quinta-feira, 19 de junho de 2008

Salve a seleção.

[10h15min]

Após um sofrível empate sem gols contra a Argentina, no Meineirão, a seleção brasileira de futebol, que deixou o campo sob vaias e gritos de "burro" (depois reclamam que só os paulistas vaiam e xingam a selecinha) e hoje cairá pra quinto na tabela (sendo ultrapassada por Chile ou Venezuela), volto a questionar, aqui, enquanto visto minha camisa da seleção hermana: por que as pessoas sentem-se obrigadas, e querem obrigar os outros, a torcer pelo Brasil nos esportes, especialmente no futebol?

Sinto-me no dever de torcer para que o país vá bem na economia, na saúde, na educação... quanto ao futebol, embora eu seja entusiasta do esporte (talvez por isso mesmo), a selecinha não me interessa nem um pouco desde 1990, acho, com o advento do futebol feio na pior de todas as copas (e a única que acompanhei vendo TODOS os jogos de todos os times e fazendo recortes de jornal para montar numa pasta).

Não tenho orgulho de ser brasileiro, assim como não tenho vergonha; afinal é uma facticidade, algo que não escolhi, é como ter o ridículo orgulho de ser branco/negro, homem/mulher, etc. Portanto me reservo o direito de torcer pela selecinha quando esta fizer jus, coisa que não acontece desde 1986, provavelmente.

Sem falar que a coisa piorou desde a injeção de dólares que leva nossos boleiros e nem-tão-boleiros-assim; até, vá lá, a Copa de 1994, você ainda via discussões na rua, nos bares, nas casas, nos programas de TV e rádio, sobre quem deveria ou não ser convocado. Hoje a coisa é tão pasteurizada, com jovens jogadores que saem cedo daqui e vão "brilhar" no incrível futebol do Leste Europeu ou do Oriente Médio, que me pego pensando "Quem são esses caras?". Nem dá mais pra saber se o cara está realmente bem, a não ser que você acompanhe o futebol turco, o croata, o português... sem falar que ser ídolo em países de pernas-de-pau como a Alemanha não é exatamente mérito, mas obrigação.

Ontem Dunga, que jogou feio nos clubes, jogou feio com Parreira, faz o que melhor aprendeu nesses anos: pegou um amontoado de cabeças-de-bagre, sem esquema tático algum, batendo, espancando, mutilando, e chutando bolas quadradas para os atacantes se virarem no individualismo. E ainda responde às críticas com a arrogância que só vencedores como Luxemburgo, Felipão e Muricy podem ter.

Ah, como eu queria que o Brasil não fosse a Copa!... Seria divertidíssimo ver o chororô da imprensa. E não, eu também não estou nem aí com as Olimpíadas, acho um absurdo levarmos uma comitiva com centenas de atletas, como se fôssemos uma potência esportiva, sendo que vai ser, como de praxe, coco atrás de coco. Deveríamos aceitar nosso lugar e fazer como os países mais sensatos, que levam só grupos de esportes nos quais têm chance. Poupa dinheiro público e poupa o público de (mais) vexame.

[10h28min]

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