quarta-feira, 22 de novembro de 2006
Scorsese & Herzog
[Também tentei ver A Síndrome Da China, de James Bridges, mas não empolgou, deixei-o pela metade. Mas continuemos.]
Eles filmam com paixão, com tesão. Seus filmes, além das fronteiras da técnica e do estudo, além das imposições do mercado e dos estúdios, são fruto de suas índoles, de suas experiências, da própria psique desses artistas.
Scorsese, que sempre busca a redenção junto com seus personagens, sejam eles Travis Bickle (Taxi Driver), Jesus Cristo (A última Tentação De Cristo), Jake La Motta (Touro Indomável) ou o recente Billy Costigan (Os Infiltrados). O diretor, que viveu se equilibrando no fio da navalha, entre a arte e a bandidagem, entre a religião e as drogas, entre o cinema e a vida da periferia, na Little Italy novaiorquina, transpõe tudo isso para suas obras.
Já Herzog, autêntico borderline, um improvável precursor/ adepto do jornalismo gonzo mesmo para obras de ficção, daqueles que come o próprio sapato para pagar uma aposta (Werner Herzog Eats His Shoe), coloca seu cast para perigosas e surreais viagens para áreas desconhecidas da Amazônia (Fitzcarraldo) e do Saara (Fata Morgana) e ameaça seu astro principal com uma espingarda (Meu Melhor Inimigo).
[Creio que Pasolini também possa ser incluído nessa dupla, transformando-a num trio; porém só vi um filme dele até agora, o que me impede de analisá-lo.]
Claro que essa posição extremada não é obrigatória para uma boa obra. Muitos artistas frios e calculistas realizaram grandes obras em plena consciência e sem muito envolvimento emocional e muitos artistas horríveis fizeram porcarias que só tiveram fama por causa da vida junkie e das atitudes tresloucadas.
Mas que é mais fascinante quando paixão e talento se encontram, produzindo obras ímpares, ah, se é.
quinta-feira, 9 de novembro de 2006
Assistindo
Fora De Rumo: engenhoso thriller sobre adultério, chantagem e crimes afins. Clive Owen, como quase sempre (Rei Arthur é dose) manda muito bem, enquanto Vincent Cassell convence bastante e Janiffer Aniston não compromete. O filme me prendeu bastante até o final, ainda que nos 10min finais tenha havido umas presepadas. Divertido.
O Senhor Das Armas: não gosto do Nicholas Cage, isso não é segredo. Acho-o péssimo, do nível de bobocas meramente esforçados como Tom Cruise e Reinaldo Gianecchini. Sabem que são ruins, até tentam melhorar, mas não conseguem. A cara de mané do Cage pode servir a melecas como Cidade Dos Anjos, e até não comprometer dramas leves como Asas Da Liberdade. Mas, em filmes pesados, como 8mm e este Senhor Das Armas, o resultado é desastroso. Só mesmo coadjuvantes de peso, direção bastante segura e um ótimo roteiro para segurar a onda. Felizmente temos todos esses ingredientes neste caso. Mas como irrita a eterna expressão abobalhada do protagonista: ele passa de filhinho de papai a negociante de armas com os piores escroques do planeta, presencia tragédias, tensões e massacres, mas não muda: o personagem continua raso, pálido, pífio, graças à “interpretação” de Cage. Sorte que o roteiro é formidável e não descamba, em nenhum momento, para atalhos e caminhos fáceis do sentimentalismo e do maniqueísmo. Jared Leto e Ethan Hawke estão OK e o filme é impactante.
Juventude Transviada: eu não estava exatamente no pique para vê-lo, mas, ainda assim, é um grande filme, bastante atual e moderno, fazendo jus à fama de clássico. James Dean é o típico rebelde sem causa, refletindo, com seus amigos e rivais, a típica atitude dos jovens e da sociedade em geral do pós-Segunda Guerra: niilismo, inconseqüência, sensação de presente absurdo. Sensação essa que parece não ter passado, em todos nós, até hoje. A náusea e a angústia parecem ter se instalado permanentemente na sociedade.
Gandhi: clássica cinebiografia do líder indiano (não apenas hindu) Mohandas “Mahatma” Gandhi. Filme marcante em todas as suas centenas de minutos. Nas cenas tocantes e nas cenas chocantes. Caracterizado de forma muito semelhante a Gandhi tanto na juventude quando na maturidade, Ben Kingsley dá show durante todo o filme, conferindo a doçura e a dignidade necessárias ao papel. Nem a extensão do filme pode ser criticada: as mais de 3h passam voando. Irretocável.
O Evangelho Segundo São Mateus: o primeiro Pasolini a gente nunca esquece. Rústico, feito com pouquíssima grana e, aparentemente, com atores amadores, esta deve ser o mais fiel retrato da vida de Jesus (pelo menos admitindo como verdade o Evangelho). Dando ênfase à vida monótona e pálida naquela parte rude e empobrecida do planeta, o filme dâ mais ênfase ao caráter político de Jesus, sua sanha revolucionária, por (várias) vezes assustadora, por vezes complacente. Vale notar que quase não há sofrimento físico para o Jesus de Pasolini. A violência maior está na fotografia e nas tomadas inquietantes. Vale a pena ser visto e revisto, deve melhorar a cada nova visão.
domingo, 29 de outubro de 2006
Que o homem seja livre, que a justiça sobreviva.
Só que os direitinhas da internet se recusam: como assim a maioria, que não é a minha maioria, venceu? Óbvio que são ignorantes, manipulados; deviam todos ler mais Veja! Dêem uma passeada por suas comunidades do orkut, sua lista de MSN, fotologs e blogs conhecidos: sendo a maioria de classe média, fatalmente haverá um monte de ofensas pessoais ao nosso presidente reeleito e à vontade dos eleitores. Gente que leu meia dúzia de livros, viajou pra Miami, estudou em escola paga pelo pai e acha que conhece o mundo, que entende tudo de política, que sabe muito mais que o “presidente ignorante, analfabeto, etc.” A eles, sim, falta cultura para cuspir na estrutura. Falta muita maturidade política e democrática a essas pessoas, dá até pena. (Sim, estou generalizando; não gostou, pega eu.)
E isso levou à derrota, e Geraldo Alckmin perdeu por dois fatores simples, mas cruciais.
I. A oposição, a mídia e a classe média não compreenderam, especialmente aqui em São Paulo, que o Brasil vai além do que aparece na Vejinha. Há 42 milhões de pobres no país, e nunca eles tiveram um governo que olhasse tanto para eles. Isso é fato, não há o que discutir com a enxurrada de números e links que venho postando desde a outra eleição. Para os eleitores tucanos parece complicado imaginar que exista gente sem luz, sem comida, sem dentes, para quem R$ 60 façam diferença, para quem programas que levem energia elétrica e tratamento dentário sejam algo importante.
II. Geraldo Alckmin não foi um candidato de verdade, nunca foi um opositor, uma alternativa, simplesmente porque não propôs nada! A campanha inteira – e isso pode ser medido também pelos direitinhas da web – foi limitada a acusações e críticas (nem sempre fundamentadas) ao governo Lula. Nenhuma alternativa foi apresentada. As maiores promessas dele, em termos objetivos, foram “Não vou privatizar a Petrobras” e “Vou ampliar o Bolsa-Família”. De resto, os pastéis-de-vento de “trabalho”, “crescimento”, “educação” e afins. Contou-se muito com o apoio golpista da mídia e os instintos preconceituosos e elitistas da classe média. Falharam clamorosamente. Enquanto os feitos do governo Lula estão aí, a olhos vistos e sentidos na vida das pessoas, notadamente as de classe mais baixa, Alckmin nunca conseguiu contornar os problemas que trazia de seu governo. Por exemplo, como ele podia dizer que não transferia responsabilidades por os erros de sua gestão se, a todo momento, tentava jogar a culpa do PCC para o Governo Federal? Sempre contraditório, ele não tinha pudores em se apresentar como esquerdista, em se dissociar do Fernando Henrique e se intitular competente, mesmo com o rombo de R$ 1,2 bilhão. Diz-se honesto e transparente, mas engavetou sete dezenas de CPIs. Na hora dos debates, essas incongruências de Alckmin foram tão evidentes que nem a imprensa conseguiu esconder mais. A vida imitou a publicidade e o caráter “duvidoso” de Geraldo Alckmin ficou claro. A oposição foi muito agressiva e pouco consistente, esta é a verdade.
Por fim, acima de eu ser petista e tudo mais, esta vitória de Lula foi importantíssima para a consolidação da democracia, em uma eleição na qual a imprensa fez de tudo para dar o golpe. Uma vitória de Geraldo Alckmin no segundo turno, um segundo turno forçado de forma suja, mostraria que a mídia e as oligarquias ainda teriam o mesmo poder de eleger governantes que tiveram de, no mínimo, 1889 a 1989.
Deixem o homem trabalhar. E mais que isso, deixem o povo escolher!
sexta-feira, 27 de outubro de 2006
São caboclos querendo ser ingleses.
Já repararam que os ataques a Lula, seja em blogs e flogs, em perfis e comunidades de orkut, se limitam a aspectos preconceituosos e rasteiros?
Lula é nordestino, analfabeto, cachaceiro, aleijado, ladrão.
O perfil, claro, é o de usuários da web: jovens de classe média alta, que nunca tiveram grandes problemas financeiros na vida.
Não há sequer uma crítica ao governo ou uma comparação entre as propostas dele com as do Alckmin.
Ninguém tentar refutar os posts porque não há como brigar com os indicadores sociais, certo? Resta-lhes ficar remoendo seus pensamentos tacanhos.
Para esse tipo de gente, a democracia é relativa.
Principalmente aqui em São Paulo, baluarte da civilidade, do progresso e da inteligência, onde elegemos Enéas, Clodovil, Russomano e Maluf.
Pra classe média, só esse tipo de democracia serve. Quando Collor e FHC venceram, com grande maioria, o povo era esperto. São Paulo elegendo Serra, o homem sem palavra, no primeiro turno, é maturidade política, sinal de competência. Lula na frente é voto nordestino, voto burro, voto iludido.
E esse tipo de pensamento vem justamente daqueles que acusam Lula de coitadismo. Na verdade você pode acusa-lo de populismo (o que é bem diferente de demagogia), que não significa necessariamente algo ruim. Mas a história dele é verdadeiramente fascinante, e isso ninguém pode lhe tirar.
Não seria o verdadeiro coitadismo o da classe média, que continua prosperando, reclamando de barriga cheia, simplesmente porque não lhe entra na cabeça que possa haver gente para quem R$ 60 façam diferente, questão de vida ou morte? Que haja gente sem luz e com os dentes caindo no interiro do interior é coisa de filme nacional.
E que pobres subam na vida, passando à classe média, e venham freqüentar os mesmos lugares que eles, é ultrajante.
Claro, pois qualquer comparação entre o governo Lula com o governo FHC é um massacre. Aí vão mais provas.
http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/397001-397500/397152/397152_1.html
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u85345.shtml
http://cartamaior.uol.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=3372
E o choque de gestão do Alckmin em São Paulo está aí, a olhos vistos: PCC, rombo de R$ 1,2 bilhão, ensino pra lá de sucateado, Nossa Caixa, privataria (sempre) e estações de metrô que não servem pra nada.
Simplesmente porque, em qualquer outro nível, o debate não se sustenta!
Exceto pelo preconceito, não há como comparar os dois governos.
Isso já foi mais do que provado nas coisas que posto nos meus blogs desde o início do governo.
Resta esperar que Lula tropece na sintaxe.
Bradar contra a compra do dossiê, como se Lula tivesse que provar sua inocência (e não o contrário), fingindo que não existiram os crimes maiores, que foram o próprio envolvimento de Serra com as sanguessugas e a tramóia da mídia pra forçar o segundo turno.
http://br.news.yahoo.com/061019/25/19yau.html
http://noticias.terra.com.br/eleicoes2006/interna/0,,OI1200403-EI6651,00.html
http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/395001-395500/395126/395126_1.html
http://www.estadao.com.br/ultimas/nacional/noticias/2006/mai/14/164.htm
Deixar escorrer baba hidrófoba a cada acusação (não provada) de corrupção, como se tudo houvesse surgido, de hora pra outra, neste governo, e como se a imprensa não estivesse nitidamente golpista.
Assim como a Marta perdeu a reeleição da prefeitura paulistana porque era “perua”, “traía o marido”, etc. Nenhuma questão administrativa. E José Serra picou a mula, rasgou o prometido e deixou o Sr. Gilberto “Enriquecimento da Gestão Pitta” Kassab no lugar.
Pior: neste segundo turno, nem a tese do pobre-burro-esquerda versus rico-esperto-direita tem funcionado, pois Lula cresceu muito em todos os estados.
Enquanto isso o povo realmente bem informado sabe o que está sendo feito de melhor, a olhos vistos. E as classes mais baixas, com menos acesso à informação, sentem na vida a melhora das condições.
Por que ninguém tenta brigar contra os dados? Por que ninguém veio defender Alckmin das mentiras quanto à redução da maioridade penal, as privatizações, os “desvios de conduta” do seu partido ou aquele vídeo devastador pra tevê australiana?
O máximo de argumentação deles é dizer que “o momento econômico é melhor que o do FHC” e “o que tem de bom foi aproveitado do governo anterior”, argumentos tão grosseiros e pífios quanto rasos, insustentáveis, pois se sabe tanto que o próprio Fernando Henrique criou, via câmbio irreal e empréstimo ao FMI, as condições para a crise, quanto que todo governo que se preze deve ampliar o que houve de bom na gestão anterior.
Eles não gostam nem de falar do esqueleto no armário chamado FHC, o qual o próprio partido tenta enterrar, de tão putrefato e fedorento, nem das incríveis realizações de Geraldo Alckmin em São Paulo, como a linha lilás do metrô, que dá prejuízo, Marcola, que manda no estado, a publicidade “de amigo” da Nossa Caixa pra revistas de amigos, a demagogia da venda do Aerolula (reparem que isso é outro preconceito, pois o avião não é “dele”).
E por aí vai. Depois da eleição vem mais golpismo por aí, mas devemos, amantes da verdadeira democracia (pra direita do orkut, democracia é quando votam no mesmo que eu; senão é burrice), trabalhar junto ao governo para que o país possa melhorar ainda mais.
Neste governo tivemos, entre outras realizações, quase 8 milhões de empregos; 7 milhões de brasileiros subindo das classes baixas para a classe média; mais de 3 milhões ultrapassando a linha da pobreza só em 2004; menor risco-país da história; menor desigualdade das últimas décadas; dívida com o FMI zerada; renda do brasileiro aumentando pela primeira vez em 10 anos; mais de 200 mil bolsas de estudo via ProUni; mais de 3,5 milhões de brasileiros beneficiados pelo programa Luz para Todos.
Mas este ano deu vergonha de ser paulista. “A terra é uma beleza, o que estraga é essa gente”.
quarta-feira, 25 de outubro de 2006
O Exorcista
Evidentemente que, àquela época – eu devia ter, sei lá, uns 10-12 anos, em pré-adolescência de franco interesse por filmes de terror – eu não precisava de motivações mais fundamentadas do que o simples trinômio sustos-podreira-satanismo para conferir aquela película.
Cresci lendo, entre tantas outras coisas, a coleção inteira de Kripta (quem não conhece, corra atrás logo disso ou morra); portanto estava razoavelmente familiarizado com os meandros daquele estilo.
Porém, àquela primeira sessão, da qual lembro bem, sentado no sofá, tenso e ansioso, numa noite de meio de semana, sozinho, fui dormir um tanto decepcionado.
Sabe-se (pelo menos eu sei) que o segredo para o terror bem-sucedido é a verossimilhança: não acontece isso, não aconteceu, mas poderia ocorrer, pode existir, é plausível.
Portanto eu ficava com muito mais medo e receio (e as conversas com os colegas, igualmente amedrontados, na escola à segunda-feira seguinte) das matérias sobre exorcismo e satanismo do Fantástico, pois tinham a aura de realidade (embora eu saiba hoje que é tudo igualmente fajuto e sem fundamento, mas só hoje).
Pareceu-me um paradoxo: ao mesmo tempo a história era um tanto corrida (Iraque, profanação da igreja, padre triste, Satanás, exorcismo), sem muita ligação aparente, era tudo muito lento. Para quem não é profissional do terror, e/ou não tem maturidade suficiente no estilo, a história precisa de sustos e reviravoltas. E ali não havia cortes rápidos, nem música tensa de violinos, nada: apenas o ritmo lento dos filmes setentistas, tudo em close, explícito.
Tentei ler o livro, que há aqui em casa, e achei tudo muito obsceno: lia, não lia, tinha nojo, tinha excitação. Devo ter visto o filme em mais uma reprise, mas não me recordo.
Porém em 2000, quando ele estreou novamente nos cinemas, revisto, ampliado, remasterizado, etc., tive outra percepção. Já adulto, com 20 anos nas costas e tantos filmes visto, livros lidos e coisas vividas, pude compreender, na última sessão, à meia-noite de uma noite fria e nevoenta (verdade!) o impacto fascinante daquela obra.
Ainda que não obtivesse a resposta, a chave da compreensão definitiva, pude sentir, em meio à escuridão silenciosa, uma fagulha do impacto que O Exorcista deve ter causado quando da estréia.
Nunca antes, e nem depois, houve um filme tão aterrorizante, chocante, afrontador e desolador.
Ali eu já compreendia, havia muito, que sustos e reviravoltas com música alta são para suspensezinhos adolescentes moralistas com mulheres peitudas à la subprodutos de Sexta-Feira 13 e Pânico.
Terror de verdade – e isso eu aprendera com Os Pássaros, A Profecia, O Bebê De Rosemary, O Iluminado e Poltergeist, entre outros imortais – tem que ser duro como um bloco de concreto, sem concessões. Ritmo lento, de modo a deixa-lo tenso, preocupado, músculos enrijecidos na cadeira.
E o principal: além da plausibilidade (incluindo verossimilhança e personagens consistentes, aos quais possamos nos apegar e identificar), o segredo é o desalento, a sensação de que aquilo pode acontecer a qualquer momento, em qualquer lugar, de qualquer forma. A revelação, o lembrete sutil de que o mal existe e pode assumir variadas formas, e estamos sempre à mercê, de tão frágeis e desesperados que somos. Filmes para ficar pensando dias e dias.
Desde aquela noite, devo ter lido o livro mais uma vez e assistido ao filme mais umas quatro vezes, no mínimo, em ocasiões diversas (creio que todas com minha namorada). E é nítido e cristalino, para mim, que, a despeito das propagandas, e da condução do próprio romance original, o filme não é sobre o Demônio (seja Satã ou Pazuzu), sobre o exorcista ou sobre a vida em família: esses ingredientes complementam a trama, mas o cerne da questão é o padre Damien Karras.
Com uma inigüalável expressão apreensiva o filme todo, ele parece carregar a vida como um fardo: entre cigarros e cervejas, caminha solitário pelas ruas claras e escuras.
Um ordinário mendigo pedindo esmola jocosamente, dizendo-se ex-coroinha, já desperta em Karras a sensação de quão tênue é a linha entre a virtude e o fracasso.
Ressentido pelo caminho escolhido, o padre (boxeador na juventude e psiquiatra por profissão) contesta tanto a própria vocação quanto o sentido da vida e a existência da felicidade.
Além disso, é atormentado por não conseguir sustentar a mãe doente com o voto de pobreza eclesiástico, e a deixa entre pardieiros na periferia e hospitais de quinta categoria, até que a pobre velha pobre morre.
Karras, amargurado, procura refúgio na razão: nega a presença satânica até os últimos momentos, procurando sempre o caminho psiquiátrico e investigativo. Triste, fragilizado e só, é um alvo fácil para as provações da vida e para as sarcásticas armadilhas que o Mal (não uma entidade, mas o constante revés inerente ao nosso viver) lhe impõe.
Quanto ao horror explícito, o qual ainda é impactante, pode-se dizer que, além de ser um divisor de águas (primeiro filme gore), é perturbador, extremamente perturbador. Quanto mais assisto, mais me impressiono, se não pelas blasfêmias e gosmas, pela angústia e sensação de impotência, de desamparo, a que o filme nos leva.
quarta-feira, 18 de outubro de 2006
Ouvindo e assistindo
Oprhaned Land: death/doom metal israelense, com influências do Oriente Médio; vale dar uma conferida, é muito criativo, original, e o peso é bem equilibrado com a melodia. [ http://www.orphaned-land.com/ ]
Caetano Veloso: o álbum branco, de 1969. Clássicos como Atrás do Trio Elétrico, Irene, Não Identificado, e pérolas como Os Argonautas e as covers Chuvas de Verão e Cambalache. Toda a versatilidade do gênio maior da nossa música.
[ http://www.caetanoveloso.com.br/sec_discogra_view.php?language=pt_BR&id=4 ]
Filmes
Jailhouse Rock: Elvis (então magro) é, obviamente, péssimo ator. Mas a história é até bem consistente, e os clássicos (bem encaixados na história) seguram o filme.
The Yes Men: documentário sobre uns malucos desocupados se fazem passar por membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) e saem fazendo sites e dando palestra avacalhadas, exagerando as ações liberais, a fim de mostrar os males da globalização desenfreada. Junte-se a eles! [ http://www.theyesmen.org/ ]
Sombras do mal: filme chatinho com o Robert De Niro, me decepcionou. Preguiça de comentar.
The Making Of A Night At The Opera: imperdível para qualquer um que aprecie boa música. Como foi feito, faixa a faixa, um dos mais fantásticos discos dessa banda tão incrível e influente. Obrigatório.
quarta-feira, 11 de outubro de 2006
Atualidades chuchuzísticas
Vejam o vídeo a seguir, é devastador. Feito pela TV australiana, sobre os ataques do PCC e a conseqüente ação exterminadora da polícia, revela bem o caráter autoritário, arrogante e vazio do Chuchu.
http://www.youtube.com/watch?v=vsRynm18_Eg&NR
http://news.sbs.com.au/dateline/index.php?page=archive&daysum=2006-08-02 http://news.sbs.com.au/dateline/index.php?page=transcript&dte=2006-08-02&headlineid=1166
Note que Alckmin evita acusar o Governo Federal, como sempre faz; joga a responsabilidade sobre o Governo do Estado, o qual ele havia deixado um mês antes; falou que não sabia de nada, mesmo tendo subgovernado no exato período em que o PCC nasceu e cresceu; irritado, reclama da entrevista e sai, de forma grosseira.
Mais choque de gestão
Deu na Folha, coluna Painel (10/10/2006).
Depois da abortada venda de ações da Nossa Caixa, o secretário paulista do Planejamento, Fernando Braga, ensaia uma outra medida que promete gerar atrito com José Serra: garfar R$ 500 mi da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), a título de empréstimo, na tentativa de fechar as contas do Estado. Cuidado CNPq! http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1010200601.htm
Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço
Alckmin diz que é contra a redução da maioridade penal, mas vejam só: em 1989 ele mesmo apresentou um projeto de redução da maioridade penal! http://www.camara.gov.br/internet/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=195577 http://photos1.blogger.com/blogger/492/2608/1600/PL_Alckmin.jpg
Pego na mentira I
Deu n'O Globo, 10/10/2006.
Em relação às aeronaves vendidas pelo Governo de São Paulo, há desencontro de informações. Embora a Casa Civil tenha informado que o estado vendeu o avião PT-LER King Air e o jato PP-LHB HS 8000 e doou à PM dois helicópteros, as vendas não constam na relação de bens alienados e não há declaração de doação de helicópteros na Assembléia Legislativa. Segundo a Casa Civil, as aeronaves seriam da antiga Companhia Energética de São Paulo (CESP), por isso não constam na lista de bens. Além disso, a Lei Orçamentária de 2006 prevê R$ 3 milhões para manutenção de 3 aeronaves da Casa Civil. Na proposta para 2007, o valor sobe para R$ 3,08 milhões, e uma quarta aeronave aparece na relação. Segundo a Casa Civil, o valor destina-se à manutenção do helicóptero Sikorsky e à locação de aeronaves pra Casa Civil. Dados do Sistema de Gerenciamento da Execução Orçamentária mostram que o Governo gastou R$ 130 milhões com passagens aéreas e aluguel de veículos e aeronaves entre 2001 e 2005, quando Geraldo Alckmin governou. O valor seria suficiente para comprar um Airbus igual ao Aerolula. Segundo o SIGEO, despesas com locação de veículos e aeronaves variaram 623,17%, passando de R$ 5,39 milhões em 2001 para R$ 39,04 milhões em 2005. Com passagens houve aumento de 118,5% nos gastos, pasando de R$ 4,9 milhões para R$ 10,71 milhões. A casa Civil informou que os valores estão inflados por concentrarem recursos utilizados por outras secretarias. Segundo a Casa Civil, Alckmin e sua comitiva teriam gasto
R$ 466.368,52 em viagens.
Pego na mentira II
Alckmin exagerou ao dizer que seu oponente tinha gasto mais em publicidade do que em saneamento. Restringindo-se às verbas orçamentárias, Lula já gastou R$ 413,5 milhões em publicidade e R$ 2,23 bilhões em saneamento. Também errou ao dizer que Lula gastava R$ 8 bilhões por ano com o pagamento de 20 mil cargos de confiança. As gratificações pagas aos 19.925 cargos de Direção e Assessoramento Superior (DAS) da administração federal custaram, no ano passado, R$ 685,4 milhões, de acordo com o Boletim Estatístico de Pessoal do Ministério do Planejamento. Acusou Lula de gastar R$ 700 milhões por ano com viagens e diárias, mas omitiu o fato de que o governo FHC gastava valor parecido. Foram R$ 2,35 bilhões de gastos no triênio 2003-2005, contra R$ 2,53 bilhões de 2000 a 2002. Alckmin também disse que economizou R$ 4 bilhões em três anos, mas os dados de execução orçamentária do estado de São Paulo mostram que as despesas de custeio aumentaram de R$ 10,6 bilhões em 2002 para R$ 13,7 bilhões em 2005, já descontado o efeito da inflação. O tucano reprovou a atitude de Lula de comprar um avião no exterior e "de luxo" para seus deslocamentos. Ele anunciou que pretende vender o Aerolula, se for eleito, como fez no governo do Estado. Segundo Alckmin, ele repassou os dois helicópteros que o governador tinha para a Polícia Militar, o que a Secretaria da Segurança Pública confirma. Alckmin omitiu, no entanto, que os helicópteros são usados nos deslocamentos do governador sempre que necessário, ocasiões em que deixam de ser usado no combate ao crime.
Imprensa tucanando
TSE condena Veja por propaganda pró-Chuchu
http://agencia.tse.gov.br/noticiaSearch.do?acao=get&id=15688
Lula, campeão de reportagens negativas
http://www.comunique-se.com.br/index.asp?p=Conteudo/NewsShow.asp&p2=idnot%3D32124%26Editoria%3D8%26Op2%3D1%26Op3%3D0%26pid%3D41273985600%26fnt%3Dfntnl
Pego na mentira III, IV, V, etc.
Repare que mentira e gafe são coisas diferentes: enquanto a segunda é fruto de descuido, desatenção ou ignorância, a primeira é reconhecidamente má-fé.
“Fico triste de ver o presidente do meu país dizendo que vou privatizar a Petrobrás, o BB... meu programa está aqui. Onde está escrito que eu vou privatizar?”
Também não estava no programa dele pro Governo Estadual que ele ia privatizar. E privatizou. Também não estava no programa do FHC que ele ia privatizar. E privatizou.
“Lula, mal informado, não sabe que o Enem não é prova para avaliar o sistema.”
Qual é o objetivo do Enem?
I – oferecer uma referência para que cada cidadão possa proceder à sua auto-avaliação com vistas às suas escolhas futuras, tanto em relação ao mercado de trabalho quanto em relação à continuidade de estudos;
II – estruturar uma avaliação ao final da educação básica que sirva como modalidade alternativa ou complementar aos processos de seleção nos diferentes setores do mercado de trabalho;
III – estruturar uma avaliação ao final da educação básica que sirva como modalidade alternativa ou complementar aos exames de acesso aos cursos profissionalizantes pós-médios e à Educação Superior;
IV – possibilitar a participação e criar condições de acesso a programas governamentais. http://www.inep.gov.br/basica/enem/perguntas/perguntas_frequentes.htm
”São Paulo não tem mais nenhuma escola de lata.”
Meia-verdade, na melhor tradição "finge que funciona", troca um remendo por outro. http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u18987.shtml
“É claro que São Paulo tem uma escola pública de qualidade.”
Preciso comentar?
“Peguei 9 Fatecs e deixei 27.”
Como já demonstrei alguns posts atrás, as Fatecs foram paridas e abandonadas; órfãs, não têm recursos para funcionar direito, e estão sucateadas.
”Em São Paulo, fiz 19 hospitais.”
Mentira da grossa. Fez um, estadualizou um; o resto foi conclusão de obras já em andamento.
“Você [Lula] abre o sigilo dos gastos do cartão de crédito corporativo da Presidência?”
Cartão corporativo foi invenção do FHC.
"Na Febem, o governo trabalhou. Tanto que tem mais de 70 pequenas unidades hoje."
Febem, assim como presídio, para ele é só depósito de infratores.
"Lula não regulamentou a PEC 29, sobre a saúde; acabou com os mutirões da saúde, os genéricos, não fez fábrica de hemoderivados." Acabou com os genéricos? “O PSDB não tem quatro séculos.”
Tem sim, ele sabe que tem, só eram outros nomes.
“O adversário tem de explicar é como se compra ambulância superfaturada.“
Como assim, se isso começou e prosperou na Era FHC-Serra, e 60% das sanguessugas são do PSDB-PFL?
”Lembra o Valerioduto...”
Como assim? Ele esqueceu que isso surgiu e prosperou na gestão de Aécio Neves, lá em Minas?
“O presidente da Inglaterra (?) não tem avião, o da França não tem avião, o papa não tem avião, o Lula tem quatro (?). Eu quero dizer que vou vender estes aviões e construir cinco hospitais (?)".
O governo francês faz uso de um grupo de aeronaves para seu transporte, o ETEC (da sigla em francês, Esquadrão de Treino, Transporte e Calibragem). O esquadrão é composto por seis jatos Falcon 900 D-Assault para uso em viagens curtas e dois Airbus A319 para viagens mais longas. Antigamente, os papas costumavam usar um avião especial fretado da Alitalia. Hoje em dia o Papa Bento XVI, Joseph Ratzinger, viaja a bordo de um Airbus A321 da Lufthansa, apelidado de Regensburg, nome da cidade natal do pontífice. Já os chefes de Estado e membros da família real inglesa usam aviões de um esquadrão das forças armadas (RAF), o Esquadrão 32. Cinco aeronaves BAe 125 CC.3s adaptadas ao uso civil são usadas pelo esquadrão, além de três helicópteros Augusta Westland. Já a troca do Sucatão (de tão velho, proibido de pousar em vários aeroportos mundo afora) por um avião melhor foi proposta por FHC. Aliás,
Aerolula é economia: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u66698.shtml
Deu n’O Globo, 09/10
O Airbus Corporate Jetliner comprado pelo governo federal para viagens internacionais do presidente da República, conhecido como Aerolula, estava previsto para ser adquirido no plano de reaparelhamento da Força Aérea Brasileira (FAB) aprovado pelo Congresso em julho de 2000, no governo Fernando Henrique Cardoso. O avião custou R$ 167 milhões e foi pago com dinheiro do orçamento da FAB.
O Airbus pertence à Aeronáutica e não à Presidência da República e permite ao presidente despachar de seu interior. O brigadeiro Francisco Joseli Parente Camelo, coordenador das viagens internacionais da Presidência da República, disse que a compra do Airbus foi um excelente negócio. Ele disse que, entre fevereiro de 1999 e abril de 2001, o governo gastou US$ 5 milhões em aluguel de aviões para algumas viagens internacionais do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).”
“Com a média do número de viagens de Fernando Henrique e do presidente Lula, o que foi gasto com o novo avião vai estar pago em dez anos. Seu tempo de vida útil é de 30 anos. Foi um negócio excelente. O avião não é do Lula, é do Estado brasileiro”, disse o brigadeiro a OGlobo.
Fazer cinco hospitais com o dinheiro significa “criar uma despesa permanente com base em uma receita transitória. Ainda que a venda do avião, que custou aos cofres públicos cerca de R$ 125 milhões, seja suficiente para as obras (um hospital inaugurado em agosto em Juiz de Fora custou R$ 37 milhões, mas há opções mais baratas), faltariam recursos para manter posteriormente os hospitais em funcionamento.
Além disso, os deslocamentos presidenciais poderiam ficar mais caros, a longo prazo. Segundo dados da Aeronáutica, o aluguel de um avião privado para o transporte do presidente no governo FHC custava US$ 12 mil por hora voada, contra US$ 2.100 no uso do AeroLula.”
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1010200615.htm
Bonus tracks
Nova York vai adotar o Bolsa-Família http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/394001-394500/394114/394114_1.html
Por que FHC não fala essas coisas por aqui? http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u84852.shtml
terça-feira, 10 de outubro de 2006
Sem Destino (Easy Rider)
Não vou me alongar muito, pois é só um comentário cinéfilo, e não uma análise sociológica. É só uma introdução para evitar possíveis visões anacrônicas sobre o filme.
Final da década de 1960. Contracultura, protestos políticos, sexo + drogas + rock, etc. Hoje isso pode parecer vazio, distante; afinal a industria cultural (Theodor Adorno falou, Theodor Adorno avisou), de lá pra cá, vem absorvendo tudo que surge mais ou menos espontaneamente, processando e devolvendo como produto de massa, de forma pasteurizada.
Portanto deve-se contextualizar o filme ao vê-lo; para quem não está acostumado aos filmes dessa época, o paradoxo entre realismo extremo e delírios lisérgicos pode parecer monótono ou banal.
Vamos ao filme: Peter Fonda e Denis Hopper compram cocaína de um mexicano (com direito a um rápido “teco”, revendem pelo triplo do preço para um americano e, com o dinheiro, trocam as motos velhas por duas Harley-Davidson e saem sem rumo pela estrada. Sim, e tudo isso antes de aparecerem os créditos! Cocaína, motos, tráfico... Peter Fonda joga o relógio no chão e eles saem pela estrada. Começa a tocar Born To Be Wild, do Steppenwolf, e você lembra de como a música era legal antes de encher o saco por causas das bandas cover de rock clássico.
O filme corre lentamente, tão sem destino quanto o título em português do filme. Entre belas imagens estradeiras e canções de Hendrix, Dylan e Byrds, os dois motoqueiros cruzam cidades e mais cidades em busca de liberdade. Eles cheiram, fumam, trepam, divagam, conhecem comunidades hippies, bebem.
Sempre à margem da sociedade, que lhes nega abrigo, refeições, que os maltrata e ofende. A liberdade é ofensiva, como diz Jack Nicholson, em ótima aparição como um advogado que larga tudo para se juntar aos viajantes. As pessoas não gostam de ver seus semelhantes livres. Não há lugar para isso no mundo. Não havia e não há. Haverá um dia?
Como bom filme da época, é tudo seco, duro, na veia. Não faz apologia a nada, nem condena qualquer comportamento. Simplesmente mostra uma face que o mundo insiste em negar. E o final, árido, não deixa esperanças nem oferece alternativas.
Obrigatório, faz jus à fama de clássico.
Mais do mesmo: http://www.roquenrou.com.br/roquenrou/aprovado.asp?cod=10 e http://us.imdb.com/title/tt0064276
segunda-feira, 9 de outubro de 2006
Vinícius (o filme)
Independentemente de as canções e os poemas serem de qualidade indiscutível [ainda que eu não goste de poema declamado (as poesias declamadas 'tavam tão chatas que os próprios produtores desencanaram e, em certa parte do filme, simplesmente desaparecem), e a maioria das músicas é interpretada por ilustres desconhecidos], acho que falta um pouco de ritmo... tá certo que bossa-nova é algo já meio sem ritmo, e a época em que a maioria das história se passa também não era nenhum primor de acontecimentos velozes. Mas, ainda assim, achei o filme cansativo, com uma história legal aqui e ali (e o final é genial).
Sem falar que, ideologicamente falando, o filme é bastante discutível. Afinal, é o tempo todo aquele papo de celebração dos amores, de paixão pela vida, de curtição, boemia. Tá, é tudo muito lindo, mas o cara era rico, vinha de família abastada, e ainda descolou um emprego de diplomata. Assim é fácil, né.
Sem falar que ele trocava de mulher que nem de cueca, abandonava as esposas, deixava faltar até comida em casa, enquanto torrava a grana em putaria e cachaça. Não me parece exemplo de nada, a não ser de um pré-Cazuza, um pré-Raul, da estirpe de rebeldes sem causa, cada um à sua maneira.
Niilismo-hedonismo (dá pra conciliar isso?) com o bolso cheio de dólar é fácil. E os amigos ainda contam tudo como se fosse glorioso e exemplar. Mas as pistas para o fiasco estão nos depoimentos ressentidos das filhas, vale prestar atenção.
Há também parentesco com Chico Buarque, sabem? Esse negócio de playboy metido a malandro, que nunca subiu o morro de verdade. Por mais que a obra fique boa, soa caricata, como personagens inventados nos quais eles mesmos acreditaram. Essa negação superficial das raízes aristocráticas (não vai trampar, fica comendo a graninha, mas posando de outsider) é tão ingênua...
Em contraponto, há o exemplo do Caetano, que aparece no filme. Vejam só: ele nunca escondeu que é culto, até elitista, que veio de boa família, tem um bom background cultural, etc.
Mas vale dar uma conferida, até porque tem Chico, Edu Lobo, Caê, Gil, Toquinho.
sexta-feira, 6 de outubro de 2006
Com a palavra, Xico Sá.
Na boa, todos sabemos da lambança do PT, óbvio ululante, hahahahahahaah, ou eu teria que ressuscitar o meu amigo e velho amigo pernambucano Nelson Rodrigues?
Ora, danem-se os petistas, petralhas, como dizem aqui nos comentários e etc, mas por que cargas d´águas a Justiça Brasileira, Eleitoral que seja, não pensou no sol-quadrado para nem um deles quando se tratava de membros do PSDB/pfl, pefelê com minúsculas porque esses caras EU CONHEÇO DO LUGAR QUE NASCI, uns pefelistas-coronelistas-da-porra-de-mierda , pronto, se vendem muito baratos faz tempo, eles são comprados a preço de caixa baixa, desde 1.500., e foram flagrados em negócios muito mais milionários, TIPO as gravações da venda do solo pátrio, em sociedade com os tucanos, vixe, todo mundo sabe, eram casos de trilhões, casos impublicáveis…
Coitadas das ambulâncias diante dos ROUBOS de fato, mas, claro, episódios IMPUBLICÁVEIS. Coisas que só nós, jornalistas das antigas sabemos, mas nunca pudemos publicar em jornal algum essas desgraças, na maioria das vezes, aliás, QUASE SEMPRE. E se a gente publica, a gente que sai preso, a menos que processe a gente junto com os donos de jornais, quando tem chamada na primeira página, aí o departamento jurídico nos defende, é, sim, nós, para livrar a cara dos donos, porque os políticos são covardes e temem processar os donos de jornais, acusam apenas os repórteres. E a gente fica vendido, como sempre fomos…
Na boa, Justiça seja feita, por que em nem UMA eleição dessa terra, desde 1.500, tenho provas, o TSE criou problemas com nenhum candidatao… e logo agora resolveu cantar de galo a serviço da imprensa? LINDO! Ê BANANÃO, como diria o meu Pero Vaz predileto, Ivan Lessa, muito prazer, vê como anda essa mierda!!!
Na boa, queridos leitores, sejam de que pensamentos forem, com licença da palavra, perdõem pela selvageria, quero que o PT se dane, mas, essa é a eleição, do ponto de vista jornalístico, que houve menos equílíbrio. Por que os jornais e revistas de São Paulo não fizeram sequer uma RADIOGRAFIA ISENTA DOS 12 ANOS DE MANDATO DOS TUCANOS??? Até parece que eles nunca GOVERNARAM NADA!
Mas claro que ninguém foi a fundo nesses escândalos, noves fora um Fernando Rodrigues, bravo repórter-colunista independente da Folha, que tocou na ferida vez por outra, como também o bravíssimo Élio Gaspari, no caso da compra da REELEIÇÃO DE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, muito mais cara, V IXE!!!!!, muito mais demoníaca do que a reeleiçao de LULA, VIXEEE AGAIN DE NOVO, pero a classe média sulista sempre acha mais interessante pagar o pedágio iluminista dos tucanos, TIPO achar que roubo é coisa de hoje, ignorando o BAILE DA ILHA FISCAL DE SEMPRE, por que a classe média só vira o bicho quando o assunto é eleição e taxas de impostos?
Que Burrice!!!
Claro que fica mais fácil, quando o possível reeleito ja vem com todos os embutidos preconceitos possíveis. Porra, deixem o povo votar e pronto! O que der, deu, não é essa a moral a guerra democrática? O RESTO É GOLPE! De Mídia! Tomara que não passe disso e que ganhe, honestamente, aquele que tenha mais VOTO! Pronto, tá resolvido!
[ http://ponteaereasp.nominimo.com.br ]
quinta-feira, 5 de outubro de 2006
Esquerdo de resposta
“No mérito da corrupção, pois o governo Lula foi corrupto sim, extremamente, e o mensalão é um caso gravíssimo. Bob Jeff também foi cassado por motivos políticos, assim como Dirceu foi e como os outros mensaleiros não foram. Concordo que o PT é um partico como qualquer outro, mas o Lula, caso não tenha pecado pela corrupção (duvido muito), pecou pela omissão.”
Repito: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u73952.shtml http://www.correiodoestado.com.br/exibir.asp?Chave=118170,1,8,09-12-2005
“Quanto às CPIs, vale lembrar todo o esforço do governo em não aprová-las, o que mostra que a instalação de uma CPI não depende do governante - o que derruba a idéia de que ALCKMIN engavetou CPIs no estado de SP.”
Faço minhas as palavras do meu amigo Hélio:
“Recorrer à maioria para impedir CPI’s é direito (ainda que questionável do ponto de vista ético) de qualquer governo, principalmente quando o objetivo claro e indisfarçável da oposição é apenas tumultuar. Prova disso foram as absolvições dos mensaleiros.... se os chamados partidos éticos quisessem, podiam mandar todo mundo pro beleléu, só não fizeram isso porque havia alguns deles entre os acusados, como o Roberto Brant (então do PFL, mas ex-PSDB) e o Eduardo Azeredo (PSDB). Fica bonito posar de “ético” apontando o dedo aos outros, mas costurando um “acórdão” nos bastidores para livrar a cara dos seus partidários.
Além disso, o especialista em bombardear CPI’s com a maioria é o Alckmin, que simplesmente travou toda e qualquer CPI contra o governo dele, com a cumplicidade da imprensa paulista, que não moveu uma palha pra denunciar à população o que se passava (já que ninguém liga pra Assembléia Legislativa), nem pressionou absolutamente nada pra pelo menos investigar alguma coisa. Hoje, por exemplo, no Jornal da Gazeta, a Maria Lídia apresentou como grande trunfo do Serra o fato da Assembléia ter aumentado a maioria tucana, quando isso deveria ser motivo de grande preocupação, já que maioria absoluta funciona como rolo compressor e passador de cheques em branco ao governante de plantão.
Se o Sr. Alckmin quisesse ter um verdadeiro atestado de idoneidade administrativa, era só permitir que a sua maioria na Assembléia investigasse alguma denúncia, uma só, mas pelo jeito, na sua condição de candidato a santo, nosso amado César paulista não queria que nenhuma suspeita, por menor que fosse, pudesse ser levantada.”
“Não vejo mérito algum no governo que garante a liberdade para o procurador-geral da república e para a PF realizar as investigações. Ora, não fosse assim, para que existiriam tais profissionais e instituições?”
Pois é, só que nos governos FHC e Alckmin não foi assim. Houve conivência do governo, da polícia e, principalmente, da imprensa.
“Crescimento econômico nada tem a ver com a política do governo Lula, exceto que manteve a política econômica do antecessor (o que pode ser considerado um mérito). Um país que retrocede está em crise, o grande problema do atual governo é não aproveitar o cenário econômico mundial extremamente favorável para fazer o Brasil crescer tanto quanto poderia.”
Ah, tá: o que houve de bom, é só por causa do FHC; o que houve de ruim, é só culpa do PT. Assim fica difícil discutir.
E não houve retrocesso algum, veja os links da próxima resposta: houve mais empregos, menos pobreza, menos inflação, mais escolaridade.
“Índices favoráveis como diminuição da pobreza e número de estudantes no ensino superior só foram atingidos graças a programas sociais emergenciais, que não curam o problema na raíz, como o Bolsa Família (que foi ampliado, porém descaracterizado) e Prouni.”
Errado, muito errado. A miséria diminuiu também pela geração de empregos (a maior das últimas décadas), da estabilidade da economia, do aumento do nível da escolaridade (mais pessoas com ensino superior). Veja novamente:
-crescimento de emprego e renda, principalmente dos mais pobres;
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u106420.shtml
http://oglobo.globo.com/online/economia/mat/2006/01/26/190075162.asp
-inclusão de milhares de jovens de baixa renda no ensino superior;
http://prouni-inscricao.mec.gov.br/prouni
-diminuição do crescimento da dívida, recorde na balança comercial,
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u106350.shtml
http://www.imf.org/external/np/sec/pn/2005/pn05166.htm
A menor inflação desde a implantação do real.
http://noticias.uol.com.br/economia/ultnot/reuters/2005/12/15/ult29u44777.jhtm
Menor índice de desigualdade social dos últimos 23 anos.
http://jbonline.terra.com.br/extra/2005/11/28/e28113289.html
http://br.invertia.com/noticias/noticia.aspx?Idnoticia=200511271859_ABR_28867573
Menor dívida externa desde 1996:
http://noticias.uol.com.br/economia/ultnot/valor/2005/12/19/ult1913u43035.jhtm
Maior criação de empregos desde 1985:
http://www.brasil.gov.br/noticias/ultimas_noticias/250421_radio_151205
Http://ultimosegundo.ig.com.br/materias/economia/2214001-2214500/2214367/2214367_1.xml
Menor índice de desemprego desde 1996:
Http://www1.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?Id_noticia=487&id_pagina=1
Mais empregos, mais renda:
http://oglobo.globo.com/online/economia/189712582.asp
Cada vez mais pessoas conseguem se formar, o que indica melhor distribuição de renda:
http://portal.mec.gov.br/index.php?Option=content&task=view&id=3836&flagnoticias=1&Itemid=3979
Economia estável:
http://oglobo.globo.com/online/economia/189712591.asp
“Enfim, você sabe que meu candidato à presidência não seria o Alckmin. Acho que é um grande nome, talvez o melhor, mas tenho sérias restrições à sua base aliada.”
Alckmin, um grande nome? Vou perguntar objetivamente: no que ele melhorou São Paulo? Na educação, sucateou as Fatecs e fez um novo campus da USP, mas não tem grana para mantê-lo; a segurança é piada, as Febems só pioraram e os presídios estão nas mãos do PCC (com quem o governo faz até acordos); temos os impostos mais altos do país (isso porque ele quer Estado mínimo); na saúde, ah, isso nunca melhora nada em governo nenhum, deixa pra lá; transportes só houve gastos errados, com linhas eleitoreiras de três e metrôs que são subutilizadas.
“De qualquer maneira, a meu ver o Lula é incompetente, não importa se estamos falando de política, economia, administração, personalidade, integridade ou exemplo para a população.”
Se depois de tudo que mostrei e re-mostrei, você ainda acha o Alckmin uma opção melhor, temos um caso de duplipensar orwelliano. Afinal, a direita só investe na retórica porque não há como refutar os fatos e os números. Se você tiver fatos (com embasamento documental, de preferência) para debatemos, será melhor. Senão fica circular, coisa pessoal mesmo, como quem não votou na Marta porque ela era (e é) perua.
quarta-feira, 4 de outubro de 2006
Voto aberto (II de II)
Vou começar falando bem.
A cimentada nas margens do Tietê foi ótima, BO eletrônico, Poupatempo e Bom prato (implantados pelo Covas) continuam funcionando bem e o Museu da Língua Portuguesa é genial, além daquelas coisas que todo governo sempre faz, como entrega de casas pela CDHU.
Como já disse, não acho que é luta do bem contra o mal, nem que alguém se candidate exclusivamente para ferrar o povo. O que acontece é uma conjunção de incompetência, elitismo, subserviência a empresários e conchavos de campanha.
Aos fatos!
Alckmin diz ser liberal, a favor do Estado mínimo, mas vive de política desde os 18 anos. Como a revista do Eduardo “Quico” Azevedo, a Primeira Leitura, que só sobreviveu enquanto tinha publicidade da Nossa Caixa.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Primeira_Leitura
Mais um pouco de mamata estatal para nossos empreendedores liberais: Sabesp paga 1 milhão pra editora de deputado tucano
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u78773.shtml
Quando Eduardo Azeredo, que ocupava um pequeno e desprezível cargo burocrático no meu partido (era somente o Presidente), foi pego no valerioduto, não era um problema do partido, mas um 'fato episódico'.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Eduardo_Azeredo
Lembram da carta, publicada recentemente pelo Valor Econômico, que Alckmin escreveu, com 19 anos, pro Médici? Esse é o cara que entrou na política para “combater o Regime Militar”.
http://www.valoreconomico.com.br/valoreconomico/285/primeirocaderno/politica/Alckmin+via+sensibilidade+social+em+Medici,Alckmin%20Medici,,60,3615320.html
O "choque de gestão" de Geraldo Alckmin em São Paulo deixou, só até setembro, um rombo de R$ 1,2 bilhão nas contas do Estado.
http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/arch2006-09-24_2006-09-30.html
Preciso falar do PCC? Dos vampiros? Das sanguessugas?
O saneamento das contas públicas inclui cobre o ICMS e o IPVA mais caros do país, sem falar nos pedágios. Estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou que entre junho de 1995 e julho de 2005 as tarifas cobradas nos pedágios paulistas subiram em até 716% para carros de passeio e por eixo de caminhão. Em 1995, início do governo, havia 11 pedágios no Estado; hoje, são 153 – sendo que apenas 14 estão sob controle estadual.
Alberto Goldman, vice na chapa de Serra, recebeu dinheiro da Editora Abril para sua campanha. Eleito deputado, apresentou o projeto que permitiu entrada de capital estrangeiro na imprensa brasileira. Medida que salvou as finanças da Abril, justamente doadora da campanha eleitoral.
http://www.cartacapital.com.br/index.php?funcao=exibirMateria&id_materia=2574
http://www.novae.inf.br/pensadores/veja_financiou_psdb.htm
E Alckmin tentando se desvencilhar do FHC, como se fosse de outro partido.
A ESCANDALOSA parceria público-privada da linha 4 (amarela) do metrô
http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=6265
Alckmin expande universidades em SP sem garantir recursos
http://agenciacartamaior.uol.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=10828&alterarHomeAtual=1
O que tem no dossiê?
http://www.terra.com.br/istoe/1926/brasil/1926_na_epoca_do_serra_era_mais_facil.htm
http://www.terra.com.br/istoe/1927/brasil/1927_o_misterioso_abel.htm
http://www.terra.com.br/istoe/1928/brasil/1928_no_rastro_de_abel.htm
http://www.terra.com.br/istoe/1926/brasil/1926_os_vedoin_acusam_serra.htm
http://www.terra.com.br/istoe/1927/brasil/1927_serra_e_os_vampiros.htm
Estatal banca revista que promove Alckmin
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u77210.shtml
Nossa Caixa, uma das 70 CPIs barradas
http://www.estadao.com.br/ultimas/nacional/noticias/2006/mar/28/345.htm
Gerente da Nossa Caixa confirma irregularidades publicitárias
http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI962204-EI306,00.html
Mais sobre a farra publicitária da Nossa Caixa
http://clipping.planejamento.gov.br/Noticias.asp?NOTCod=257278
http://clipping.planejamento.gov.br/Noticias.asp?NOTCod=258037
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u76962.shtml
Amigo é pra essas coisas: sobra anúncio até pra revista do acupunturista do Alckmin
http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI957775-EI306,00.html
São Paulo cede fazenda a fundação ligada a Chalita
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u117502.shtml
Caixa 2 da Lu Alckmin
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u77217.shtml
Os 400 vestidos da Lu Alckmin
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u77176.shtml
A nefasta progressão continuada
http://www2.uol.com.br/aprendiz/n_colunas/coluna_livre/id210402.htm
Recordar é viver: FHC
http://www.consciencia.net/brasil/03/cardoso.html
***
Mais um pouco de recordação, do meu antigo blog (Folie a Deux):
Balanço de do décimo segundo ano de Geraldo Picolé de Chuchu Light Alckmin no governo do estado.
A Febem ta cada vez pior, uma verdadeira escola do crime. E ainda tem uns três presídios em cada cidade do interior. O transporte ferroviário tá sucateado e a passagem custa o mesmo que o metrô. A segurança obviamente só piora no estado. Tem um pedágio em cada rua, logo terei que pagar para sair de casa e ir à padaria. Preciso falar do Rodoanel?
Lotou a cidade (metrô, trem, televisão, jornal, revista, rádio, espaços públicos) de propagandas do próprio governo. O projeto do Tietê, que era de despoluição, agora mudou de nome, depois de uns dez anos: é projeto contra enchentes. O metrô continua a passos de jabuti manca, embora as obras seja anunciadas como se fossem ficar prontas já no ano que vem. A única linha pronta até agora é a lilás, que já deu R$100 milhões de prejuízo.
Em 1995, quando o PSDB e Geraldo Alckmin assumiram o governo de São Paulo, a participação paulista no PIB nacional era de 37%, segundo a Fundação Seade. Em 2004 esta participação caiu para 32,6%, demonstrando que, graças a Alckmin, o estado de São Paulo perdeu 12% de toda a riqueza nacional. Menos crescimento econômico, menos geração de renda, menos salários e menos empregos.
Em virtude desta queda de desempenho e da inexistência de políticas públicas de geração de trabalho e renda, a taxa de desemprego chegou a 17,5% e, ao longo do (des)governo tucano de Alckmin, cresceu 33,6%, segundo o IBGE. A taxa de desemprego em São Paulo é ainda maior que a taxa média nacional, que é de 10,9%.
Alckmin vendeu 2/3 das empresas estatais do estado e, mesmo assim, a dívida consolidada cresceu 60% ao longo de seu mandato. Em 2003 o estado de São Paulo atingiu um déficit de mais de 572 milhões de reais. Geraldo ainda mente ao dizer que houve saneamento das finanças e se intitula um "grande gerente".
Sem falar que perdeu R$ 5 bilhões na venda do Banespa. Considerando o valor pago pelo Santander e o montante total da dívida do Banespa com a União e que foi paga às pressas por Alckmin para que o Santander comprasse um Banco sem dívida, houve um prejuízo de mais de R$ 5 bi que deveriam ser investidos na área social, mas que Geraldo preferiu doar a uma empresa multinacional da Espanha.
Depois do metrô fantasma, aeroporto fantasma
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u112764.shtml
Cadê o careca que falava das enchentes e cadê o outro careca que falava que não tinha mais enchente no Tietê?
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u109381.shtml
http://www.estadao.com.br/cidades/noticias/2005/dez/02/52.htm
O metrô de São Paulo é tão bacana, mas tão bacana, que os mapas das linhas precisam incorporar até linhas que não existem, algumas ainda nem em fase de licitação.
http://www.metro.sp.gov.br/redes/teredes.shtml
Sem falar dos bilhões do Proer para banqueiros, do envolvimento do juiz Lalau com vários tucanos, da violação do painel do Senado pelo PSDB-PFL, dos bilhões no ralo do Banestado, do escândalo dos precatórios, da dívida que saltou de US$ 61 bi para US$ 750 bi, da "entrega" da Base de Alcântara aos EUA e a Selic a mais de 30%.
A mais recente do FHC... a mídia deu o devido destaque a isso? Ou estavam ocupados publicando denúncias estapafúrdias baseadas em testemunhas mortas?
http://noticias.terra.com.br/brasil/crisenogoverno/interna/0,,OI784746-EI5297,00.html
Por acaso tudo isso que eu citei teve a mesma repercussão? E ainda vêm as classes média mídia fingir indignação? Façam-me um favor! Claro que uma coisa não justifica a outra, mas tenhamos bom senso: qualquer escândalo deste governo é troco de padaria perto do que o PSDB e o PFL fizeram com o Brasil em oito anos.
Até porque o tal mensalão não foi provado (mas cassaram o Dirceu mesmo assim), tem ladrão em todos os partidos (o que não invalida suas propostas no geral) e o valerioduto do caixa 2 (a única coisa certa até agora) começou em Minas, com o PSDB, e envolve praticamente todos os partidos.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u73952.shtml
http://oglobo.globo.com/jornal/pais/189666893.asp
http://www.correiodoestado.com.br/exibir.asp?Chave=118170,1,8,09-12-2005
***
Agora é com vocês no segundo turno.
terça-feira, 3 de outubro de 2006
Voto aberto (I de II)
Não é luta do bem contra o mal. Trata-se de análise dos fatos e do que espero tanto do meu país quanto do governo. Não é torcida de futebol: por exemplo, a prefeitura petista da Erundina, pra mim, foi desastrosa, com a entrega da cidade aos camelôs (como depois o Pitta entregou-a aos perueiros).
Os defeitos de Lula (e olha que nem to falando das metáforas toscas e das gafes), como o culto exacerbado à personalidade, o certo getulismo e até um idealismo ingênuo demais, incompatível com o serpentário que é a política, são insuficientes para descredenciá-lo. E é fato que, até agora, nem de longe a oposição conseguiu provar qualquer coisa contra ele.
Mesmo contra o resto do partido (até mesmo a alta cúpula) nada mais foi provado do que caixa 2 (nas versões “casa de câmbio na cueca”, “valerioduto” e “efeito Oderbretch”). Claro que é crime, mas, infelizmente, todos os partidos fazem, todos os comerciantes fazem quando não emitem nota fiscal, todos os cidadãos fazem quando sonegam impostos. Vamos encher o Maracanã com tantos presos então, um estádio inteirinho de macacos puxando os rabos uns dos outros.
Mensalão? É lenda até hoje. Dirceu foi cassado por motivos políticos, e o Bob Jeff justamente por não ter provado nada. E ainda que seja verdade, mesmo não provada, é um escândalo localizado, cujo montante desviado é pequeno comparado aos demais, e que pelo show particular do Bob Jeff e pela avidez da mídia por escândalos, tomou uma dimensão que não tem.
Teve a recente compra de dossiê, que, por si só, não é crime; se o dinheiro usado foi ilegal, que se punam os culpados.
Ah, teve a violação do sigilo do caseiro também. Crime, claro, mas que acabou revelando a farsa do humilde cidadão com vinte pilas na conta.
Provou-se que o PT é um partido como qualquer outro. Eu já sabia disso, mas teve gente achando, até do próprio partido, que eram diferentes. Não são. Instituições são feitas de pessoas, e existem pessoas boas e más em qualquer lugar; pessoas honestas e corruptíveis.
E olha que ninguém pode reclamar de falta de transparência: nunca a PF teve tanta liberdade para agir, as CPIs não foram engavetadas (como na Era FgagáC) e a imprensa caiu matando.
Neste governo Lula tivemos, entre outras coisas:
-crescimento de emprego e renda, principalmente dos mais pobres;
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u106420.shtml
http://oglobo.globo.com/online/economia/mat/2006/01/26/190075162.asp
-diminuição drástica da miséria absoluta;
http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u52986.shtml
-inclusão de milhares de jovens de baixa renda no ensino superior;
http://prouni-inscricao.mec.gov.br/prouni
-diminuição do crescimento da dívida, recorde na balança comercial,
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u106350.shtml
http://www.imf.org/external/np/sec/pn/2005/pn05166.htm
-combate à corrupção.
Ei, combate à corrupção? Como assim? Calma que eu explico.
A corrupção existe em qualquer governo do mundo, e reconhecer isso não é capitular à sua existência. O Estado brasileiro é uma máquina imensa, tem muitos operadores de baixo escalão, e a corrupção é endêmica há muito tempo.
O principal é saber se o governo toma providências contra ela. E sobre isso, posso citar a carta branca que Paulo Lacerda ganhou para que a Polícia Federal investigasse todo e qualquer esquema de corrupção no governo, mesmo envolvendo aliados do presidente. O atual Procurador-Geral da República tem uma atuação independente, não é um engavetador-geral como Geraldo Brindeiro, indicado por Fernando Henrique. E posso também falar do ótimo trabalho de Waldir Pires na Controladoria Geral da União, que investiu na transparência dos gastos governamentais.
Enquanto isso, Alckmin engavetou 69 CPIs em São Paulo e FHC, em seus governos, comprou votos para a reeleição, vendeu nossas estatais a troco de padaria, deu a luz às irregularidades do Sudam e da Sudene, além do início do valerioduto, das sanguessugas e dos vampiros. E a mídia, conivente, nem aí: a compra de votos não mereceu nem uma capinha sequer da Veja.
Portanto não sejam hipócritas a ponto de achar que nunca teve corrupção ou que este governo é mais corrupto do que os outros. Todos têm acertos e erros; e, neste caso, o PT acertou mais do que os outros governos, e está bem claro que o país vem melhorando, essencialmente para os mais pobres.
Sem falar que Lula pegou um patrimônio público delapidado, inflação e risco Brasil lá em cima, Judiciário e Legislativo como fantoches, sem falar no cabresto do FMI, graças ao empréstimo no apagar das luzes.
Para se informar sobre o que o governo federal vem fazendo:
http://www.brasil.gov.br/governo_federal/Plan_prog_proj
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2005/comentarios2005.pdf
Recordar é viver: alguns links dos tempos do meu antigo blog (Folie a Deux)
CPI ridícula não investiga o governo FHC (quando se originou o esquema), sequer cita participantes tucanos (nem os réus confessos) e ainda inventa outra definição de mensalão (a original era pagamento de propina para mudar votos) para significar o mesmo que caixa 2 (contribuição ilegal para campanhas). "A leitura do relatório da CPI dos Correios, Realizada na tarde de hoje pelo deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), terminou sem que fosse apresentada qualquer menção ao PSDB e ao governo Fernando Henrique Cardoso. (...) A CPI não incluiu o caso do senador e ex-presidente do PSDB Eduardo Azeredo, que admitiu publicamente o recebimento de caixa dois na campanha de 1998." Vergonhoso.
http://noticias.terra.com.br/brasil/crisenogoverno/interna/0,,OI805847-EI5297,00.html
A menor inflação desde a implantação do real.
http://noticias.uol.com.br/economia/ultnot/reuters/2005/12/15/ult29u44777.jhtm
Menor índice de desigualdade social dos últimos 23 anos.
http://jbonline.terra.com.br/extra/2005/11/28/e28113289.html
http://br.invertia.com/noticias/noticia.aspx?Idnoticia=200511271859_ABR_28867573
Pagamento antecipado da dívida com o FMI (contraída na Era FHC).
Http://ultimosegundo.ig.com.br/materias/economia/2212001-2212500/2212166/2212166_1.xml
Menor dívida externa desde 1996:
http://noticias.uol.com.br/economia/ultnot/valor/2005/12/19/ult1913u43035.jhtm
Desmatamento da Amazônia cai 31%:
Http://www.brasil.gov.br/noticias/ultimas_noticias/not071205_ibama
Http://www.radiobras.gov.br/materia_i_2004.php?Materia=249330&q=1&editoria
Menor mortalidade infantil:
Http://www.brasil.gov.br/noticias/ultimas_noticias/not011205_ibge
Http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u115821.shtml
Http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2005/12/051213_mortalidadeinfantilfn.shtml
Maior expectativa de vida:
Http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u115819.shtml
Maior criação de empregos desde 1985:
http://www.brasil.gov.br/noticias/ultimas_noticias/250421_radio_151205
Http://ultimosegundo.ig.com.br/materias/economia/2214001-2214500/2214367/2214367_1.xml
Menor índice de desemprego desde 1996:
Http://www1.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?Id_noticia=487&id_pagina=1
Mais empregos, mais renda:
http://oglobo.globo.com/online/economia/189712582.asp
Bolsa-Família (que faz parte do Fome Zero), ampliação do governo anterior, atendendo 800.000.000 de pessoas.
Http://www.mds.gov.br/ascom/Fomezero/balanco/conteudo/html/10_programas.htm
Http://www.mds.gov.br/ascom/Fomezero/balanco/conteudo/html/03_ampliacao_01.htm
Cai o número de óbitos violentos, provavelmente devido ao aumento dos empregos e à diminuição da miséria:
http://oglobo.globo.com/online/plantao/2005/12/16/189668186.asp
Cada vez mais pessoas conseguem se formar, o que indica melhor distribuição de renda:
http://portal.mec.gov.br/index.php?Option=content&task=view&id=3836&flagnoticias=1&Itemid=3979
Economia estável:
http://oglobo.globo.com/online/economia/189712591.asp
Artigo opinativo sobre corrupção:
http://carosamigos.terra.com.br/outras_edicoes/edicoes_especiais/corrupcao/editorial.asp
Amanhã, por que não voto no Alckmin.
segunda-feira, 2 de outubro de 2006
São sempre os mesmos governantes, os mesmos que lucraram antes.
Nos Governos dos Estados, tivemos Arruda (que violou o painel eletrônico do Senado com o ACM), Sarney (eterno cacique maranhense) e o Vampiro Anêmico (para quem a palavra não vale nada).
E que venha o segundo turno para presidente. O Sapo vai ter que explicar algo que não é responsabilidade dele (a história do dossiê é treta do Mercadante) enquanto o Picolé, montado no trator da mídia (Frias, Mesquitas, Marinhos) e na mentalidade segregacionista e egocêntrica da classe média, virá fortalecido, com tudo. Espero que não tenha (mais) baixaria nem factóides.
E eu sigo sem entender por que, para a classe média, interessa saber de onde veio o dinheiro para a compra do dossiê e não o seu conteúdo em si, o qual incrimina seriamente o assessor do Serra. E sem entender por que Bolsa-Família é assistencialismo e empréstimos de mãe pra filho do BNDES (na Era FgagáC) para empresas gringas comprarem nossas estatais a troco de padaria não é.
E quero ver se o Sr. Educação, capacho do Chuchu no debate e também adepto do Caixa 2 (by Okamotto), vai fazer jus à memória do Brizola (e do partido de esquerda no qual ele está) ou vai apoiar o PSDB-PFL.
Quanto a HH, ah, com essa eu nem me importo porque é louca, café-com-leite.
Na verdade, tô desanimado. O povo de São Paulo é muito burro, vota por brincadeira, por preconceito, por birra. Foi assim quando a Marta perdeu "por ser perua", "por ser arrogante", "por trair o marido". Não adianta insistir, anos a fio, pra galera, vote em quem votar, fazê-lo conscientemente.
E agora temos quatro anos pela frente com Serra Pinóquio e os quatro cavaleiros do apocalipse (Enéas, Clodovil, Russomano e Maluf). Desisto.
domingo, 1 de outubro de 2006
"Os automóveis parecem voar."
sábado, 30 de setembro de 2006
Prefeito do PSDB é preso por comprar votos no Pará
De acordo com o jornal Diário do Pará, a prisão aconteceu, quando a juíza viu que muitas pessoas se aglomeravam em uma casa, de propriedade do prefeito, e desconfiou da movimentação. Ao entrar no local, encontrou, trancados em dois quartos, uma grande quantidade de material de propaganda e produtos alimentícios, como arroz, óleo, charque, biscoito, sal e café, além de caixas de papelão para a entrega de cestas básicas. Dezesseis caixas já estavam prontas.
Entre o material apreendido, estavam santinhos do deputado federal Nilson Pinto (PSDB) e do deputado estadual André Dias (PSDB), além de adesivos do candidato a presidente Geraldo Alckmin e do deputado estadual Pio Neto (PTB).
A juíza também recolheu um caderno com anotações de nomes e localidades e outro com relação de pessoas, valores monetários e materiais de construção. No meio desse material, estava o título de uma eleitora. O prefeito foi enquadrado no artigo 299 do Código Eleitoral, que dispõe sobre compra de votos, pagou fiança e foi liberado na manhã desta sexta-feira.
http://noticias.terra.com.br/eleicoes2006/interna/0,,OI1166446-EI6671,00.html
sexta-feira, 29 de setembro de 2006
Os golpistas estão descontrolados!
Fotos de uma investigação que corre em sigilo "misteriosamente vazam" para a imprensa. Engraçado que é exatamente o mesmo tipo de "golpe baixo" que a compra do dossiê seria.
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI1166556-EI6578,00.html
O conteúdo do dossiê e as acusações dos Vedoins não foram nem investigadas, nem divulgadas com o mínimo de boa vontade.
http://www.comunique-se.com.br/index.asp?p=Conteudo/NewsShow.asp&p2=idnot%3D31935%26Editoria%3D8%26Op2%3D1%26Op3%3D0%26pid%3D41273985600%26fnt%3Dfntnl
E vamos que vamos. Calma que este não é um blog político, mas tô sem tempo pra fazer posts mais elaborados.
...e ele também não sabia de nada.
Ah, entendi: desde que seja "levantando a bandeira da educação", então vale tudo. Então tá.
quinta-feira, 28 de setembro de 2006
Na imprensa brasileira, pau que bate em Chico NÃO bate em Francisco.
"Em suas investigações, a Polícia Federal descobriu que, em 2001, chegou uma denúncia anônima encaminhada diretamente a José Serra e protocolada no Ministério da Saúde. Segundo o relatório da PF, a denúncia “dá conta da prática de diversos crimes”. Havia dois acusados. Um deles era Platão Fischer Puhler, diretor do Departamento de Programas Estratégicos e um dos homens de confiança do ministro. O outro era o empresário Jaisler Jabour, que mais tarde se descobriu ser o chefe do braço na iniciativa privada dos vampiros. Segundo a denúncia, Platão estava cometendo “as maiores barbaridades” no milionário setor de compras, em parceria com Jabour. Ele dizia que a preferência dos envolvidos era por compras internacionais, que facilitariam depósitos em contas bancárias estrangeiras. “O que está ocorrendo nesta área é um escândalo”, dizia a denúncia. A polícia constatou que Serra recebeu o documento. E leu. O que fez Serra? Em vez de protocolar um ofício formal na PF, mandou o próprio Platão, o acusado, ir lá para denunciar a si mesmo. Curiosamente, nada aconteceu. O caso dos vampiros só estourou três anos depois, durante o governo Lula."
[ http://www.terra.com.br/istoe/1927/brasil/1927_serra_e_os_vampiros.htm ]
segunda-feira, 25 de setembro de 2006
Trabalho e idiotice
Cada vez mais os idiotas com dinheiro pegam migalhas do mercado, subnichos dos subnichos, trabalhando com quarteirização, quinteirização e sexteirização de serviços.
E os idiotas sem dinheiro fazem cada vez mais trabalhos irrelevantes, tão fragmentados que não conseguem ter a menor idéia do produto final, nem conseguem se reconhecer nele.
Nada mais que a pequena parte de um pequeno processo para um pequeno produto que serve a uma pequena empresa que vende para outra pequena empresa que repassa para o pequeno consumidor.
Não apenas o idiota sem dinheiro é alienado do produto do seu trabalho (devido à fragmentação da produção), como é alienado de sua utilidade; se antes o problema era não ter dinheiro para comprar o que produzia, hoje o problema é o produto não lhe ter nenhuma utilidade.
O trabalho dos idiotas sem dinheiro, com seus sub-salários, perde a importância, enquanto os idiotas com dinheiro lucram com suas sub-empresas de subprodutos.
quinta-feira, 21 de setembro de 2006
Algumas perguntas sobre o caso do dossiê
1. Por que o PT arriscaria uma eleição praticamente ganha para tentar a compra de um dossiê cujo conteúdo está metade na Istoé da semana passada (grátis no site), metade num vídeo que está de graça no Youtube? Claro que pode ser verdade, o que comprovaria uma extrema burrice do setor do partido responsável pela ação atabalhoada. Afinal, a vantagem do Serra é tão grande que não há tempo hábil para a denúncia reverberar nos votos a ponto de pôr em risco sua eleição. Por outro lado, não é mais interessante à oposição fazer Lula sangrar mais um pouco para trazer mais uns votos para o Legislativo dela?
2. Por que a mídia, em nenhum momento, questiona o teor das acusações do tal dossiê? Por acaso o crime de tentar comprar as informações é maior do que o envolvimento direto do Serra com os sanguessugas? Lembra-me o caso do Palocci, em que a imprensa fez barulho por causa da quebra do sigilo do caseiro, “esquecendo” de que o sujeito havia recebido R$ 20 mil na conta uma semana antes da “denúncia”?
3. Não é suspeitíssimo que o PSDB-PFL venha comentando há algumas semanas, como indicado em blogs políticos (Josias de Sousa, Fernando Rodrigues, etc.) sobre a possibilidade de um ”fato novo” bombástico que seria a última tacada da oposição para forçar um segundo turno? Isso não lembra a tal ex-mulher do Lula que surgiu às vésperas da eleição presidencial em 1989?
4. A mídia nunca esteve tão em cima de um governo, e nunca, em nenhuma presidência, houve tanta liberdade de atuação e investigação por parte da PF. E o que foi provado até agora, desde a onda de escândalos e denuncismos? Caixa 2?
5. Também não se deve suspeitar de isso aparecer coincidentemente quando a campanha do Geraldo fica mais agressiva e, ao menor sinal de fogo, o PFL pedir impeachment?
Como eu já disse, pode haver meias-verdades, pode ser tudo verdade ou tudo mentira. Só não me deixo levar pelos Marinhos, Frias e Mesquitas, conhecidos de outros carnavais golpistas. Portanto sigo acompanhando atenta a criticamente os noticiários, à espera dos esclarecimentos, que se punam os culpados, caso haja, de ambos os lados. Tanto do governo, que muito provavelmente vem dando seus deslizes (alguma coisa disso tudo deve ser verdade) quanto da oposição que, no governo do estado, engavetou 70 CPIs e, na presidência, teve um "engavetador geral da república" para abafar até privataria e compra de votos. Enfim...
[Depois eu volto a esse assunto, não quero que o blog fique monotemático.]