[Último trimestre de 2010.]
[14h53min] Uma noite dessas sonhei que estava em uma estação de trem, uma que eu costumava freqüentar, quando, ao amanhecer, o sistema de som anunciou que havia um maníaco atacando mulheres em outra linha. Eu ficava te esperando, você não aparecia, eu me preocupava, até que você chegava e sentava, em silêncio, ao meu lado no trem. O vagão, que estava cheio de seres obscuros e indefinidos, feito aquele bicho preto do trem que a Chihiro pega no final do filme (a parte mais intrigantemente bela), parava em uma estação, as portas abriam e assim permaneciam por tempo suficiente para que eu pudesse ver, nos trilhos, uma criança deformada, com vestidinho de menina e cabeça virada feito a Linda Blair possuída, mas com um sorriso demente, perverso, diabólico, andando enviesada pela via permanente e batendo a cabeça deliberadamente nos dormentes, repetidamente. Então ela raspava as mãos nos pedregulhos até que os dedos virassem uma pasta sanguinolenta, e assim também infinitas vezes. A porta se fechava, começava uma briga entre os seres indefinidos. Eu olhava sua bolsa, dela escorria uma meleca: era o sumo de frutos apodrecidos que você carregava. A briga então me tomava: eu era atingido em cheio por um extintor de incêndio, que fazia jorrar meu sangue ao abrir meu crânio e fazer pender meu maxilar. Antes que o pesadelo acabasse eu ainda permanecia uns instantes, desfigurado, tentando entender tudo aquilo. [14h58min]
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