[Meu critério para piores filmes envolve sempre grandes produções; dinheiro que podia ter sido usado para uma coisa decente e foi gasto em porcaria – por isso você não vai encontrar filmes trash e/ou coisas do Chuck Norris. A essência do filme revoltantemente ruim é a empáfia: o sujeito realmente acha que está fazendo uma grande obra.]
Armagedom
Qualquer coisa que tenha o Aerosmith (eca!) no meio já é a pior coisa do mundo automaticamente; mas esse filme passa dos limites: produção de Jerry Bruckheimer e direção de Michael Bay, sinônimos de muitos defeitos especiais e nenhuma história que preste – no caso um amontoado de clichês, aviltamento de princípios básicos da ciência, do bom-senso e da verossimilhança, além de resoluções pra lá de capengas – e um dos piores elencos de todos os tempos, com os inomináveis Bruce Willys (e sua eterna cara de “fodão entediado”, cujo maior recurso dramático é franzir a teste e fazer biquinho), Ben Affleck (preciso comentar?) e Liv Tyler, que só está lá porque o papai estava na trilha sonora e porque alguém precisava dar para algum dos mocinhos na história (se é que pode se chamar aqui de história). O pior foi que saiu na mesma época do imensamente superior Impacto Profundo – com tema bem semelhante –, o qual, por não ter muitos atores famosos, nem lobby, tampouco dramalhão ou pirotecnia, e sim foco nas questões humanas da eventual situação, foi meio que ignorado nas bilheterias. Asteróide do tamanho do Texas descoberto em 18 dias? E daria para algo ser feito além de rezar? Ah, e a melhor solução seria enviar perfuradores de petróleo para salvar o mundo? O asteróide, na superfície, era mais cheio de pontas que a Fortaleza da Solidão do Super-Homem? Morri.
O Quinto Elemento
Outra combinação bombástica (no mau sentido): Luc Besson, Bruce Willys (sempre ele), Mila Jojovich, com direito a uma ponta medonha de Chris Rock, num arremedo de Blade Runner com, sei lá, Capitão Planeta – a diferença é que o quinto elemento, em vez do “coração”, é “mulher gostosinha”. Tão ruim que dá até preguiça, e, aliás, foi o que fiz: dormi deliberadamente no cinema.
Qualquer filme que tenha o Nicholas Cage, o Tom Cruise ou o Keanu Reeves
Preciso explicar?
O Grito
Japonês não sabe fazer filme de terror, não adianta. Aliás, ainda estou esperando um japonês que saiba fazer filme desde o Kurosawa. Enfim... o fato é que, se O Chamado ficou ótimo refilmado por Gore Verbinski e estrelado pela ótima Naomi Watts (o original é tosquíssimo), este aqui é ruim tanto no original quanto na franquia (idem para Água Negra). História frouxa, cheia de buracos, aliás, crateras, sustos meia-boca – nada além do sombra-passando-no-fundo + corte-rápido + violinos-estridentes. E tem o Bill Pullmann, o que já deixa a nota do filme imediatamente negativa.
Olga
Pobre Olga Benário: sua história de coragem e luta resumida a um dramalhão de novela das oito global, com direito a atuações canastronas e política jogada para escanteio (Intentona Comunista, por exemplo, resumida a... duas cenas!) em detrimento de um romance que, no livro, durava um parágrafo (no filme levou quase uma hora). Foi a única vez, acho, em que eu realmente achei que ia me levantar e abandonar a projeção, tamanha a revolta.
A Paixão De Cristo
OK, abandonar uma confortável carreira de ator para dirigir filmes extremamente autorais é louvável – Coração Valente é um dos meus filmes preferidos e, a partir dele, todas as cenas medievais de batalha tiveram que ser realistas e sangrentas – mas, aqui, ele errou feio: além da terrível escolha do canastrão Jim Caviezel como protagonista (se o cara não consegue se destacar fazendo o personagem mais emblemático da história da humanidade, vai interpretar direito quem?), do excesso de câmera-lenta e da violência exagerada, que acaba ficando cansativa e anestesiando o espectador, Mel Gibson erra feio ao não conseguir conciliar sua inserção de simbologias, perversões sangrentas e anti-semitismos num filme que era para ser “realista”: se o flagelamento fosse daquela forma, Jesus não teria saído vivo nem dali; ninguém carregava a cruz inteira, pois pesaria mais de 50 quilos – os condenados levavam só a parte horizontal – e por aí vai.
O Terminal
Se eu fosse o cara retratado no filme, tinha processado todos os envolvidos no filme; um estrangeiro, só por não saber falar inglês, foi transformado num completo palerma, patético, em situações pífias. O superestimado Tom Hanks no papel de bobo – e é praticamente só o que ele sabe fazer –, uma gostosa no papel de gostosa, umas situações ridículas e um final piegas – defeito inevitável de tudo que o genial Spielberg faz. Eu não via era a hora “terminal” do filme para ir embora do cinema.
Efeito-Borboleta
Pegue um atorzinho de comédia romântica, uma tentativa mal-sucedida de fazer um Donnie Darko, use um roteiro cheio de absurdos, buracos (abismos!) e o-que-eles-acham-que-é-teoria-do-caos e voilá, uma tranqueira cinematográfica que alguns patetas ainda acham genial.
Chamas Da Vingança
Se é dirigido pelo Tony Scott, irmão sem talento do Ridley, já é caso de ficar com o pé atrás; Denzel Washington e Dakota Fanning no auge da fase “quero faturar, o que me chamarem pra fazer eu aceito” e lá vem esse lixo extremamente manipulador e preconceituoso, no qual os mexicanos são criaturas pouco confiáveis e que não merecem proteção da lei, sejam culpados ou inocentes.
Tempo De Matar
Outro que entra na lista mais pela questão moral do que pela cinematográfica (na qual ele também não é lá essas coisas); afinal, se estupram sua filha, você tem, digamos, o “direito” (vocês me entendem) de querer se vingar. O problema é que o pai que se vinga, matando os estupradores no filme, é inocentado pelo tribunal e ainda sai como herói! Mas que cazzo é isso? Ele fez o que muita gente faria? Sim. Seu crime teria atenuantes? Claro. Mas justice com as próprias mãos ser saudada pela Lei? Socorro.
Menções horrorosas: Rei Arthur, qualquer coisa do Kevin Costner, quase tudo do Joel Schumacher, todos os Batman pré-Christopher Nolan, Pecados Íntimos, O Homem Sem Sombra, Homem-Aranha III, A Reconquista, Hulk, todos os Star Wars recentes, Cazuza (aliás 99% dos filmes nacionais, visto que temos o pior cinema do mundo), Jornada Nas Estrelas V, Highlander II, O Chamado II, O Último Matador, Corpo Em Evidência, Os Esquecidos, Cadillac Cor-De-Rosa, Todo-Poderoso, Olhos Famintos, Xeque-Mate, Duna, Predador II, Alien IV, A Era Do Gelo, O Nono Portal, Era Uma Vez No México, O Sombra, O Fantasma...
2 comentários:
Você é crica, chatinho, azedo, mas me entende. E me faz rir no começo - ou fim - do dia.
Preciso ver Donnie Darko. Será que é de morrer também?
E não fala mal dos japa.
Vc não retiraria o q disse sobre Tom Cruise nem por mim?? Nem por Top Gun??Dê um desconto, filme de 82.. muito realista com os aviões e a situação da Guerra Fria. A cena romantica em q ele persegue a Kelly McGillis me fz chorar até hj!
Postar um comentário