incríveis políticas sociais do PSDB/DEMo, não satisfeitos com as rampas antimendigo, o extermínio de moradores de rua por policiais (lembram?), o sucateamento dos albergues, agora os moradores de rua são expulsos da cracolândia original, sob a pretensa revitalização da região, apenas para instalarem suas carcaças umas quadras acima, com os mesmos problemas. Com a direita brasileira, e a bela classe média que a elege, é assim: se não estou vendo, não é mais problema meu. E o Haiti não é só aqui: todo reduto de viaduto tem um muito de campo de concentração. Ser notícia velha embrulhada no jornal.
No Brasil, 11,5% das crianças são analfabetas. E o pessoal preocupado em legalizar a maconha.
Júlio de Mesquita Filho, o mesmo do infame editorial “Basta!”, anti-Jango e pró-ditadura, é celebrado como modelo de caráter.
Vendo televisão, descobri que a dignidade vale uns R$ 200 para fingir que namora alguém, que você dá dinheiro ao pastor, e, num passe de mágica, fica com mais dinheiro, e que a felicidade é uma mão de tinta numa parede descascada. Ah, e que todas as operadoras de telefonia funcionam direito, os diretores de arte das agências são extremamente criativos nos conceitos, que, com dinheiro, uma cópia barata vira uma cópia cara.
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