sexta-feira, 27 de outubro de 2006

São caboclos querendo ser ingleses.

Mais do que na anterior, esta eleição mostra bem que existe a “direita da internet”.

Já repararam que os ataques a Lula, seja em blogs e flogs, em perfis e comunidades de orkut, se limitam a aspectos preconceituosos e rasteiros?

Lula é nordestino, analfabeto, cachaceiro, aleijado, ladrão.

O perfil, claro, é o de usuários da web: jovens de classe média alta, que nunca tiveram grandes problemas financeiros na vida.

Não há sequer uma crítica ao governo ou uma comparação entre as propostas dele com as do Alckmin.

Ninguém tentar refutar os posts porque não há como brigar com os indicadores sociais, certo? Resta-lhes ficar remoendo seus pensamentos tacanhos.

Para esse tipo de gente, a democracia é relativa.

Principalmente aqui em São Paulo, baluarte da civilidade, do progresso e da inteligência, onde elegemos Enéas, Clodovil, Russomano e Maluf.

Pra classe média, só esse tipo de democracia serve. Quando Collor e FHC venceram, com grande maioria, o povo era esperto. São Paulo elegendo Serra, o homem sem palavra, no primeiro turno, é maturidade política, sinal de competência. Lula na frente é voto nordestino, voto burro, voto iludido.

E esse tipo de pensamento vem justamente daqueles que acusam Lula de coitadismo. Na verdade você pode acusa-lo de populismo (o que é bem diferente de demagogia), que não significa necessariamente algo ruim. Mas a história dele é verdadeiramente fascinante, e isso ninguém pode lhe tirar.

Não seria o verdadeiro coitadismo o da classe média, que continua prosperando, reclamando de barriga cheia, simplesmente porque não lhe entra na cabeça que possa haver gente para quem R$ 60 façam diferente, questão de vida ou morte? Que haja gente sem luz e com os dentes caindo no interiro do interior é coisa de filme nacional.

E que pobres subam na vida, passando à classe média, e venham freqüentar os mesmos lugares que eles, é ultrajante.

Claro, pois qualquer comparação entre o governo Lula com o governo FHC é um massacre. Aí vão mais provas.
http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/397001-397500/397152/397152_1.html
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u85345.shtml
http://cartamaior.uol.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=3372

E o choque de gestão do Alckmin em São Paulo está aí, a olhos vistos: PCC, rombo de R$ 1,2 bilhão, ensino pra lá de sucateado, Nossa Caixa, privataria (sempre) e estações de metrô que não servem pra nada.

Simplesmente porque, em qualquer outro nível, o debate não se sustenta!

Exceto pelo preconceito, não há como comparar os dois governos.

Isso já foi mais do que provado nas coisas que posto nos meus blogs desde o início do governo.

Resta esperar que Lula tropece na sintaxe.

Bradar contra a compra do dossiê, como se Lula tivesse que provar sua inocência (e não o contrário), fingindo que não existiram os crimes maiores, que foram o próprio envolvimento de Serra com as sanguessugas e a tramóia da mídia pra forçar o segundo turno.
http://br.news.yahoo.com/061019/25/19yau.html
http://noticias.terra.com.br/eleicoes2006/interna/0,,OI1200403-EI6651,00.html
http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/395001-395500/395126/395126_1.html
http://www.estadao.com.br/ultimas/nacional/noticias/2006/mai/14/164.htm

Deixar escorrer baba hidrófoba a cada acusação (não provada) de corrupção, como se tudo houvesse surgido, de hora pra outra, neste governo, e como se a imprensa não estivesse nitidamente golpista.

Assim como a Marta perdeu a reeleição da prefeitura paulistana porque era “perua”, “traía o marido”, etc. Nenhuma questão administrativa. E José Serra picou a mula, rasgou o prometido e deixou o Sr. Gilberto “Enriquecimento da Gestão Pitta” Kassab no lugar.

Pior: neste segundo turno, nem a tese do pobre-burro-esquerda versus rico-esperto-direita tem funcionado, pois Lula cresceu muito em todos os estados.

Enquanto isso o povo realmente bem informado sabe o que está sendo feito de melhor, a olhos vistos. E as classes mais baixas, com menos acesso à informação, sentem na vida a melhora das condições.

Por que ninguém tenta brigar contra os dados? Por que ninguém veio defender Alckmin das mentiras quanto à redução da maioridade penal, as privatizações, os “desvios de conduta” do seu partido ou aquele vídeo devastador pra tevê australiana?

O máximo de argumentação deles é dizer que “o momento econômico é melhor que o do FHC” e “o que tem de bom foi aproveitado do governo anterior”, argumentos tão grosseiros e pífios quanto rasos, insustentáveis, pois se sabe tanto que o próprio Fernando Henrique criou, via câmbio irreal e empréstimo ao FMI, as condições para a crise, quanto que todo governo que se preze deve ampliar o que houve de bom na gestão anterior.

Eles não gostam nem de falar do esqueleto no armário chamado FHC, o qual o próprio partido tenta enterrar, de tão putrefato e fedorento, nem das incríveis realizações de Geraldo Alckmin em São Paulo, como a linha lilás do metrô, que dá prejuízo, Marcola, que manda no estado, a publicidade “de amigo” da Nossa Caixa pra revistas de amigos, a demagogia da venda do Aerolula (reparem que isso é outro preconceito, pois o avião não é “dele”).

E por aí vai. Depois da eleição vem mais golpismo por aí, mas devemos, amantes da verdadeira democracia (pra direita do orkut, democracia é quando votam no mesmo que eu; senão é burrice), trabalhar junto ao governo para que o país possa melhorar ainda mais.

Neste governo tivemos, entre outras realizações, quase 8 milhões de empregos; 7 milhões de brasileiros subindo das classes baixas para a classe média; mais de 3 milhões ultrapassando a linha da pobreza só em 2004; menor risco-país da história; menor desigualdade das últimas décadas; dívida com o FMI zerada; renda do brasileiro aumentando pela primeira vez em 10 anos; mais de 200 mil bolsas de estudo via ProUni; mais de 3,5 milhões de brasileiros beneficiados pelo programa Luz para Todos.

Mas este ano deu vergonha de ser paulista. “A terra é uma beleza, o que estraga é essa gente”.

Um comentário:

Anônimo disse...

Belo post! :)

Um dia os eleitores brasileiros vão entender que política não é futebol.

Daí vão usar argumentos melhores do que "quem vote no Lula é burro". :|