terça-feira, 15 de abril de 2008

Essa política gerando gente cínica.

A mesma imprensa que inventou o factóide do terceiro mandato agora reclama da incompetência da oposição. É cobra picando cobra. Sem falar quer a história do tal dossiê só serviu pra deixar a Dilma famosa e vinculá-la ao Lula.

No Estadão:

"Defender mais um mandato para um presidente que chega a ter mais de 70% de avaliação positiva traz evidentes benefícios políticos e eleitorais a quem monta nessa proposta. Ter um terceiro mandato defendido por inúmeras vozes traz notórios benefícios políticos ao presidente Lula. Esses benefícios ficam ainda mais avolumados se o presidente recusar a prebenda que lhe oferecem, dando uma demonstração de humildade, coerência e desapego ao poder.

Os benefícios serão ainda maiores se a oposição morder a isca, cair na armadilha e ficar batendo contra o terceiro mandato. Estará ocupada com um nada, com uma não-realidade política, enquanto o governo navega num oceano calmo, sem enfrentar os percalços de uma oposição efetiva - seja porque ela se ocupa do nada, seja porque ela empunha os esfarrapados estandartes de um embate moralista improdutivo.

No projeto de sua autodanificação, a oposição tem a ajuda de uma poderosa armada: analistas e colunistas políticos que a munem com as teses desidratadas de substância política e programática. Na medida em que não estamos mais numa era de conspirações militares, como foi no passado, quando o embate político se decidia pela arbitragem militar, a oposição moralista se tornou inócua e uma espécie de bênção para o governo. As pesquisas mostram que parte minoritária da sociedade julga que a corrupção é um dos principais problemas do País. Ao conferir-lhe centralidade no combate ao governo, a oposição faz política para uma minoria já oposicionista e não consegue ganhar dividendos políticos e eleitorais. O embate moral só tem alguma eficácia quando secunda uma disputa em torno de programas e projetos.

Nessa história de terceiro mandato, a oposição está perdida num labirinto sem saber em quem atirar. Não consegue enfraquecer Lula, porque o presidente a secunda no repúdio ao terceiro mandato. Não consegue alvejar o PT, porque o partido também não alimenta a tese. E não consegue abater os propositores da idéia porque estes, individualmente, não expressam uma força política real."
(Aldo Fornazeri, doutor em ciência política)


Na Folha:

FOLHA - O sr. é favorável ao terceiro mandato para o presidente Lula?

LAWRENCE PIH (empresário, presidente do grupo Moinho Pacífico) - Na conjuntura atual, seria bom para o país. Pelo menos para que o programa do presidente seja prolongado: distribuição de renda, resgate da população mais carente do país, universo importante que o governo conseguiu. O país está crescendo num ritmo maior.

FOLHA - Como o sr. vê as críticas ao terceiro mandato?

PIH - Algumas pessoas dizem que seria um golpe. É um processo democrático. Até sugeriram um plebiscito. Se houver consulta à sociedade e a sociedade aprovar, seria a vontade da maioria. Se a sociedade aprova que o presidente Lula merece um terceiro mandato, porque o projeto dele não está completo, e a sociedade está satisfeita com a forma de governo que Lula vem conduzindo o país durante oito anos, é democracia, meu Deus.

FOLHA - O governo está articulando o terceiro mandato?

PIH - Não. Quando a economia vai bem, quando a popularidade do presidente está alta, o assunto vem à tona. Por que o ex-presidente FHC e seu governo articularam o segundo mandato? Porque a popularidade dele permitia, e não houve consulta à sociedade. O Legislativo tomou para si a responsabilidade e com gestões pouco elogiosas, como as acusações de compra de voto para mudar a Constituição. Essa conversa de golpe é uma questão de conveniência.

FOLHA - Essa vontade resulta de projetos como o Bolsa Família ou é disseminada em toda a sociedade?

PIH - O Bolsa Família tem um aspecto importante, o crescimento econômico também. Hoje a população sente que está melhor do que oito anos atrás. Você não pode dizer que o governo usou o Bolsa Família para tentar cooptar o eleitor. O eleitor se sente bem ou não.

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