quinta-feira, 19 de março de 2009

Vamos Tesouro, não se misture com essa gentalha.

Síndrome de indie é uma coisa que enche o saco. Antes se restringia à música, com os filhotes de Álvaro Pereira Júnior se regozijando em proclamar como salvação do rock a mais recente banda do interior da Islândia, para, meses depois, com falso blasê, mostrar desinteresse só porque não é mais só ele e seus dois amigos nerds rancorosos que ouvem o que ele mesmo divulgou.

Como agora, devido à mp3, fica muito mais fácil para todos ouvirem de tudo, sem a necessidade de gurus, o câncer de indie melindrado se arrastou para a internet: as redes sociais têm, freqüentemente, chororô dos chamados early adopters (nome frufru para nerds/geeks) ante a popularização do Orkut, do Facebook, do MySpace, do Twitter, etc., não sem completar a mensagem com os bordões “isto aqui era melhor há dois anos, quando não havia muitos brasileiros” e “maldita inclusão digital”.

Cada vez que a empregada sai do quartinho dela e passa em frente à sala de estar dos patrões, é um chilique, um incômodo, uma coceira que revela todos os preconceitos dos caboclos que desejam ser ingleses, para usar mais ou menos um termo do Cazuza.

A vocação de jeca que acompanha a classe média brasileira não decepciona jamais.

4 comentários:

Mariel Moura disse...

Você lembra, em 2002, quando venderam The Hives e The Vines como a salvação do rock?

Entre rir e chorar, prefiro cascar dos manés que se ridicularizam sem saber nos gadgets digitais.

Mas o melhor do seu post é o título. uhauhauhauha "Gentalha, gentalha, prrr!"

André disse...

Fala, Fabio. Entrei no seu blog por acaso e li o texto "Dia Anterior". Gostei tanto, que usei em um texto meu (com os devidos créditos, claro). Ele está no Sete Doses, blog que compartilho com outros 13 amigos. Dá uma lida lá. O título é "Entrevista com o Ser Inexistente". Espero que goste e não se incomode por eu ter usado seu texto. Abraço!

Beto Macedo disse...

Hoje, um rapazinho qualquer, para se sentir descolado procura ouvir algo que ninguém mais ouve. Se ele realmente gosta daquilo é um incógnita. No fim das contas o vizinho dele faz a mesma coisa, e o vizinho do vizinho também... até que ponto ele é diferente dos outros dois eu realmente não sei.
O mais engraçado (ou estúpido) é a incoerência de que hoje ser cool é ser diferente, sendo que no fim todos acabam sendo iguais.

Anônimo disse...

A tal da "inclusão social" permite qualquer mané expressar a sua opinião, mesmo que a tal não esteja valendo de nada.
Abraço.