sábado, 7 de novembro de 2015

O horizonte paradigmático que modifica o buraco negro da luz ofuscante da melancolia

Tento escrever. Começo a escrevinhar, no Word™ mesmo, não no papel. Papel, no máximo, quando estou em trânsito e tenho alguma ideia. Em casa ou na #firma, se há algum motivo para registrar qualquer coisa, é direto no processador de texto. Mas, continuando – sou excessivamente digressivo, às vezes, e os travessões e colchetes [fazendo as vezes de parêntesis, por serem mais elegantes], que já prevejo permearem este texto, não me deixarão mentir –, enquanto ouço The Beatles, depois de uma semana alternando entre Judas Iscariot e Rotting Christ: começo a rascunhar alguma coisa em prosa [o blog em versos anda bem encaminhado], penso em temas, absolutos e relativos, concretos e abstratos; faço anotações, pequenas listas, marco tópicos, deixo prontas algumas frases de efeitos, sobre eternidades da semana [nome de uma seção recorrente neste blog, em tempos idos], ou sobre grandes questões existenciais. Penso se não é algo que já tenha passado do tempo, que hoje é cada dia mais fugidio, mas, até aí, o que é a permanência nestes dias?, e também este espaço nunca foi de se pautar mais pelo tempo lá de fora do que pelo daqui de dentro; vejo Twitter, Facebook, onde tudo & nada parece estar sendo discutido e remoído ao mesmo tempo, em uma grande singularidade de vazios intercalados onde flutuam palavras, muitas vezes desconexas, e me agarro às minhas revistas, no afã de encontrar algo mais sério (?), soubesse o que estou procurando. Ei, na verdade, sei: qualquer coisa que me sirva de salvação desta deriva. Volto ao papel de mentirinha, este, digital, e os espaços em brancos parecem engolir avidamente qualquer palavra que lhe jogo. Nunca preencherei este espaço, ele parece aumentar, feito um deserto. Grandes são os desertos, e tudo é deserto. Como colocasse os pés na água gelada, e se assustasse com o frio, jogo timidamente algumas discussões: psicotrópicos, cobradores de ônibus, táxis por aplicativo, campeonato por pontos-corridos. Arrisco algumas conexões, sou bom nisso, acho; olho em volta e pra dentro de mim, e desisto, apago tudo. Preservação? Preguiça, também. Tem muito textão por aí. Mas, e daí? Não tem nenhum meu já faz um tempo. Recomeço. Apago tudo de novo. Isso tudo se resume a alguns tuítes!, ora porra. Penso no tanto de palavrão que falo e não escrevo. Já pode beber cerveja? Tem Corinthians hoje. E dois aniversários. Sempre haverá Corinthians e gente fazendo aniversário. Aliás, logo é o meu. Ao mesmo tempo me anima e me angustia. Ansiedade, né. Chegar depressa a lugar nenhum. Escreva, vamos escrever!, e penso na Maratona Herzog, o terceiro blog, que precisa de atualização. Acho que a vida é isto, um monte de blog esperando atualização e você não sabe o que fazer, como se dividir, como se destacar, como destacar algo pra você. Um grande problema de conteúdo, da falta dele. Da falta que às vezes me faço. Do excesso de mim que às vezes tenho. Daqui a pouco preciso sair e nem terminei, aliás, nem comecei direito nada. Apago tudo de novo. Fecho o arquivo. Um, dois, três, quatro segundos, abro de novo. Ainda está lá, à minha espera, olhando pra mim. E vai continuar lá. O vazio, que imensidão!, quase não dá pra ver onde estão as palavras que deixei, elas mesmas não devem ver umas às outras, tamanha a distância, nesse branco brilhante que me dói os olhos. Procuro desculpas, mas a tendinite até deu uma melhorada, né. Se eu me forço a escrever para o trabalho, e até o faço com versos [com relativa facilidade], por que não com uma prosa qualquer. Albert Camus, aniversariante de hoje, me olha com reprovação. Cecília, outra que festeja, do jeito dela, encabulado, esta vem satisfeita com os versos que busco renovar depois de uma fase de rigidez cadavérica poética, de grandes desertos. O assunto, o assunto. Já, já, os Beatles se reúnem (?) e eu nem tenho um texto para lhes mostrar. Mas eu nem estou falando de música. Não estou falando de nada, de verdade. Bom, tenho meus afazeres. Deito tudo para o chão, palavras pra debaixo do tapete. Escrevi sobre não escrever, grandes coisas. Quem ainda se impressiona com isso? Não é uma ideia nova, acho que eu mesmo já fiz isto algumas vezes, mas o que é novidade em treze bilhões de anos de Universo? Nem a matéria. Nem a metafísica. Desculpo-me. Não fui correr hoje, dor no joelho esquerdo. Peraí, falta um título profundíssimo, à moda do Ἀποκαθήλωσις [ou de um uma pintura do Miró], citação não creditada, tal. Pronto. 'Tava esperando havia um tempo para usar isso. Tem gente melhor e pior que eu falando sobre todas as coisas. Até sobre mim, se bobear. Mas duvido que alguém fale tão bem sobre o Nada. Hmpf.

Um comentário:

Hélio Pariz disse...

meu tchubas! amo!