Hoje, terça-feira, primeiro de dezembro de dois mil e quinze, é um dia especial. Para o bem e para o mal. Hoje, o autoritário governador Geraldo Alckmin e seu birrento secretário de Educação, Herman Voorwald, publicam o decreto de “restruturação” do ensino estadual, que inclui fechar mais de noventa escolas (alguém aí pensou em superlotação das demais?) e mandar alunos para instituições a quilômetros de distância, ignorando questões financeiras-logísticas e laços afetivos/de pertencimento ao local e aos colegas.
O tal plano tucano é bom? Nem dá para saber, uma vez que ninguém foi consultado a respeito. Nem alunos, nem seus pais, nem professores, nem os demais funcionários, nem o resto da sociedade. Já ouvi dizer que já ouve essa experiência de divisão por “ciclos” e que não houve diferença na qualidade do ensino, mas não é esse o ponto.
Independentemente de a medida visar a melhorias ou não, é o reflexo da intransigência e do autoritarismo com que o PSDB, e especialmente o #Geraldo, veem a política. Qualquer discordância é resolvida com PM. Bate em professor, em aluno, em dependente químico. Se a imprensa desiste de passar pano – afinal, não dá mais para fingir que mais de duzentas escolas ocupadas seja assunto secundário –, o Governo Estadual entra em parafuso.
Na verdade, a sequência é sempre: ignorar, negar, mentir, falar que é “picuinha”, e, se o problema ainda estiver lá, manda a PM bater. Problema?, não estou sabendo. Não tem nenhum problema. Já estamos resolvendo o problema. Isso é coisa política, tem um lado político. “PM ~entra em confronto~ com manifestantes”. Seja falta d’água, cartel de metrô, greve de professores, assassinos fardados... e agora, estudantes secundaristas.
O ditadorzinho de Pindamonhangaba, com a confiança de quem governa o estado há uns trezentos anos, e recém-eleito em primeiro turno, com a grande imprensa no bolso, achou que o problema com escolas seria só mais uma bobagem que ele tiraria de letra, com a pobreza vocabular habitual.
Mas deu ruim: Diadema, depois Pinheiros, e de repente temos duas centenas de escolas ocupadas. Não adiantou o expediente de sempre, falar que é tudo “picuinha/manobra política” (como se existisse protesto sem política, e como se política fosse ruim), sempre atribuindo a si um lugar privilegiado entre o eleitorado de politização manca.
Bateu o desespero: tem PM tentando invadir escola, batendo e jogando spray de pimenta em adolescente; #Geraldo apostava que esse bando de moleque indolente não aguentaria mais de um final de semana; depois, apostou que não passarão do fim do ano.
Enquanto isso, o discursinho oficial era de “diálogo” – desde que, é claro, os alunos voltem à rotina primeiro. Valeu até cortar bônus das escolas que boicotaram o Saresp, na tentativa de jogar os funcionários das escolas contra aos alunos.
Só que, desde ontem, o movimento avançou, literalmente: passaram a ocupar ruas e avenidas, fazendo delas espaço para aulas-protesto. Hoje, dia do nefasto decreto, #Geraldo perdeu de vez a vergonha e está mandando a polícia invadir geral as escolas, prendendo jornalista, batendo em manifestante. Esse é o tipo de “diálogo” que o PSDB aprecia em São Paulo: eu te ouço desde que você concorde comigo.
Por isso, hoje, mais do que nunca, é um dia de luta. Dê um pouco de tempo, divulgação, dinheiro ou torcida para essa molecada toda. Eu fui tanto ao badalado Fernão Dias, de Pinheiros, quanto ao combalido Pio Telles, perto de casa, beirada da Zona Oeste, e onde estudei por oito anos [e onde, com o auxílio luxuoso de bons amigos e grandes pessoas, levei muitos mantimentos, além de apoio].
E a vibe é a mesma: eles estão muito certos do que pretendem, organizados, aprendendo, sozinhos e com quem vai lá fazer atividades com eles, muito mais do que o fariam nas escolas caindo aos pedaços do #Geraldo, com grade curricular anacrônica e professores em sucata.
#OcupaEscola. Ocupa mais, ocupa a porra toda, tá pouco de ocupação. Muito orgulho desses jovenzinhos. E falo como alguém que só foi realmente se interessar por política depois dos vinte anos. Por isso minha admiração por eles é ainda maior.
Vai às escolas da quebrada e vê se é coisa de “sindicato e movimento social aparelhado” (e se fosse, haveria problema?, ou só pode quando é tucano apoiando passeata pelo impeachment?). Você vai ver um monte de moleque fodido querendo manter os laços com a escola caidaça, ao mesmo tempo em que denunciam toda a precariedade do sistema, física e conceitualmente.
E você, #Geraldo, vai aprender do pior jeito que não é com PM que se convence os outros de que você tem razão. Não é secretário e assessor falando em “guerra” contra secundaristas que, aliás, estão cuidando, melhor do que você, das escolas onde estão. E, pelo que tenho visto, razão é o que você menos tem. É só autoritarismo e imprensa camarada para lustrar sua careca de pau.
É um lance meio Al Capone, né, governador: falta d’água, matança policial, cartel do metrô... quem diria que sua grande pedra no sapato seria um imprevisível bando de adolescentes periféricos, a maioria de bairros que você provavelmente nem sabia que existiam. Agora todo desgaste é pouco, esse jogo você já perdeu, não importa o resultado. Quando menos se espera, o que seria já era.
O tal plano tucano é bom? Nem dá para saber, uma vez que ninguém foi consultado a respeito. Nem alunos, nem seus pais, nem professores, nem os demais funcionários, nem o resto da sociedade. Já ouvi dizer que já ouve essa experiência de divisão por “ciclos” e que não houve diferença na qualidade do ensino, mas não é esse o ponto.
Independentemente de a medida visar a melhorias ou não, é o reflexo da intransigência e do autoritarismo com que o PSDB, e especialmente o #Geraldo, veem a política. Qualquer discordância é resolvida com PM. Bate em professor, em aluno, em dependente químico. Se a imprensa desiste de passar pano – afinal, não dá mais para fingir que mais de duzentas escolas ocupadas seja assunto secundário –, o Governo Estadual entra em parafuso.
Na verdade, a sequência é sempre: ignorar, negar, mentir, falar que é “picuinha”, e, se o problema ainda estiver lá, manda a PM bater. Problema?, não estou sabendo. Não tem nenhum problema. Já estamos resolvendo o problema. Isso é coisa política, tem um lado político. “PM ~entra em confronto~ com manifestantes”. Seja falta d’água, cartel de metrô, greve de professores, assassinos fardados... e agora, estudantes secundaristas.
O ditadorzinho de Pindamonhangaba, com a confiança de quem governa o estado há uns trezentos anos, e recém-eleito em primeiro turno, com a grande imprensa no bolso, achou que o problema com escolas seria só mais uma bobagem que ele tiraria de letra, com a pobreza vocabular habitual.
Mas deu ruim: Diadema, depois Pinheiros, e de repente temos duas centenas de escolas ocupadas. Não adiantou o expediente de sempre, falar que é tudo “picuinha/manobra política” (como se existisse protesto sem política, e como se política fosse ruim), sempre atribuindo a si um lugar privilegiado entre o eleitorado de politização manca.
Bateu o desespero: tem PM tentando invadir escola, batendo e jogando spray de pimenta em adolescente; #Geraldo apostava que esse bando de moleque indolente não aguentaria mais de um final de semana; depois, apostou que não passarão do fim do ano.
Enquanto isso, o discursinho oficial era de “diálogo” – desde que, é claro, os alunos voltem à rotina primeiro. Valeu até cortar bônus das escolas que boicotaram o Saresp, na tentativa de jogar os funcionários das escolas contra aos alunos.
Só que, desde ontem, o movimento avançou, literalmente: passaram a ocupar ruas e avenidas, fazendo delas espaço para aulas-protesto. Hoje, dia do nefasto decreto, #Geraldo perdeu de vez a vergonha e está mandando a polícia invadir geral as escolas, prendendo jornalista, batendo em manifestante. Esse é o tipo de “diálogo” que o PSDB aprecia em São Paulo: eu te ouço desde que você concorde comigo.
Por isso, hoje, mais do que nunca, é um dia de luta. Dê um pouco de tempo, divulgação, dinheiro ou torcida para essa molecada toda. Eu fui tanto ao badalado Fernão Dias, de Pinheiros, quanto ao combalido Pio Telles, perto de casa, beirada da Zona Oeste, e onde estudei por oito anos [e onde, com o auxílio luxuoso de bons amigos e grandes pessoas, levei muitos mantimentos, além de apoio].
E a vibe é a mesma: eles estão muito certos do que pretendem, organizados, aprendendo, sozinhos e com quem vai lá fazer atividades com eles, muito mais do que o fariam nas escolas caindo aos pedaços do #Geraldo, com grade curricular anacrônica e professores em sucata.
#OcupaEscola. Ocupa mais, ocupa a porra toda, tá pouco de ocupação. Muito orgulho desses jovenzinhos. E falo como alguém que só foi realmente se interessar por política depois dos vinte anos. Por isso minha admiração por eles é ainda maior.
Vai às escolas da quebrada e vê se é coisa de “sindicato e movimento social aparelhado” (e se fosse, haveria problema?, ou só pode quando é tucano apoiando passeata pelo impeachment?). Você vai ver um monte de moleque fodido querendo manter os laços com a escola caidaça, ao mesmo tempo em que denunciam toda a precariedade do sistema, física e conceitualmente.
E você, #Geraldo, vai aprender do pior jeito que não é com PM que se convence os outros de que você tem razão. Não é secretário e assessor falando em “guerra” contra secundaristas que, aliás, estão cuidando, melhor do que você, das escolas onde estão. E, pelo que tenho visto, razão é o que você menos tem. É só autoritarismo e imprensa camarada para lustrar sua careca de pau.
É um lance meio Al Capone, né, governador: falta d’água, matança policial, cartel do metrô... quem diria que sua grande pedra no sapato seria um imprevisível bando de adolescentes periféricos, a maioria de bairros que você provavelmente nem sabia que existiam. Agora todo desgaste é pouco, esse jogo você já perdeu, não importa o resultado. Quando menos se espera, o que seria já era.
3 comentários:
É isso aí, Vanzito :)
Maravilhoso texto! Parabéns. to compartilhando em tudo que é lugar!
Foda!Me identifiquei principalmente coma parte que me cabe aplaudir de pé os nossos estudantes que se interessam por politica aos 12,13 anos.E eu q so fui buscar isso tão tarde,
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