segunda-feira, 2 de março de 2009

To live is to die

Nunca perdi ninguém realmente próximo e querido. Já perdi colegas, parentes, animais de estimação, já vi gente morrendo tragicamente na minha frente, já escapei eu mesmo da morte rente aos calcanhares, mas não sei o que é a morte. A morte de verdade, não a nossa própria. Porque, como disse Epicuro, essa não vale, porque só chega depois que a gente vai embora, não há um encontro. Ou, como disse Schopenhauer, é o mesmo que antes de termos nascido; simplesmente um grande nada com o qual não precisamos nos preocupar. Mas nenhum filósofo lidou decentemente com o luto: morrer de verdade é senti-la enquanto ainda estamos vivos. É o imponderável de a pessoa amada definhar e morrer sem que possamos fazer nada. Quando se ama a dor do outro é muito pior que a nossa própria. A pior dor é perder algo/alguém e ter a certeza de aquilo ser para sempre. Mas agüenta-se, e, cedo ou tarde, percebemos que a vida continuou sem que percebêssemos. Suportamos toda dor, menos a última. Até lá, é carregar a pedra.

4 comentários:

Mariel Moura disse...

Not dead, but gone before.

Anônimo disse...

"¡Sácame de aquesta muerte,
mi Dios, y dame la vida;
no me tengas impedida
en este lazo tan fuerte;
mira que peno por verte,
y mi mal es tan entero,
que muero porque no muero!
Lloraré mi muerte ya
y lamentaré mi vida,
en tanto que detenida
por mis pecados está.
¡Oh, mi Dios! ¿Cuándo será
cuando yo diga de vero:
vivo ya porque no muero?"

Alexandre Facciolla disse...

Por um tempo, depois de definhado o ser amado, a sensação é de ser impossível carregar a pedra novamente.

Alexandre Facciolla disse...

Por um tempo, depois de definhado o ser amado, a sensação é de ser impossível carregar a pedra novamente.