Em Nome Do Pai (In The Name Of The Father – Jim Sheridan, 1993): Daniel Day-Lewis, que já havia vencido o Oscar de melhor ator por Meu Pé Esquerdo (My Left Foot, 1989) deu show neste filme, pra variar, concorreu novamente por este filme e, pasmem, perdeu para Tommy Lee Jones, vilão d’O Fugitivo (The Fugitive). Se ainda perdesse para o também nomeado John Malkovitch, que estava ótimo como o vilão de Na Linha De Fogo (In The Line Of Fire), vá lá, mas enfim (em 2002 Daniel perdeu novamente, com o meia-boca Gangues De Nova York (Gangs From New York) desta vez para Adrien Brody, do chatíssimo O Piano (The Piano). O que parece ser só mais um filme sobre tribunais e condenações injustas (no caso um rapaz babaca irlandês associado erroneamente a um atentado do IRA na Inglaterra e condenado à prisão perpétua), à la Hurricane (Hurricane, 1999, com Denzel Washington), torna-se uma parábola sobre acertar as contas com o passado, a vida, as atitudes, as relações consigo e com a família. Filmaço, emocionante – e baseado em fatos reais.
Fugindo Do Inferno (The Great Escape – John Sturges, 1963): sim, um filme de guerra (oficiais ingleses e americanos aprisionados pelos nazistas em 1943 – história verídica) pode ser divertido – mesmo com atores carrancudos e machões como Steve McQueen, James Garner, James Coburn, Charles Bronson e Richard Attenborough (sim, ele mesmo, que depois virou diretor). É um filmaço que, ao longo de 170min (que passam voando) entretem, deixa tenso, diverte, assusta e comove. E McQueen dá show. Apesar de não ser considerado um clássico do cinema, eu recomendo-o com certeza. Diversão garantida por três horas, esteja você sozinho, com seu par, amigos ou família. Todo mundo vai gostar.
Matar Ou Morrer (High Noon – Fred Zinnemann, 1952): Zinnemann, que no ano seguinte se consagraria definitivamente com A Um Passo Da Eternidade (From Here to Eternity, 1953) traz aqui um faroeste único, atemporal e visionário. Pena que o cinema americano não seguiu essa tendência e foi preciso virem os italianos (!), uma década e meia depois, para trazer maturidade ao gênero, que então ainda mostrava mocinhos lustrusos e donzelas indefesas contra mexicanos vagabundos e índios sendo tratados com cenário. Mas vamos ao filme em si: em tempo real (sim, uns 50 anos antes de 24 Horas), o filme nos mostra a apreensão do recém-casado xerife Will Kane e o dilema entre sair em lua-de-mel ou cumprir sua função uma vez mais e enfrentar o vilão Fank Miller (Ian MacDonald) que saiu da cadeia e está vindo, com sede de vingança, no trem que chega ao meio-dia. Aí são uns 40min em que toda a covardia, a hipocrisia e a falsidade da sociedade (não só da época, mas de todos os tempos) vai se revelando – e deixando o protagonista sozinho para o confronto final. Formidável crescendo de tensão sem nenhuma ação (apenas no final), apenas com as tomadas inovadoras e os diálogos fulminantes. Os únicos pontos negativos são para as atuações da então-infante Grace Kelly (inexpressiva) e da desconhecida Kati Jurado (caricata como numa novela mexicana). Lloyd Bridges – com a canastrice já no sobrenome – não compromete, e o então-novato Lee Van Cleef sequer abre a boca. Por isso o filme é só-e-somente-só de Gary Cooper, que dá ao mesmo tempo força, humanidade e dignidade para o xerife Will Kane, e foi “oscarizado” com justiça. Clássico obrigatório; mate se precisar, mas não morra sem vê-lo.
O Exorcista (The Exorcist – William Friedkin, 1973): é sempre um prazer rever este filmaço, ainda mais numa madrugada chuvosa e de vento balançando as árvores. Linda Blair angelical (e depois demoníaca), Max Von Sidov [o ator preferido de Ingmar Bergman nos anos 1950s, tendo estrelado pérolas como O Sétimo Selo (Det Sjunde inseglet, 1957) e A Fonte Da Donzela (Jungfrukällan, 1960)] com toda austeridade, Ellen Burstyn um ano antes de ganhar o Oscar de melhor atriz por Alice Não Mora Mais Aqui (Alice Doesn’t Live Here Anymore), do Scorsese. Mas o filme é, sem dúvida, de Jason Miller, o atormentado padre Damien Karras. O resto deixo pra vocês lerem aqui.
Os Abutres Têm Fome (Two Mules For Sister Sarah – Don Siegel, 1969): sim, não só filmes de guerra, como também faroestes podem ser divertidos. Don Siegel, um dos mestres de Clint Eastwood (depois de Sérgio Leone), conduz uma quase-comédia de faroeste – acho que filme-de-aventura-passado-no Velho-Oeste seria mais adequado – sobre um pistoleiro carrancudo (Clint, claro) e uma freirinha vigarista (Shirley Maclaine, ótima) que se unem para uma arriscada aventura na fronteira com o México. Ação, aventura e risadas, tudo na medida. E o auxílio luxuoso da batuta do mestre dos mestres Ennio Morriconne comandando a trilha sonora. Outro filme para toda a família – e ótimo para desfazer qualquer preconceito contra o gênero faroeste.
Sindicato De Ladrões (On The Waterfront – Elia Kazan, 1954): ex-comunista, Elia Kazan denunciou colegas de seu ex-partido no Comitê de Investigações de Atividades Anti-Americanas. Atitude deplorável daqueles tempos macartistas; porém mais deploráveis são aqueles que desprezam sua obra por causa de sua opção política e/ou de seus erros na vida pessoal. O fato é que, além deste, ele realizou outros clássicos como Vidas Amargas (East Of Eden, 1957) e Um Bonde Chamado Desejo (A Streetcar Named Desire, 1951). Respeito e consideração, etc.; porém o filme me decepcionou um pouco. É bom, tem algumas cenas marcantes, mas creio que, no geral, envelheceu mal, carece de ritmo e acaba caindo naquela vala de “filmes de transição” daquela época mais ingênua, que iria até o final dos anos 1960s.
Tudo Que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo, Mas Tinha Medo De Perguntar (Everything You Always Wanted To Know About Sex * But Were Afraid To Ask – Woody Allen, 1972): visivelmente inspirado pelos esquetes do programa inglês Monty Python's Flying Circus (1969–1974), o filme traz diversas historias que fazem paródia a algumas perguntas do livro (sério) homônimo, grande sucesso naquela época de liberação sexual. Embora irregular, o filme vale pelos dois incríveis (e famosos) momentos do Doutor Ross (Gene Wilder) apaixonado pela ovelha Daisy e dos espermatozóides (o próprio Woody Allen entre eles) se preparando para “entrar em ação”.
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