[00h25min]
Jamais pulei Carnaval; embora tenha curiosidade pelo de Olinda, tanto pelas construções históricas quanto pelo frevo (tradicional ou elétrico) e pelo caráter (creio que ainda) genuinamente popular e democrático da festa, ao contrário dos tradicionais festejos soteropolitanos e cariocas, por exemplo, onde pretos trabalham o ano inteiro e mais na festa enquanto os brancos ricos se divertem apartados (e apertados).
Imagino que uma bateria de escola de samba (bem tocada) ao vivo, além de uma puta barulheira do caralho, seja uma experiência única (para o bem e para o mal, acho). Porém, à maneira da raves, esse negócio de gente chapada com risos horríveis e idiotas, numa alegria forçada e incompleta, daquelas de dar cãibras, me desanima.
Parece que você é obrigado a ficar feliz, a despirocar, seja cantando os surreais sambas-enredo que misturam Maurício de Nassau, Marco Pólo, Napoleão e noz-moscada, seja se agarrando sem nenhum critério numa micareta, seja fingindo que admira sem obrigações todas as manifestações folclóricas chatas, seja “fritando” de tanta droga sintética ao som de música tão ruim que ninguém se arrisca a curtir de cara limpa nos lamaçais interioranos.
Não “odeio” Carnaval, apenas tento ignorá-lo, visto que não me diz respeito em nenhum respeito. Mas confesso a dificuldade, não só porque há uma escola de samba furreca batucando desordenadamente, até alta madrugada, perto de casa, mas também porque surge aquela obrigatoriedade, aquela intimação social a tomar algum partido – ou cair na folia, ou se esconder dela, ou maldizê-la, como é no Natal e no Ano-Novo. Não posso apenas aumentar o som de casa para não ouvir os atabaques e simplesmente passar os dias como fossem d’um feriadão qualquer, sem nem empurrar carro alegórico de branco rico, nem fazer segurança de gringo rosa com abadá, nem vestir camisa de “Odeio Carnaval”? Sou sempre obrigado a ser binário, ou isto ou aquilo, a encarnar ou me indignar? Qual a importância disso tudo?
[00h40min]
2 comentários:
é isso aí...
cada um na sua... respeitar isso é nossa liberdade.
bjão
se tu não gosta, tenta ignorar! simples assim!
beijos!
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