segunda-feira, 10 de março de 2008

As pessoas que "se enrolam" nos jornais não são mais notícia.

O Estado de FHC, quero dizer de São Paulo, pra disfarçar um pouco, trouxe, em vez do Farol de Alexandria, o Pedro Malan – pluralismo é isso aí – ao lado do já conhecido e nefasto Gaudêncio Torquato. Mas desconfio que haja uma escola para tucanos escreverem mal, ou que sejam todos bogus do FHC mesmo. Além do conteúdo previsível (o primeiro fala que bom-mesmo-era-no-tempo-deles, o segundo gasta a coluna inteira para falar... do PSDB em-si). Efeagá precisa disfarçar melhor que é tudo escrito por ele. Mas seu estilo é inconfundível: a abundância de clichês, lugares-comuns, reducionismos e vícios de linguagem é assustadora.

Pedro Malan compara o discurso governista, nesta ordem, aos estratagemas de Schopenhauer em Como Vencer Um Debate Sem Ter Razão, à propaganda política de Goebbels e ainda faz a famosa citação de quem não leu Sartre não sabe o contexto da frase (“O Inferno são os outros”). Deprimente.

Gaudêncio começa praticamente um imortal da ABL (do naipe de Paulo Coelho, Arnaldo Niskier, Ivo Pitanguy, Roberto Campos (Rest In Hell) e José Sarney: "Que há alguma coisa no ar do País fora os aviões da Força Aérea e os tucanos [epa] da Força Aérea, há muito já sabemos". Depois ele me sai comparando o Programa Territórios da Cidadania assim: “após fechar a porteira, o estilo providencial do mandatário cuida de ajustar o apito dos condutores de rebanho”. Fabuloso, hein? Só faltou usar o incrível termo mainardiano “bovino”.

Não satisfeito, ele encerra “com chave-de-ouro” (ah ah ah), justificando o título supercriativo de sua coluna, dizendo que Lula “prepara o cardápio presidencial dos anos que virão” justamente “enchendo o meio do prato e comendo pelas bordas.”

É ou não é de fazer sangrar o nariz?

Já na Folha de José Serra, digo de São Pulo, Clóvis Rossi, como sempre, reclama de tudo que possa se relacionar à esquerda, com ou sem razão. Élio Gaspari é uma grata surpresa, sempre, criticando ou elogiando as coisas e pessoas de forma relativamente independente. Embora Alckmin seja invariavelmente escrachado por lá (por ser “inimigo” do Presidente Eleito), e de às vezes nunca um petista escrever um artigo genérico sem muita relação com o próprio governo (vai entender), lá também os tucanos recalcado insistem em deixar a História para tentar entrar na vida. Walter Feldman (porra, mais um tucano!) segue a cartilha de FHC e seus bogus, dizendo que “o PSDB é uma instituição consolidada, enraizada nos municípios brasileiros como paradigma de bom governo. Na conjuntura nacional, vivenciamos nos últimos anos a experiência do papel de oposição a um governo que se apropriou de soluções que havíamos criado na economia e na área social. O que está dando certo no Brasil é legado nosso, embora o governo não o reconheça”. Então ta, né.

E a Eliane Catanhêde (sim, ela mesma), coitada, com seu texto de pré-vestibulando, sem nenhum brilho, nenhum estilo, nenhum atrativo, nada que pudesse, por mérito, alçá-la de repórter comum a colunista de área nobre do jornal, é café-com-leite.

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