quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Meu Brasil brasileiro

TURISTAS: eu sabia que seria ruim, como meu irmão havia me advertido, porém tinha certeza de que me divertiria. E foi o que aconteceu – o filme é tão tosco e surreal que é invariavelmente engraçado. Esqueça toda aquela melindragem da mídia brasileira, da Embratur e de outros babacas: é um filme ruim de terror porque é um filme ruim de terror, independentemente de denegrir ou não nosso Brasil varonil.

É ruim porque segue o que há de pior no subgênero de terror slasher: na primeira hora do filme não acontece nada, apenas somos apresentados aos personagens, babacas e tão estereotipados que você mal consegue distingui-los e nem sente falta quando um dele é morto – às vezes você até torce para que determinado babaca seja estripado logo e pare de estorvar; o roteiro tem mais buracos que um chocolate aerado, com erros de continuidade (não dá pra saber nem em que lugar do Brasil exatamente eles estão), de lógica (brasileiro que começa falando inglês de Tarzan e termina o filme quase um nativo ianque, vilão caricato com falas clichê que mata um comparsa sem quê nem por quê) e sequer consegue chocar [ainda que bem feitinho, com uma produção correta, as cenas de suspense e horror são pífias e tudo ainda culmina numa perseguição chatíssima sob a água (!)].

[Aliás brasileiro precisa se decidir se tem orgulho só em época de Copa, Olimpíada, filme ruim e episódio d'Os Simpsons, está ficando ridículo. Nossos patrícios ficam o ano inteiro falando mal dos conterrâneos, do país, da situação, dos políticos, do tal “espírito malandro” – mas, num arroubo de “do meu país só eu posso falar mal”, surge da tumba esse patriotismo bobo e essa indignação torpe à movimento “Cansei”. Você viu algum australiano reclamando de Wolf Creek ou dos rednecks americanos protestanto contra todos os filmes em que aparecem como jecas psicóticos racistas, desde Amargo Pesadelo e Texas Chainsaw Massacre, nos 1970s?]

Quanto ao Brasil mostrado no filme: olha, exceto pelo tráfico de órgãos (do qual nada sei, mas, vai saber, né), é mais ou menos aquilo mesmo. As mulheres daqui estão sempre de graça pros gringos, quando você precisa de polícia na “quebrada”, nunca consegue ajuda, os motoristas de ônibus cariocas correm demais e são imprudentes, os gringos são bobos, se entopem de caipirinha e levam golpe de prostitutas, coisas assim. Nada grave. Mas ainda prefiro a jibóia engolindo o Bart n’Os Simpsons.

Enfim vale para dar risadas, especialmente pelo final, no qual toca uma música hilariante (durante o filme rola pancadão carioca e Marcelo D2).

Nenhum comentário: