Assim começava uma espécie de editorial de José Silvério, que “invadia” o espaço do programa Na Geral, naquela quinta-feira após o título da Copa do Brasil de 2009, que Corinthians conquistara sobre o Inter-RS, ganhando na bola e no pau, sem tomar conhecimento do adversário.
Em seu depoimento, o Pai do Gol fazia um mea culpa, em nome da imprensa esportiva, sobre essa necessidade de inventar “o melhor elenco do país” a cada ano. Ele citava caso do próprio Internacional: fizera mais de 100 gols no Gauchão daquele ano, mas contra quem? Uma coisa é pegar os coitados do Brasil de Pelotas, que havia perdido jogadores importantes num acidente de trânsito, e enfiar 8 a 0. Outra é pegar o SCCP, que vinha invicto no muito mais difícil Paulistão (aquele Corinthians com certeza era o melhor time do país). Deu no que deu: aos 20min do primeiro tempo da segunda partida a fatura já estava liquidada.
E assim, faz quase dez anos que Inter e Cruzeiro já começam favoritos qualquer campeonato, mesmo com vexames como tomar coco do Mazembe e do lixão do Peñarol (em casa, de virada), ou perder uma Libertadores, também de virada e também em casa, para o fraco Estudiantes.
Com o Santos foi a mesma coisa: ganhou o Paulista mais chato de todos os tempos, em que 20 equipes se arrastaram por cinco meses, para então se classificarem oito, depois quatro, e aí a tediosa final com um Corinthians desanimado pós-Tolima, sem confiança, e ainda em restruturação. Mesmo assim, o gol do Neymar só saiu com um frangaço de Júlio Cesar.
Depois veio a Libertadores mais fácil desde 1981 (aquela em que argentinos e uruguaios caíram fora na primeira fase e o Atlético-MG foi operado pelo “flapito”, culminando com Flamengo jogando mata-matas contra Jorge Wilstermann, Deportivo Táchira e Cobreloa). Tem culpa o Santos? Nenhuma. Enfrentou quem veio e venceu. Só que, após quase nem passar da primeira fase, o muricybol apresentado contra adversários fracos, incluindo mexicanos de má vontade, deu a falsa impressão de “melhor time da América”.
Desde então o time entrou numa redoma, respaldado pela mesma lambeção de saco midiática que alça qualquer pivete a ídolo da seleção, a mesma que os protege, passa a mão na cabeça, condescendente até nos maiores vexames canarinho. São popstars, comem todas, bebem todas, têm iates, vão a mil baladas, são garotos-propaganda. E o futebol vai ficando em segundo, terceiro plano.
O problema é que na Europa não é assim. Veja Messi: sua humildade é reforçada por ele não ser incensado como Neymar é aqui, por exemplo. É cobrado tanto no Barcelona quanto na Argentina. Talvez por questão cultural, talvez por haver tantos craques por lá.
O fato é que, enquanto o Barça continuou treinando, se aperfeiçoando, buscando reforços, jogando Espanhol, Copa do Rei e Champions League, o Santos deitou-se na fama e abiu mão do dificílimo Brasileirão, sob a desculpa de se preparar para o Mundial.
Claro que deixá-lo de lado durante as finais da Libertadores era essencial; mas houve o ano inteiro depois, senão para tentar o título, manter o time “ligado”. Disputar, durante mais de meio ano, contra times fortes como São Paulo, Corinthians, Vasco, Flamengo e Fluminense, mais do que deixar o time cansado, deixá-lo-ia preparado minimamente para a pedreira que viria; haveria tempo para testar jogadores e esquemas táticos. Mais do que isso: as dificuldades mostrariam que as facilidades do primeiro semestre eram enganosas, o Santos não era tão melhor que o resto (discuto até se é o melhor time do Brasil mesmo, mas enfim).
Ficou óbvio que Muricy não preparou ninguém para o que viria. Parece que sequer estudou o adversário. Houve cinco meses para preparar o time, e ele me vem com três zagueiros. Só. A grande mudança, após meio ano de suposta preparação, foram três fucking zagueiros. Já os jogadores parecem ter acreditado na imprensa esportiva daqui, que, salvo pouquíssimas exceções, coisa de dois ou três mais lúcidos, diziam que o melhor time do país e do continente tinha chances de vencer sim, de jogar de igual pra igual, e que Neymar ia mostrar ao mundo, no duelo com Messi, que era o melhor.
Veio o jogo e as expressões de pânico de Danilo, Dracena e Durval, o DDD, mostravam a realidade: os "Meninos da Vila”, que são é um bando de véios refugados e outras equipes, caíram no conto da mídia e acharam que Puyol era grosso, era só marcar o Messi e Piqué nem era tudo isso. Veio o massacre catalão e os caiçaras pareciam esperar que Neymar resolvesse sozinho. Borges ficou isolado, Arouca não foi visto durante o jogo e Ganso foi displicente, pensando mais no dinheiro que na bola.
Pano rápido. A mesma imprensa agora ressaltava que o Santos era “só um time” (ué, seria o quê?) e o Barcelona, coisa de outro mundo, desrespeitando todo o trabalho de base do clube e toda a insistência de Guardiola em montar aquele esquema de carrossel. A vitória ficou parecendo um acaso, pra quem via o jogo no Brasil. “Ah, não tinha o que fazer”. Emprego fácil esse o de comentarista esportivo, não requer a menor coerência.
O fato é que qualquer time de ponta do Brasil, o Corinthians, por exemplo, com mais poder de marcação E VONTADE DE VENCER teria dado mais jogo. Provavelmente também seria goleado, mas não ficaria assistindo ao jogo entre o terror e a reverência.
Fica a lição pro jornalismo esportivo: estudem, meus caros, pois quase todo o elenco do Barça é montado na base, não é só questão de grana, é seriedade, é trabalho. Parem de iludir o menino Neymar, que ontem viu o bem que fez em ficar no Brasil dando rolinho nos coitados do Santo André. E chega de ficar passando a mão na cabeça dos jogadores, como se fossem pré-adolescentes. Futebol é jogo de homem.
As desculpas foram deprimentes: Muricy, cheio de marra, disse que a derrota não tinha nenhum peso. Edu Dracena, “nós demos nosso melhor”. Porra, você fica cinco meses se preparando (em tese) pra tomar dois gols em 20min, sem nem tocar na bola, e tá tudo bem?
Neymar, que havia poucos meses falara que o Santos tinha “encantado a América” (não, você é que tinha, seu time foi uma retranca feia de doer, que esperava sua resolução mágica) teve o choque de realidade de quem aprendeu o que era encanto de verdade.
Sim, foi vexame. Não pelo placar, mas pela postura. Do time e da imprensa. Menos mal que a torcida, que eu saiba, não embarcou nesse oba-oba em nenhum momento. Que mude essa cultura de que atletas e técnicos vencedores são intocáveis e jamais erram, jamais podem ser cobrados. E viva o Barça, provável melhor time de todos os tempos.
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
sábado, 26 de novembro de 2011
Os homens e os deuses são a mesma aposta.
[Finalzinho de 2010.]
[18h26min] Eu acordava de um sonho e ia comer batatas cozidas com atum, tipo aquelas saladas frias, enquanto esperava uma carne fritar. Enquanto isso lembrava de um sonho dentro de um sonho, no qual eu sonhava³ com uma Morte solene feito a d’O Sétimo Selo, com a aparência de uma carta de tarô, dizendo que ela era puríssima e verdadeira, e o homem mera imitação porque Deus nos fez simulacro dele mesmo, e mais, do Adão, do ser primordial. [18h27min]
[18h26min] Eu acordava de um sonho e ia comer batatas cozidas com atum, tipo aquelas saladas frias, enquanto esperava uma carne fritar. Enquanto isso lembrava de um sonho dentro de um sonho, no qual eu sonhava³ com uma Morte solene feito a d’O Sétimo Selo, com a aparência de uma carta de tarô, dizendo que ela era puríssima e verdadeira, e o homem mera imitação porque Deus nos fez simulacro dele mesmo, e mais, do Adão, do ser primordial. [18h27min]
Só sei que, ao redor, tudo era silêncio e treva.
[Final de 2010]
Sonhei que estava num terreno baldio bem extenso, com mais uma pessoa, quando começamos a ouvir uma voz sombria repetir inexoravelmente “qualquer dia é sexta-feira, qualquer hora é meia-noite”, quando veio correndo, do horizonte para a nossa direção, uma criatura monstruosa, quimérica, com partes de lobo, demônio e outros bichos. Começamos a correr em fuga, pulando arbustos, muretas e arames, até que essa pessoa que estava comigo e foi apanhada. Eu, covarde, para não morrer, comecei a entoar o coro maldito também. Apareceram então os caras da minha banda e mais uns amigos, e íamos fazer um show, acho. Um dos caras falava muito sobre nós, quando chegamos numa parte do terreno em que havia uma espécie de muro de vidro, com vários negros e três mulheres com roupas africanas, fossem de uma tribo ou dançarinas típicas. Elas pegaram nas minhas mãos, ficaram esfregando os dedos nos meus enquanto me faziam girar numa ciranda ao som de outro cântico estranho, com um nome que parecia ser de dança tribal. Deixei-me levar e enlevar, até perceber que meus dedos estavam inchadíssimos, grudados, queimados e grudados. Doíam demais! – e como eu iria fazer o tal show? Um dos meus amigos foi procurar ajuda no que parecia ser a praça central da cidade, mas eu só pensava em um bebedouro para molhar aquelas queimaduras. Então lavei aquelas mãos deformadas e desci escadas obscuras para não sei onde.
Sonhei que estava num terreno baldio bem extenso, com mais uma pessoa, quando começamos a ouvir uma voz sombria repetir inexoravelmente “qualquer dia é sexta-feira, qualquer hora é meia-noite”, quando veio correndo, do horizonte para a nossa direção, uma criatura monstruosa, quimérica, com partes de lobo, demônio e outros bichos. Começamos a correr em fuga, pulando arbustos, muretas e arames, até que essa pessoa que estava comigo e foi apanhada. Eu, covarde, para não morrer, comecei a entoar o coro maldito também. Apareceram então os caras da minha banda e mais uns amigos, e íamos fazer um show, acho. Um dos caras falava muito sobre nós, quando chegamos numa parte do terreno em que havia uma espécie de muro de vidro, com vários negros e três mulheres com roupas africanas, fossem de uma tribo ou dançarinas típicas. Elas pegaram nas minhas mãos, ficaram esfregando os dedos nos meus enquanto me faziam girar numa ciranda ao som de outro cântico estranho, com um nome que parecia ser de dança tribal. Deixei-me levar e enlevar, até perceber que meus dedos estavam inchadíssimos, grudados, queimados e grudados. Doíam demais! – e como eu iria fazer o tal show? Um dos meus amigos foi procurar ajuda no que parecia ser a praça central da cidade, mas eu só pensava em um bebedouro para molhar aquelas queimaduras. Então lavei aquelas mãos deformadas e desci escadas obscuras para não sei onde.
.Ph’nglui mglw’nafh Cthulhu R’lyeh wgah’nagl fhtagn.
[Últimos dias de dezembro de 2010]
Sonhei que estava num cenário típico das histórias de HP Lovecraft, mais precisamente Sombras Perdidas No Tempo. Aquelas coisas gigantescas, descomunais, em arquiteturas de pesadelo, ciclópicas e gotejantes, de pavor e aflição cósmica, criptografias monstruosas anunciando o inevitável despertar dos Grandes Antigos. E quer saber? Foi mais divertido, bem mais, do que aqueles sonhos em que você tenta resolver coisas do período de vigília… e também não consegue.
Sonhei que estava num cenário típico das histórias de HP Lovecraft, mais precisamente Sombras Perdidas No Tempo. Aquelas coisas gigantescas, descomunais, em arquiteturas de pesadelo, ciclópicas e gotejantes, de pavor e aflição cósmica, criptografias monstruosas anunciando o inevitável despertar dos Grandes Antigos. E quer saber? Foi mais divertido, bem mais, do que aqueles sonhos em que você tenta resolver coisas do período de vigília… e também não consegue.
And in confusing anger, they fall so low.
[Último trimestre de 2010.]
[14h53min] Uma noite dessas sonhei que estava em uma estação de trem, uma que eu costumava freqüentar, quando, ao amanhecer, o sistema de som anunciou que havia um maníaco atacando mulheres em outra linha. Eu ficava te esperando, você não aparecia, eu me preocupava, até que você chegava e sentava, em silêncio, ao meu lado no trem. O vagão, que estava cheio de seres obscuros e indefinidos, feito aquele bicho preto do trem que a Chihiro pega no final do filme (a parte mais intrigantemente bela), parava em uma estação, as portas abriam e assim permaneciam por tempo suficiente para que eu pudesse ver, nos trilhos, uma criança deformada, com vestidinho de menina e cabeça virada feito a Linda Blair possuída, mas com um sorriso demente, perverso, diabólico, andando enviesada pela via permanente e batendo a cabeça deliberadamente nos dormentes, repetidamente. Então ela raspava as mãos nos pedregulhos até que os dedos virassem uma pasta sanguinolenta, e assim também infinitas vezes. A porta se fechava, começava uma briga entre os seres indefinidos. Eu olhava sua bolsa, dela escorria uma meleca: era o sumo de frutos apodrecidos que você carregava. A briga então me tomava: eu era atingido em cheio por um extintor de incêndio, que fazia jorrar meu sangue ao abrir meu crânio e fazer pender meu maxilar. Antes que o pesadelo acabasse eu ainda permanecia uns instantes, desfigurado, tentando entender tudo aquilo. [14h58min]
[14h53min] Uma noite dessas sonhei que estava em uma estação de trem, uma que eu costumava freqüentar, quando, ao amanhecer, o sistema de som anunciou que havia um maníaco atacando mulheres em outra linha. Eu ficava te esperando, você não aparecia, eu me preocupava, até que você chegava e sentava, em silêncio, ao meu lado no trem. O vagão, que estava cheio de seres obscuros e indefinidos, feito aquele bicho preto do trem que a Chihiro pega no final do filme (a parte mais intrigantemente bela), parava em uma estação, as portas abriam e assim permaneciam por tempo suficiente para que eu pudesse ver, nos trilhos, uma criança deformada, com vestidinho de menina e cabeça virada feito a Linda Blair possuída, mas com um sorriso demente, perverso, diabólico, andando enviesada pela via permanente e batendo a cabeça deliberadamente nos dormentes, repetidamente. Então ela raspava as mãos nos pedregulhos até que os dedos virassem uma pasta sanguinolenta, e assim também infinitas vezes. A porta se fechava, começava uma briga entre os seres indefinidos. Eu olhava sua bolsa, dela escorria uma meleca: era o sumo de frutos apodrecidos que você carregava. A briga então me tomava: eu era atingido em cheio por um extintor de incêndio, que fazia jorrar meu sangue ao abrir meu crânio e fazer pender meu maxilar. Antes que o pesadelo acabasse eu ainda permanecia uns instantes, desfigurado, tentando entender tudo aquilo. [14h58min]
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Fascistas de direita, fascistas de esquerda
O bom/ruim das redes sociais é que um assunto se desgasta tanto, mas TANTO, em poucos dias, com o turbilhão de programas alternativos no YouTube, blogueiros ~formadores de opinião~, escrevinhadores de notas no Facebook e guerrilheiros de Twitter é tamanha que poupa este blog (e seu saco) de muito palpite meu.
Eu ia falar da USP, depois da maconha, depois da PM, mas em dois ou três dias eu já não aguentava mais a irracionalidade dos dois lados nem a profusão de vídeos e textos com A VERDADE SOBRE ___________ (complete com a polêmica de sua preferência).
É aluno, professor, político, policial, todo mundo desesperado pra se mostrar cabeça-feita, “Ei, eu tenho uma opinião, não sou manipulado!”. E, até que a imprensa, a mesma que todos amam odiar, consiga apurar fatos (após desviar das pedras reais e virtuais) e apurar as coisas até com certo atraso (em termos de internet), porém com embasamento e FATOS (basta notar a diferença entre este e este texto em relação ao resto), fica esse rebosteio todo.
Não vou chutar cachorro morto – no caso, quem clamou por Lula no SUS, Bope no Congresso, simples remoção de mendigos e viciados pra PQP, ROTA na FFLCH. O negócio aqui são as nuances, sempre mais perigosas.
Disso, ficam alguns postulados lamentáveis:
1. A esquerda exige uma venda casada.
Você precisa necessariamente abraçar umas porras de bandeiras que sei lá quem decidiu que são obrigatórias para a obtenção do diploma esquerdista: tem que apoiar maconha, movimento estudantil, feminismo, Cuba, etc., caso contrário (não pode nem questionar, hein), você vira “direitão enrustido”.
2. O preconceito são os outros.
Não pode fala que maconheiro financia o tráfico, que feministas são intransigentes ou que o movimento estudantil é coisa de vagabundo; mas falar que PM é tudo cuzão, que os antidroga são moralistas ou que os detratores da USP têm inveja é OK.
3. A imprensa é sempre reduzida ao absurdo.
Tal como a PM, a imprensa é evocada quando ELES querem: “Durante essa ação, a moradia estudantil (CRUSP) foi sitiada com o uso de gás lacrimogêneo e um enorme aparato policial. Paralelamente, as tropas da polícia levaram a cabo a desocupação do prédio da reitoria, impedindo que a imprensa acompanhasse os momentos decisivos da operação.”.
Ué, a imprensa foi | é | será hostilizada por eles, em quaisquer manifestações. Tudo é reduzido a Globo e Veja. Então fiquem com a incrível cobertura dos próprios estudantes. E pensar que, de longe, os melhores textos foram da Carta Capital e da Época, ou seja, jornalistas.
Essa baderna, essa desunião e esse despreparo mostram porque, no fim, é sempre a Direita que acaba mandando nos destinos do país. Eles sempre estão unidos pelo bem comum (deles), o poder, enquanto o resto fica nesse macartismo de sinal trocado. A witch! A witch!
Eu ia falar da USP, depois da maconha, depois da PM, mas em dois ou três dias eu já não aguentava mais a irracionalidade dos dois lados nem a profusão de vídeos e textos com A VERDADE SOBRE ___________ (complete com a polêmica de sua preferência).
É aluno, professor, político, policial, todo mundo desesperado pra se mostrar cabeça-feita, “Ei, eu tenho uma opinião, não sou manipulado!”. E, até que a imprensa, a mesma que todos amam odiar, consiga apurar fatos (após desviar das pedras reais e virtuais) e apurar as coisas até com certo atraso (em termos de internet), porém com embasamento e FATOS (basta notar a diferença entre este e este texto em relação ao resto), fica esse rebosteio todo.
Não vou chutar cachorro morto – no caso, quem clamou por Lula no SUS, Bope no Congresso, simples remoção de mendigos e viciados pra PQP, ROTA na FFLCH. O negócio aqui são as nuances, sempre mais perigosas.
Disso, ficam alguns postulados lamentáveis:
1. A esquerda exige uma venda casada.
Você precisa necessariamente abraçar umas porras de bandeiras que sei lá quem decidiu que são obrigatórias para a obtenção do diploma esquerdista: tem que apoiar maconha, movimento estudantil, feminismo, Cuba, etc., caso contrário (não pode nem questionar, hein), você vira “direitão enrustido”.
2. O preconceito são os outros.
Não pode fala que maconheiro financia o tráfico, que feministas são intransigentes ou que o movimento estudantil é coisa de vagabundo; mas falar que PM é tudo cuzão, que os antidroga são moralistas ou que os detratores da USP têm inveja é OK.
3. A imprensa é sempre reduzida ao absurdo.
Tal como a PM, a imprensa é evocada quando ELES querem: “Durante essa ação, a moradia estudantil (CRUSP) foi sitiada com o uso de gás lacrimogêneo e um enorme aparato policial. Paralelamente, as tropas da polícia levaram a cabo a desocupação do prédio da reitoria, impedindo que a imprensa acompanhasse os momentos decisivos da operação.”.
Ué, a imprensa foi | é | será hostilizada por eles, em quaisquer manifestações. Tudo é reduzido a Globo e Veja. Então fiquem com a incrível cobertura dos próprios estudantes. E pensar que, de longe, os melhores textos foram da Carta Capital e da Época, ou seja, jornalistas.
Essa baderna, essa desunião e esse despreparo mostram porque, no fim, é sempre a Direita que acaba mandando nos destinos do país. Eles sempre estão unidos pelo bem comum (deles), o poder, enquanto o resto fica nesse macartismo de sinal trocado. A witch! A witch!
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
Crepúsculo dos ídolos
Parece que artistas não sabem mesmo usar a internet; nisso estão no mesmo nível dos jogadores de futebol. Talvez porque ambos sempre tenham vivido uma relação distante com os fãs (e detratores), uma coisa eles-lá-e-eu-aqui.
Enquanto no futebol os boleiros-tuiteiros falam bobagens diárias, e depois precisam apagar os posts (rezando pra que ninguém tenha dado printscreen), dar desculpas esfarrapadas ou ficar se explicando pelo resto da carreira, os artistas, de quem, geralmente, se espera um pouco mais de esclarecimento e visão, estão na mesma toada – dir-se-ia pior, já que esses deveriam estar muito mais acostumados a todas as mídias.
Pois a coisa vem degringolando com as redes sociais. Se antes o que havia era artista consagrado como o Scott Ian, do Anthrax (que devia dar graças à net por alguém ainda lembrar-se dele), reclamando dos downloads “ilegais” ou gente ingrata que fez carreira na web e agora fala mal dela, como a Lilly Allen, agora a onda é queimar o próprio filme geral, mostrar que é realmente um babaca quando não está no palco ou na tevê (tá, alguns são babacas também lá, mas você entendeu).
Temos as categorias:
– palpiteiro (Marcelo Tas, Edu Falaschi, Luiz Ceará, Tico Santa Cruz): esse artista-jornalista-apresentador-whatever acha que o mundo não pode girar em paz sem seus opúsculos virtuais de sabedoria, geralmente repletos de ressentimento tolo e pouca educação; pouco importa se ele é jornalista de esportes, vai comentar até sobre o colisor de hádrons na coluna dele.
– malcriado (Luana Piovani, Roger Moreira, Marcos Kleine [quem?]): esse se adaptou mal, muito mal, à era em que qualquer pessoa pode criticá-lo diretamente, ou mesmo fazer um chiste. Claro que, se o cara é ofendido com @ e tudo, tem todo o direito de se ofender e se defender. Porém esses supracitados não só reclamam e “dão carteirada” (“eu faço sucesso”, “faz melhor“, “pelo menos já cheguei lá [err, aonde]?”), como às vezes xingam mesmo a qualquer menção a ele, por um narcisista pero inseguro search com o próprio nome ativado no TweetDeck.
– jurássico (90% dos artistas): esse se limita a retuitar mídias em que ele aparece, ou dizer “indo pro show” e “a estreia foi legal”. Zero de interesse geral ou interação com os fãs (ou com a realidade); não sei que parte de “social” ele não entendeu.
A impressão que se tem é que, contaminados pelos mimos de puxa-sacos, empresários/patrões desde sempre, além da pouca opção de mídia de outrora (sem net ou TV a cabo), eles estão perdendo o bonde, enquanto artistas mais espertos estão evoluindo e adaptando suas carreiras a essa realidade inevitável em que o artista precisa entender melhor sua figura pública, seus fãs e sua relevância.
Enquanto no futebol os boleiros-tuiteiros falam bobagens diárias, e depois precisam apagar os posts (rezando pra que ninguém tenha dado printscreen), dar desculpas esfarrapadas ou ficar se explicando pelo resto da carreira, os artistas, de quem, geralmente, se espera um pouco mais de esclarecimento e visão, estão na mesma toada – dir-se-ia pior, já que esses deveriam estar muito mais acostumados a todas as mídias.
Pois a coisa vem degringolando com as redes sociais. Se antes o que havia era artista consagrado como o Scott Ian, do Anthrax (que devia dar graças à net por alguém ainda lembrar-se dele), reclamando dos downloads “ilegais” ou gente ingrata que fez carreira na web e agora fala mal dela, como a Lilly Allen, agora a onda é queimar o próprio filme geral, mostrar que é realmente um babaca quando não está no palco ou na tevê (tá, alguns são babacas também lá, mas você entendeu).
Temos as categorias:
– palpiteiro (Marcelo Tas, Edu Falaschi, Luiz Ceará, Tico Santa Cruz): esse artista-jornalista-apresentador-whatever acha que o mundo não pode girar em paz sem seus opúsculos virtuais de sabedoria, geralmente repletos de ressentimento tolo e pouca educação; pouco importa se ele é jornalista de esportes, vai comentar até sobre o colisor de hádrons na coluna dele.
– malcriado (Luana Piovani, Roger Moreira, Marcos Kleine [quem?]): esse se adaptou mal, muito mal, à era em que qualquer pessoa pode criticá-lo diretamente, ou mesmo fazer um chiste. Claro que, se o cara é ofendido com @ e tudo, tem todo o direito de se ofender e se defender. Porém esses supracitados não só reclamam e “dão carteirada” (“eu faço sucesso”, “faz melhor“, “pelo menos já cheguei lá [err, aonde]?”), como às vezes xingam mesmo a qualquer menção a ele, por um narcisista pero inseguro search com o próprio nome ativado no TweetDeck.
– jurássico (90% dos artistas): esse se limita a retuitar mídias em que ele aparece, ou dizer “indo pro show” e “a estreia foi legal”. Zero de interesse geral ou interação com os fãs (ou com a realidade); não sei que parte de “social” ele não entendeu.
A impressão que se tem é que, contaminados pelos mimos de puxa-sacos, empresários/patrões desde sempre, além da pouca opção de mídia de outrora (sem net ou TV a cabo), eles estão perdendo o bonde, enquanto artistas mais espertos estão evoluindo e adaptando suas carreiras a essa realidade inevitável em que o artista precisa entender melhor sua figura pública, seus fãs e sua relevância.
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Sein-zum-Tod
Pegou aquele Dia de Finados, meio cinzento, silencioso e, sobretudo, solitário – havia mais morte dentro de si do que em todos os cemitérios juntos, para uma insólita aventura: visitar alguns velórios de pessoas desconhecidas. Infiltrar-se como se fosse um conhecido só do morto, um parente distante daqueles que só aparecem em tais ocasiões, e procurar, na listagem à Administração, um nome que lhe fosse simpático. Daí era só se aproximar, com suas roupas casuais, discretas, sua fala monocórdia e seus gestos educados. Adentrava, olhava bem o defunto, tentava alguma empatia com aquela coisa rígida e amarelada, coberta de flores e impávida. Depois consolava a família mais próxima sob a luz das velas e o perfume dos crisântemos. Saía entre as coroas de “saudades eternas” e, após ouvir conversas nas diversas rodas de amigos e familiares que pareciam mais distantes, descobria coisas o suficiente sobre o morto para engatar algumas conversas. O resto era conseqüência, só deixar rolar. Ninguém ali estava em condições de questionar nada, nem ninguém. Quando enjoava, saía em silêncio e ia a outra sala, depois a outro cemitério. Enterros não lhe interessavam, a coisa era mais desbragada, menos solene, os gritos de desespero, o descaso dos coveiros, nada sutil. Queria a sintonia fina do interstício entre a morte e a morte além da morte. E, sobretudo, achava interessante alguém morrer justo no Dia dos Mortos, um clichê que, por sua ironia, não deixava de ser amargamente engraçado.
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
É o que parecia: que as coisas conversam coisas surpreendentes, fatalmente erram, acham solução.
As redes sociais fazem com que a pessoa se sinta na obrigação de dar palpite sobre tudo, de mostrar conhecimento em qualquer assunto, pra não parecer desinformado ou alienado, pra não se sentir excluído das conversas.
Antes a coisa se limitava aos fóruns de discussão, fechados e reduzidos a especialistas, ou pelo menos gente que se interessava a fundo pelo tema dos tópicos. N’Orkut, com suas comunidades, idem.
Mas o curtir/compartilhar do Facebook e os comentários (anônimos, muitas vezes) nos sites de notícias faz com que pessoas às vezes insuspeitas cometam os maiores absurdos no afã, recheado de babaquice, de mandar um parecer polêmico, definitivo e inesquecível sobre os temas mais complexos, a fim de parecer cabeça-feita, combativo, militante de sei lá o quê.
E tudo piorou no Twitter: aborto, questão palestina, convocações do Mano, mecânica quântica, embargo norte-americano a Cuba, tudo morre em aforismos de até 140 caracteres. É o academicismo do slogan, com notas de Wikipédia no rodapé.
De repente ficou feio dizer “não sei”, “não tenho certeza”, “eu acho que” ou “não tenho opinião formada”... mudar de opinião, então, nem pensar! Não há mais debates, mas tão-somente palestras. Ninguém quer saber de discutir, aprender, etc.; é só descer dos céus feito avatar hindu e derramar sabedoria sobre os bárbaros.
Isso me lembra Dilbert para o Chefe De Cabelos Pontudos: O conhecimento em pequenas quantidades é mesmo uma coisa ridícula”.
Antes a coisa se limitava aos fóruns de discussão, fechados e reduzidos a especialistas, ou pelo menos gente que se interessava a fundo pelo tema dos tópicos. N’Orkut, com suas comunidades, idem.
Mas o curtir/compartilhar do Facebook e os comentários (anônimos, muitas vezes) nos sites de notícias faz com que pessoas às vezes insuspeitas cometam os maiores absurdos no afã, recheado de babaquice, de mandar um parecer polêmico, definitivo e inesquecível sobre os temas mais complexos, a fim de parecer cabeça-feita, combativo, militante de sei lá o quê.
E tudo piorou no Twitter: aborto, questão palestina, convocações do Mano, mecânica quântica, embargo norte-americano a Cuba, tudo morre em aforismos de até 140 caracteres. É o academicismo do slogan, com notas de Wikipédia no rodapé.
De repente ficou feio dizer “não sei”, “não tenho certeza”, “eu acho que” ou “não tenho opinião formada”... mudar de opinião, então, nem pensar! Não há mais debates, mas tão-somente palestras. Ninguém quer saber de discutir, aprender, etc.; é só descer dos céus feito avatar hindu e derramar sabedoria sobre os bárbaros.
Isso me lembra Dilbert para o Chefe De Cabelos Pontudos: O conhecimento em pequenas quantidades é mesmo uma coisa ridícula”.
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
Vens de vidas já vividas
Fiz conta no Flixter, Flickr
Usei script no Twitter
Fiz Last, Setlist.fm
Até no Yahoo! Meme
Tô sozinho no Favstar
Ninguém me dá estrelinha lá.
Entra no [chat do] Facebook?
Vô apagar o meu Flogão, meu Fotolog
Esqueci a senha do meu blog
Pra que serve o meu Orkut?
Linked IN | Branch Out
MSN | AIM | ICQ | GTalk
Lembra do Geocities?
Aceita aí o meu convite
Pra jogar o meu The Sims
Minha Colheita Feliz.
Klout | MySpace | SecondLife
MailDocWaveBuzz, quem agüenta +
Como é que se diz Tumblr,
Cadê mIRC | BBS | Friendster?
Chat do Humortadela?
Essa internet é uma favela.
Heello, qual seu Get Glue?
Pelo caminho vai ficando
Plurk | Que Pasa | Beltrano
- ALGUÉM ME TIRA DO BADOO!
Usei script no Twitter
Fiz Last, Setlist.fm
Até no Yahoo! Meme
Tô sozinho no Favstar
Ninguém me dá estrelinha lá.
Entra no [chat do] Facebook?
Vô apagar o meu Flogão, meu Fotolog
Esqueci a senha do meu blog
Pra que serve o meu Orkut?
Linked IN | Branch Out
MSN | AIM | ICQ | GTalk
Lembra do Geocities?
Aceita aí o meu convite
Pra jogar o meu The Sims
Minha Colheita Feliz.
Klout | MySpace | SecondLife
MailDocWaveBuzz, quem agüenta +
Como é que se diz Tumblr,
Cadê mIRC | BBS | Friendster?
Chat do Humortadela?
Essa internet é uma favela.
Heello, qual seu Get Glue?
Pelo caminho vai ficando
Plurk | Que Pasa | Beltrano
- ALGUÉM ME TIRA DO BADOO!
terça-feira, 23 de agosto de 2011
Hoje em dia, somos todos escravos.
Em nossa sociedade pseudoliberal, porém cheia de pudores e coisas sob o tapete, é interessante observar que, enquanto o vício em drogas ilegais – começou com maconha, depois ecstasy, LSD, agora até cocaína vem se tornando aceitável nas festinhas de jovens*, sem falar nos psicotrópicos** – enquanto o álcool, conhecido pelo menos desde os tempos de Noé (o primeiro bebum registrado), é, ao mesmo tempo enaltecido entre jovens e velhos, seja como estimulante para tímidos, ansiolítico para “acelerados”, ou simplesmente prova de autossuficiência (“Eu bebo pra caralho uhuu!”) e condenatório a quem dele abusa.
[*Tá certo que cocaína mesmo era a puríssima, colombiana, que os yuppies cheiravam nos 1980s. Nada da farinha cara e ruim dos ripongos e disco-dancers, tampouco dessa tranqueira de R$ 20 que a molecada vem usando em qualquer boteco.
**Havia pouco quem usava qualquer tarja-preta era “maluco”, “gardenal” (olha o preconceito dentro do preconceito aí), hoje é GRAMUROZO falar “ai, vou chapar de Rivotril”... perdi o momento histórico em que os remédios psiquiátricos passaram de estigmatizantes a assunto para as redes sociais.]
Ao mesmo tempo em que o toxicômano é tratado como doente, coitadinho, alguém que precisa de ajuda – e olha que, mesmo no esculacho institucionalizado em que vivemos, não é tão simples assim descolar farinha, pedra e pico –, uma vítima das fraquezas humanas, da necessidade de pertencer a grupos/tribos e de agradar a eles, o álcool, igualmente celebrado, estimulado e, importante, MUITO MAIS BARATO, LEGALIZADO E DE FACÍLIMO ACESSO, DESDE SEMPRE, se torna uma desgraça para o alcoólatra: este é taxado de vagabundo, bebum, lixão, podre, cachaceiro, pudim-de-cana, alguém [in]digno de pena, que se arrasta pela existência, que cai pelas ladeiras e jamais curar-se-á.
Aí vem a maior distorção de raciocínio: pensamos que as drogas pesadas, uma vez que a maioria de nós não faz uso delas, são inerentemente perigosas, sem que se perceba que a imensa maioria dos que usam cocaína, por exemplo, o faz de modo “recreativo”, sem dependência. Maconha, então, nem se fala. Até crack há quem consiga usar e sair do abismo.
Já o álcool, só porque todos bebem sempre, das reuniões familiares aos churrascos da firma, cai logo a pecha de “fraco” sobre o que abusa do “mé”; afinal, eu uso, você usa, todo mundo usa, por que ele não se controla?
Em vez de pensarmos que esse é justamente o perigo, a banalização/aceitação, além do fácil acesso e o baixo preço, que faz com que tantos se viciem e, pior, tenham imensas dificuldades em se cuidar.
Tenho muito mais compaixão pelo tiozão pobre que só se fode na vida e acaba viciado na cachacinha que serve de anestesia existencial do que o #ClasseMédiaSofre que enfia o nariz onde não é chamado e depois vai chorar as pitangas numa clínica particular.
[*Tá certo que cocaína mesmo era a puríssima, colombiana, que os yuppies cheiravam nos 1980s. Nada da farinha cara e ruim dos ripongos e disco-dancers, tampouco dessa tranqueira de R$ 20 que a molecada vem usando em qualquer boteco.
**Havia pouco quem usava qualquer tarja-preta era “maluco”, “gardenal” (olha o preconceito dentro do preconceito aí), hoje é GRAMUROZO falar “ai, vou chapar de Rivotril”... perdi o momento histórico em que os remédios psiquiátricos passaram de estigmatizantes a assunto para as redes sociais.]
Ao mesmo tempo em que o toxicômano é tratado como doente, coitadinho, alguém que precisa de ajuda – e olha que, mesmo no esculacho institucionalizado em que vivemos, não é tão simples assim descolar farinha, pedra e pico –, uma vítima das fraquezas humanas, da necessidade de pertencer a grupos/tribos e de agradar a eles, o álcool, igualmente celebrado, estimulado e, importante, MUITO MAIS BARATO, LEGALIZADO E DE FACÍLIMO ACESSO, DESDE SEMPRE, se torna uma desgraça para o alcoólatra: este é taxado de vagabundo, bebum, lixão, podre, cachaceiro, pudim-de-cana, alguém [in]digno de pena, que se arrasta pela existência, que cai pelas ladeiras e jamais curar-se-á.
Aí vem a maior distorção de raciocínio: pensamos que as drogas pesadas, uma vez que a maioria de nós não faz uso delas, são inerentemente perigosas, sem que se perceba que a imensa maioria dos que usam cocaína, por exemplo, o faz de modo “recreativo”, sem dependência. Maconha, então, nem se fala. Até crack há quem consiga usar e sair do abismo.
Já o álcool, só porque todos bebem sempre, das reuniões familiares aos churrascos da firma, cai logo a pecha de “fraco” sobre o que abusa do “mé”; afinal, eu uso, você usa, todo mundo usa, por que ele não se controla?
Em vez de pensarmos que esse é justamente o perigo, a banalização/aceitação, além do fácil acesso e o baixo preço, que faz com que tantos se viciem e, pior, tenham imensas dificuldades em se cuidar.
Tenho muito mais compaixão pelo tiozão pobre que só se fode na vida e acaba viciado na cachacinha que serve de anestesia existencial do que o #ClasseMédiaSofre que enfia o nariz onde não é chamado e depois vai chorar as pitangas numa clínica particular.
terça-feira, 2 de agosto de 2011
Inútil paisagem
Meio-dia e seis.
Iam e vinham pessoas e trens nas plataformas da estação movimentada quando se deu conta de que as pessoas e até as máquinas pareciam apressadas demais, tão preocupadas com horários e destinos que nem se davam conta da extrema dor daquele céu de azul incrível.
Enquanto limpava com o lenço de seda o suor que escorria da testa e espantava as moscas oportunistas, cuspia a fumaça das locomotivas e levava esbarrões dos transeuntes absortos na rotina e nos compromissos e tentava fixar os olhos nos olhares alheios a ele e a tudo mais, no afã de receber um pouco de atenção silenciosa.
Pensava no vazio em que vagavam aquelas órbitas que pareciam fitar o Nada. Por que aquele súbito interesse na existência de estranhos? Sempre se considerara individualista, até egoísta, diriam alguns, imerso demais nos próprios planos, segredos, sonhos e problemas para pensar em gente que jamais vira e que provavelmente jamais veria novamente. Seria carência, solidão ou mero teste de quem não tinha o que fazer enquanto o próximo trem não vinha?
Sentiu falta de um cigarro. Os trilhos tremulavam sob o sol e o vento quente que descia espiralado e invadia as plataformas. Na espera, homens liam jornais, mulheres liam livros. Vendedores ambulantes e crianças maltrapilhas esperavam a fiscalização passar para vender e pedir coisas. Pensou mais uma vez no calor e se lembrou do quão distante estava de um banho.
O relógio da estação parecia ora avançar demais, ora nem se mexer. Pensava no gosto, no cheiro e nas profundezas de cada cidadão e cidadã que, longe de casa, buscava fazer sua vida e cumprir seus compromissos. Ninguém ali parecia passear. Ou então eram as condições precárias do transporte metropolitano que deixavam o cenho das pessoas tão grave.
Todos os pensamentos, porém, evanesceram com a chegada do trem. Tomou nas mãos uma lata de cerveja que estava em sua bolsa, mesmo sendo proibido o consumo de álcool na estação, e olho para o horizonte de prédios velhos e morros suburbanos cheios de barracos. Suspirou entre o alívio e a angústia e adentrou o vagão, se espremendo estoicamente entre os outros passageiros no vagão de trinta anos atrás.
Sentiu-se estranhamente livre sob o sol perpendicular daquele dia cortado ao meio feito fruta passada demais.
Iam e vinham pessoas e trens nas plataformas da estação movimentada quando se deu conta de que as pessoas e até as máquinas pareciam apressadas demais, tão preocupadas com horários e destinos que nem se davam conta da extrema dor daquele céu de azul incrível.
Enquanto limpava com o lenço de seda o suor que escorria da testa e espantava as moscas oportunistas, cuspia a fumaça das locomotivas e levava esbarrões dos transeuntes absortos na rotina e nos compromissos e tentava fixar os olhos nos olhares alheios a ele e a tudo mais, no afã de receber um pouco de atenção silenciosa.
Pensava no vazio em que vagavam aquelas órbitas que pareciam fitar o Nada. Por que aquele súbito interesse na existência de estranhos? Sempre se considerara individualista, até egoísta, diriam alguns, imerso demais nos próprios planos, segredos, sonhos e problemas para pensar em gente que jamais vira e que provavelmente jamais veria novamente. Seria carência, solidão ou mero teste de quem não tinha o que fazer enquanto o próximo trem não vinha?
Sentiu falta de um cigarro. Os trilhos tremulavam sob o sol e o vento quente que descia espiralado e invadia as plataformas. Na espera, homens liam jornais, mulheres liam livros. Vendedores ambulantes e crianças maltrapilhas esperavam a fiscalização passar para vender e pedir coisas. Pensou mais uma vez no calor e se lembrou do quão distante estava de um banho.
O relógio da estação parecia ora avançar demais, ora nem se mexer. Pensava no gosto, no cheiro e nas profundezas de cada cidadão e cidadã que, longe de casa, buscava fazer sua vida e cumprir seus compromissos. Ninguém ali parecia passear. Ou então eram as condições precárias do transporte metropolitano que deixavam o cenho das pessoas tão grave.
Todos os pensamentos, porém, evanesceram com a chegada do trem. Tomou nas mãos uma lata de cerveja que estava em sua bolsa, mesmo sendo proibido o consumo de álcool na estação, e olho para o horizonte de prédios velhos e morros suburbanos cheios de barracos. Suspirou entre o alívio e a angústia e adentrou o vagão, se espremendo estoicamente entre os outros passageiros no vagão de trinta anos atrás.
Sentiu-se estranhamente livre sob o sol perpendicular daquele dia cortado ao meio feito fruta passada demais.
segunda-feira, 25 de julho de 2011
Fall of seraphs
Branco, loiro, de país rico
Terrorista?
De jeito nenhum!
É maluco, atirador, criminoso
Menos a alcunha dirigida aos muçulmanos
T E R R O R I S T A
Os quais, aliás,
Foram os primeiros culpados
Sem nem saberem de nada.
Ah, ele não é um cristão de verdade!
É um dissidente, pecador, maçom, darwinista
É agente infiltrado pela esquerda
Para denegrir a sacrossanta direita
Católica apostólica desumana
Mas tudo fica tão confuso!
Eles nem sabem o que pensar
Direita, cristão, loirão, ricão
Era pra matar pretos, bichas, árabes
Não outros loirões feitos anjinhos de Deus
Para a Igreja e para a Direita, só mais uma dezena
De cadáveres pra baixo de tronos e carpetes
Gabinetes e palácios, catedrais e parlamentos
E azar de quem morreu – e nem pode se defender.
Terrorista?
De jeito nenhum!
É maluco, atirador, criminoso
Menos a alcunha dirigida aos muçulmanos
T E R R O R I S T A
Os quais, aliás,
Foram os primeiros culpados
Sem nem saberem de nada.
Ah, ele não é um cristão de verdade!
É um dissidente, pecador, maçom, darwinista
É agente infiltrado pela esquerda
Para denegrir a sacrossanta direita
Católica apostólica desumana
Mas tudo fica tão confuso!
Eles nem sabem o que pensar
Direita, cristão, loirão, ricão
Era pra matar pretos, bichas, árabes
Não outros loirões feitos anjinhos de Deus
Para a Igreja e para a Direita, só mais uma dezena
De cadáveres pra baixo de tronos e carpetes
Gabinetes e palácios, catedrais e parlamentos
E azar de quem morreu – e nem pode se defender.
quarta-feira, 20 de julho de 2011
BraveMurderDay
_Oi.
_Oi
_Quanto tempo!...
_É, quanto tempo.
_Você não me reconheceu?
_Não, na verdade não reconheci.
_Por que, nem mudei, nem faz tanto tempo que nos falamos...
_Sei lá, tava desligado.
_Ah, tá.
_E então, tudo bem?
_Ah...
_Não, pelo visto.
_Não, e você?
_Nada bem também.
_Então por que sempre perguntamos coisas de que sabemos a resposta?
_E por que sempre respondemos o que supostamente a pessoa quer ouvir.
_Mesmo sabendo ser mentira.
_Pois é.
_Pois é.
_Ninguém nunca tá bem.
_E as pessoas devem estar em dúvida entre educação ou ouvir problemas banais?
_É, banais.
_Por que banais?
_Por que nossos maiores problemas são os mesmos desde sempre,
_Tipo desde o mais antigo da civilização?
_É e nada nunca foi resolvido.
_É, nada mesmo.
_Nem será.
_Pouco provável.
_Ah, então é isso.
_Fica bem, tá?
_Você também.
_Quer um drinque?
_Tipo uma noite, um açoite, um acinte?
_Sim, uma pura provocação.
_De sim ou de não?
_Hmmm de dúvida?
_De úmida língua no dissabor?
_De horror, de horror!
_Oi
_Quanto tempo!...
_É, quanto tempo.
_Você não me reconheceu?
_Não, na verdade não reconheci.
_Por que, nem mudei, nem faz tanto tempo que nos falamos...
_Sei lá, tava desligado.
_Ah, tá.
_E então, tudo bem?
_Ah...
_Não, pelo visto.
_Não, e você?
_Nada bem também.
_Então por que sempre perguntamos coisas de que sabemos a resposta?
_E por que sempre respondemos o que supostamente a pessoa quer ouvir.
_Mesmo sabendo ser mentira.
_Pois é.
_Pois é.
_Ninguém nunca tá bem.
_E as pessoas devem estar em dúvida entre educação ou ouvir problemas banais?
_É, banais.
_Por que banais?
_Por que nossos maiores problemas são os mesmos desde sempre,
_Tipo desde o mais antigo da civilização?
_É e nada nunca foi resolvido.
_É, nada mesmo.
_Nem será.
_Pouco provável.
_Ah, então é isso.
_Fica bem, tá?
_Você também.
_Quer um drinque?
_Tipo uma noite, um açoite, um acinte?
_Sim, uma pura provocação.
_De sim ou de não?
_Hmmm de dúvida?
_De úmida língua no dissabor?
_De horror, de horror!
terça-feira, 19 de julho de 2011
A parte que coube em sorte aos filhos de José
Esperávamos a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo. E ele havia me dito, em sonho ou delírio, que para ver Deus era preciso morrer. Viajar pelo empíreo, pelo cosmo, e deitar aos pés do Senhor, da Causa Primeira. Minhas filhas iam a contragosto ao culto, por isso às vezes eu precisava batê-las com uma vara, assim como manda a Bíblia. Era puro amor. As marcas de sangue pisado e punição eram o amor divino e a humildade perante a quem morreu por nossos pecados. As chagas no lado, os cravos nas mãos e nos pés, tudo era parte do plano. Éramos messias sem traição, só com amor e sofrimento, aquele que liberta, consome, purifica. E a purificação é sempre pela negação, pela entrega, pelas chamas, pela dor, pelo sangue, pela morte. A morte é a redenção, a via dolorosa. E o próprio Deus feito carne havia me dito que éramos todos pecadores e que precisávamos entregá-lo nossas almas; afinal pertenciam a ele. Por isso preguei meus amados filhos, com todo o fervor, com cavilhas de ferrovia, na cerca do jardim, furei com uma pá a costela de cada um e, por fim, para cumprir o plano perfeito do Deus Vivo, enforquei-me na árvore mais próxima, feito Judas. Estava consumado. O Paraíso nos esperava com os anjos e suas hosanas.
sexta-feira, 8 de julho de 2011
Nem lembrança, nem saudade
Tudo que é antigo fica automaticamente legal. Foram-se os revivals dos anos 80s, chegaram os temidos 90s. Festa aqui, ali e acolá, naquele clima bêbado saudoso de porcarias e ”ai como minha pré-adolescência foi legal.”.
Nada mais chato do que a nostalgia da modernidade. Sei lá, talvez romancistas russos e filmes da nouvelle vague, mas enfim.
“Isso que era música, não essas porcarias de agora!”
Amigo, havia tanta ou mais porcaria. Só que você também era um porcaria, um moleque peidão e virgem que abraçava tudo que a então respeitável MTV lançava como moda. Para cada Cranberries ou Nirvana havia um monte de Lagoa 66, The Nixons e CBJr.
Por que se pintar de emo e usar roupas coloridas é mais vergonhoso do que vestir roupa de flanela em nosso calor tropical ou se entupir de batida de melancia e pogar em Killing In The Name no som mecânico?
Molecada que passou a década vestida de preto e xingando pagode agora se empolga pra ir à balada dançar a "dança da cordinha".
"Se você não se fodeu tirando música de ouvido no rádio, não gravou fitas Basf cheias de locutores falando merda no meio das músicas, nem teve vinis riscados e de prensagem péssima, você não foi feliz."
Porra! Que coisa mais contramão da História.
O público fica véio e bundão... e ainda cobra dos antigos artistas que mantenham a verve. Vai entender.
Nada mais chato do que a nostalgia da modernidade. Sei lá, talvez romancistas russos e filmes da nouvelle vague, mas enfim.
“Isso que era música, não essas porcarias de agora!”
Amigo, havia tanta ou mais porcaria. Só que você também era um porcaria, um moleque peidão e virgem que abraçava tudo que a então respeitável MTV lançava como moda. Para cada Cranberries ou Nirvana havia um monte de Lagoa 66, The Nixons e CBJr.
Por que se pintar de emo e usar roupas coloridas é mais vergonhoso do que vestir roupa de flanela em nosso calor tropical ou se entupir de batida de melancia e pogar em Killing In The Name no som mecânico?
Molecada que passou a década vestida de preto e xingando pagode agora se empolga pra ir à balada dançar a "dança da cordinha".
"Se você não se fodeu tirando música de ouvido no rádio, não gravou fitas Basf cheias de locutores falando merda no meio das músicas, nem teve vinis riscados e de prensagem péssima, você não foi feliz."
Porra! Que coisa mais contramão da História.
O público fica véio e bundão... e ainda cobra dos antigos artistas que mantenham a verve. Vai entender.
quinta-feira, 30 de junho de 2011
Jesus built my hot dog.
#1998
_Me vê um cachorro-quente, por favor?
_O simples ou o especial?
_Quanto é cada um?
_O simples é um real; o especial, cinco.
_Nossa. Ah, nem to com tanta fome assim... me vê o simples então.
_OK. Me dá a mão.
_O quê?
_Me dá a mão.
_Ei, por que você ta passando maionese na minha mão? Tá doido?
_Ó, e segura a salsicha direito, senão ela escorrega.
_Porra, mas cadê o pão dessa merda?
_Ah, então você quer o especial...
_Me vê um cachorro-quente, por favor?
_O simples ou o especial?
_Quanto é cada um?
_O simples é um real; o especial, cinco.
_Nossa. Ah, nem to com tanta fome assim... me vê o simples então.
_OK. Me dá a mão.
_O quê?
_Me dá a mão.
_Ei, por que você ta passando maionese na minha mão? Tá doido?
_Ó, e segura a salsicha direito, senão ela escorrega.
_Porra, mas cadê o pão dessa merda?
_Ah, então você quer o especial...
segunda-feira, 27 de junho de 2011
Dictatorshit
Fiz este texto em 2008, numa tarde apenas, de cabeça (só consultei datas, nomes completos e números, pra conferir) para um trabalho de faculdade da ex-namorada (aka "finada") que fiz como ghost writer. Dado o tempo que tive, até que gostei do resultado.
1961–1964
Primeiro de abril de 1964. Após três anos de grande instabilidade política e insatisfação entre os conservadores de diversos setores da sociedade (civis, Igreja, militares, jornalistas, etc.), os militares tomaram o poder com um golpe pouco planejado e sem qualquer resistência do governo vigente, para surpresa dos próprios golpistas. Começavam ali os Anos de Chumbo, o mais longo período ditatorial da história do Brasil.
Desde a renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961 (com a qual esperava voltar mediante o apelo popular e plenos poderes), o país vivia um período de conturbação. Seu vice, João Goulart, alinhado com movimentos sindicais e simpatizante do socialismo, era rejeitado pelos setores mais reacionários do empresariado, da Igreja e das Forças Armadas. Em 13 de março, seu comício na Central do Brasil (RJ), diante de 350 mil pessoas, assinou o decreto da reforma agrária. Foi a gota d’água para os udenistas arquitetarem a tomada do poder.
Com suas promessas de reformas de base na estrutura agrária, bancária, tributária, política e urbana do país (que desagradavam a direita), a crise econômica pela qual o Brasil passava (a crise do modelo de industrialização que vinha sendo usado desde a década de 1930 causou inflação alta e pouco crescimento), a conspiração da União Democrática Nacional (UDN), liderada pelo jornalista Carlos Lacerda (pivô do ocaso getulista) e o descontentamento militar por seu apoio à insubordinação de sargentos e cabos à hierarquia, o golpe era questão de tempo.
Com os EUA de prontidão para ajudar na instauração de mais uma ditadura na América Latina e o despreparo do governo, a despeito dos avisos dos aliados (Jango confiava em um suposto “dispositivo militar”, que acionaria militares fiéis a ele ao primeiro sinal de golpe), e a classe média nas ruas, com a infame Marcha da Família com Deus pela Liberdade (mais de 200 mil pessoas em São Paulo), o governo ruiu. No início de abril, quando os militares, liderados pelo general e golpista profissional (participara de uma tentativa de golpe em 1938) Olímpio Mourão Filho, invadiram o Palácio do Catete, Jango já havia fugido para o Sul, de onde iria para o Uruguai.
1964–1968
Sob a desculpa de manter a democracia (acabando com ela?) contra o perigo comunista, os golpistas (que se intitulavam “revolucionários”) começaram uma desarticulação dos opositores. Só naquele abril de 1964 tiveram seus direitos políticos cassados 41 deputados federais, 29 líderes sindicais, 122 oficiais militares e personalidades como o antropólogo Darcy Ribeiro e o economista Celso Furtado. Tudo com base no Ato Institucional Número 1 (AI-1), assinado em 9 de abril pela Junta Militar que governou provisoriamente o país, e que também determinou, por eleições indiretas, a posse da presidência pelo general Humberto de Alencar Castello Branco. Nos meses seguintes foram registradas 203 denúncias de maus-tratos em mais de cinco mil detenções. Começavam as torturas nos porões.
No ano seguinte o presidente Castello Branco baixou o AI-2, determinando que os processos políticos fossem julgados pela Justiça Militar, extinguindo o pluripartidarismo: os partidos deveriam se enquadrar na Arena (Aliança Renovadora Nacional), da situação, ou no Movimento Democrático Brasileiro (MDB), de oposição. Porém era tudo uma farsa, visto que todas as cassações já mencionadas e os constantes fechamentos do Congresso tornavam o bipartidarismo mera formalidade.
Em 1967, após mais dois Atos Institucionais, o AI-3 e o AI-4, respectivamente decretando eleições indiretas também para governador e uma nova constituição, tomou posse o segundo presidente do regime, o general Arthur da Costa e Silva. O pior não só estava por vir como já havia chegado.
1968–1974
Ato institucional Número 5: um documento com apenas quatro páginas e 12 artigos que mergulhou o Brasil em sua pior época. Decretado pelo presidente (já marechal) Costa e Silva, foi um golpe mortal contra a oposição, que, até então, tinha esperança de que a ditadura fosse algo provisório (como afirmava Castello Branco). Vitória da linha dura das Forças Armadas, que pressionou o presidente para tomar medidas drásticas contra a esquerda. Com o AI-5, o governo podia cassar mandatos eletivos, suspender direitos políticos, demitir ou aposentar juízes e outros funcionários públicos, proibir manifestações e suspender habeas corpus.
Assim, parte da esquerda viu no endurecimento da luta armada, com atentados, assaltos e seqüestros, a única forma de combater a ditadura. Mas o fato é que isso só piorava as coisas: quanto mais terrorismo, mais repressão, e vice-versa, num círculo vicioso de intolerância. E a situação da oposição se agravou mais com o afastamento, por problemas graves de saúde, de Costa e Silva: assumiu a presidência o linha-dura Emílio Garrastazu Médici, que eliminaria a luta armada com uma política de extermínio. Foram dizimados todos os grupos de resistência, notavelmente os de Lamarca, Marighela e a guerrilha do Araguaia.
Enquanto isso o Brasil vivia um ufanismo artificial com o sucesso da Seleção Brasileira na Copa de 1970 e o “milagre econômico”, com o crescimento econômico baseado em grandes obras feitas com grandes empréstimos (aberrações faraônicas como a Transamazônica) que cobrariam seu altíssimo preço na década seguinte. Enquanto a classe média comprava carro e televisão em cores, a oposição estudantil e sindical era torturada e morta no subterrâneo da sociedade.
1974–1979
Em 1974, quando o general Ernesto Geisel tomou posse, ao lado de seu braço-direito Golbery do Couto e Silva, sua situação parecia promissora. Não havia oposição, nem guerrilha, a economia crescia, só havia ditaduras de direita no continente. Mal sabia ele que seu mandato enfrentaria muitos problemas, a maioria causada pelo próprio regime militar.
Seu discurso de “lenta, gradativa e segura distensão” disfarçava a vontade de, unicamente, acabar com as tentativas de “golpes dentro do golpe” e disputas e poder naquela ditadura então já sem forma definida, na qual ele não reconhecia a “revolução” dos quais ele foi um dos mentores, recém-atacada pela crise do petróleo (quando a Organização dos Países Produtores de Petróleo, Opep, aumentou o preço do barril em 300%, como protesto ao apoio dos EUA a Israel na Guerra do Yom Kippur). O cuidado com as palavras da expressão revelava o desejo de manter a ordem das coisas, somente “largando o osso” quando fosse conveniente.
As indisposições de Geisel com militares da linha dura, seus desafetos de longa data (ainda que Geisel, nem de longe, fosse um progressista), a crise petrolífera (que desmanchou o “milagre econômico”) e as crescentes mortes nos porões (incluindo o jornalista Vladimir Herzog, caso mais notável), que contrariaram da Igreja ao governo Jimmy Carter, passando pela grande imprensa (que, num primeiro momento, fora favorável à ditadura) só confirmaram que a ditadura precisaria abrandar se quisesse sobreviver até a retirada segura (sem perigo de a Esquerda assumir).
Já em novembro de 1974 o MDB conseguiu quase 73% dos votos para senador e deputado, clara mostra de infelicidade dos eleitores com a crise econômica e com os abusos que finalmente vazavam à sociedade. A ditadura reagiu nos anos seguintes, criando leis como a dos governadores e senadores “biônicos” (indicados indiretamente) e a bizarra Lei Falcão (alusão ao criador, o ministro da Justiça Armando Falcão), que limitava a propaganda eleitoral unicamente a uma foto do candidato e um currículo narrado em off.
Em 1979, a inflação estava a mais de 100%; a dívida externa, a mais de US$ 50 bilhões. A linha dura continuava pressionando Geisel com torturas e atentados, para “mostrar quem mandava” e desestabilizar o processo de abertura. Esse foi o cenário no qual o general João Baptista Figueiredo assumiu o governo em 1979.
1979–1985
Figueiredo deu continuidade ao processo de abertura, com a Lei da Anistia (que também anistiava torturadores), a restauração do pluripartidarismo e as primeiras eleições diretas para governador desde 1965. A população ia às ruas pedindo liberdades democráticas; a grande imprensa, sem saída, se viu obrigada a tomar partido da campanha Diretas-Já. Eram as Forças Armadas voltando aos quartéis, não sem antes deixar, por eleições indiretas, o “coronel” José Sarney na vice-presidência, que, com a morte de Tancredo Neves, receberia de bandeja um país com inflação de três dígitos, ânsia por uma eleição e uma constituinte que só viriam dois anos depois, e, acima de tudo, esperança. Em qualquer coisa.
1961–1964
Primeiro de abril de 1964. Após três anos de grande instabilidade política e insatisfação entre os conservadores de diversos setores da sociedade (civis, Igreja, militares, jornalistas, etc.), os militares tomaram o poder com um golpe pouco planejado e sem qualquer resistência do governo vigente, para surpresa dos próprios golpistas. Começavam ali os Anos de Chumbo, o mais longo período ditatorial da história do Brasil.
Desde a renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961 (com a qual esperava voltar mediante o apelo popular e plenos poderes), o país vivia um período de conturbação. Seu vice, João Goulart, alinhado com movimentos sindicais e simpatizante do socialismo, era rejeitado pelos setores mais reacionários do empresariado, da Igreja e das Forças Armadas. Em 13 de março, seu comício na Central do Brasil (RJ), diante de 350 mil pessoas, assinou o decreto da reforma agrária. Foi a gota d’água para os udenistas arquitetarem a tomada do poder.
Com suas promessas de reformas de base na estrutura agrária, bancária, tributária, política e urbana do país (que desagradavam a direita), a crise econômica pela qual o Brasil passava (a crise do modelo de industrialização que vinha sendo usado desde a década de 1930 causou inflação alta e pouco crescimento), a conspiração da União Democrática Nacional (UDN), liderada pelo jornalista Carlos Lacerda (pivô do ocaso getulista) e o descontentamento militar por seu apoio à insubordinação de sargentos e cabos à hierarquia, o golpe era questão de tempo.
Com os EUA de prontidão para ajudar na instauração de mais uma ditadura na América Latina e o despreparo do governo, a despeito dos avisos dos aliados (Jango confiava em um suposto “dispositivo militar”, que acionaria militares fiéis a ele ao primeiro sinal de golpe), e a classe média nas ruas, com a infame Marcha da Família com Deus pela Liberdade (mais de 200 mil pessoas em São Paulo), o governo ruiu. No início de abril, quando os militares, liderados pelo general e golpista profissional (participara de uma tentativa de golpe em 1938) Olímpio Mourão Filho, invadiram o Palácio do Catete, Jango já havia fugido para o Sul, de onde iria para o Uruguai.
1964–1968
Sob a desculpa de manter a democracia (acabando com ela?) contra o perigo comunista, os golpistas (que se intitulavam “revolucionários”) começaram uma desarticulação dos opositores. Só naquele abril de 1964 tiveram seus direitos políticos cassados 41 deputados federais, 29 líderes sindicais, 122 oficiais militares e personalidades como o antropólogo Darcy Ribeiro e o economista Celso Furtado. Tudo com base no Ato Institucional Número 1 (AI-1), assinado em 9 de abril pela Junta Militar que governou provisoriamente o país, e que também determinou, por eleições indiretas, a posse da presidência pelo general Humberto de Alencar Castello Branco. Nos meses seguintes foram registradas 203 denúncias de maus-tratos em mais de cinco mil detenções. Começavam as torturas nos porões.
No ano seguinte o presidente Castello Branco baixou o AI-2, determinando que os processos políticos fossem julgados pela Justiça Militar, extinguindo o pluripartidarismo: os partidos deveriam se enquadrar na Arena (Aliança Renovadora Nacional), da situação, ou no Movimento Democrático Brasileiro (MDB), de oposição. Porém era tudo uma farsa, visto que todas as cassações já mencionadas e os constantes fechamentos do Congresso tornavam o bipartidarismo mera formalidade.
Em 1967, após mais dois Atos Institucionais, o AI-3 e o AI-4, respectivamente decretando eleições indiretas também para governador e uma nova constituição, tomou posse o segundo presidente do regime, o general Arthur da Costa e Silva. O pior não só estava por vir como já havia chegado.
1968–1974
Ato institucional Número 5: um documento com apenas quatro páginas e 12 artigos que mergulhou o Brasil em sua pior época. Decretado pelo presidente (já marechal) Costa e Silva, foi um golpe mortal contra a oposição, que, até então, tinha esperança de que a ditadura fosse algo provisório (como afirmava Castello Branco). Vitória da linha dura das Forças Armadas, que pressionou o presidente para tomar medidas drásticas contra a esquerda. Com o AI-5, o governo podia cassar mandatos eletivos, suspender direitos políticos, demitir ou aposentar juízes e outros funcionários públicos, proibir manifestações e suspender habeas corpus.
Assim, parte da esquerda viu no endurecimento da luta armada, com atentados, assaltos e seqüestros, a única forma de combater a ditadura. Mas o fato é que isso só piorava as coisas: quanto mais terrorismo, mais repressão, e vice-versa, num círculo vicioso de intolerância. E a situação da oposição se agravou mais com o afastamento, por problemas graves de saúde, de Costa e Silva: assumiu a presidência o linha-dura Emílio Garrastazu Médici, que eliminaria a luta armada com uma política de extermínio. Foram dizimados todos os grupos de resistência, notavelmente os de Lamarca, Marighela e a guerrilha do Araguaia.
Enquanto isso o Brasil vivia um ufanismo artificial com o sucesso da Seleção Brasileira na Copa de 1970 e o “milagre econômico”, com o crescimento econômico baseado em grandes obras feitas com grandes empréstimos (aberrações faraônicas como a Transamazônica) que cobrariam seu altíssimo preço na década seguinte. Enquanto a classe média comprava carro e televisão em cores, a oposição estudantil e sindical era torturada e morta no subterrâneo da sociedade.
1974–1979
Em 1974, quando o general Ernesto Geisel tomou posse, ao lado de seu braço-direito Golbery do Couto e Silva, sua situação parecia promissora. Não havia oposição, nem guerrilha, a economia crescia, só havia ditaduras de direita no continente. Mal sabia ele que seu mandato enfrentaria muitos problemas, a maioria causada pelo próprio regime militar.
Seu discurso de “lenta, gradativa e segura distensão” disfarçava a vontade de, unicamente, acabar com as tentativas de “golpes dentro do golpe” e disputas e poder naquela ditadura então já sem forma definida, na qual ele não reconhecia a “revolução” dos quais ele foi um dos mentores, recém-atacada pela crise do petróleo (quando a Organização dos Países Produtores de Petróleo, Opep, aumentou o preço do barril em 300%, como protesto ao apoio dos EUA a Israel na Guerra do Yom Kippur). O cuidado com as palavras da expressão revelava o desejo de manter a ordem das coisas, somente “largando o osso” quando fosse conveniente.
As indisposições de Geisel com militares da linha dura, seus desafetos de longa data (ainda que Geisel, nem de longe, fosse um progressista), a crise petrolífera (que desmanchou o “milagre econômico”) e as crescentes mortes nos porões (incluindo o jornalista Vladimir Herzog, caso mais notável), que contrariaram da Igreja ao governo Jimmy Carter, passando pela grande imprensa (que, num primeiro momento, fora favorável à ditadura) só confirmaram que a ditadura precisaria abrandar se quisesse sobreviver até a retirada segura (sem perigo de a Esquerda assumir).
Já em novembro de 1974 o MDB conseguiu quase 73% dos votos para senador e deputado, clara mostra de infelicidade dos eleitores com a crise econômica e com os abusos que finalmente vazavam à sociedade. A ditadura reagiu nos anos seguintes, criando leis como a dos governadores e senadores “biônicos” (indicados indiretamente) e a bizarra Lei Falcão (alusão ao criador, o ministro da Justiça Armando Falcão), que limitava a propaganda eleitoral unicamente a uma foto do candidato e um currículo narrado em off.
Em 1979, a inflação estava a mais de 100%; a dívida externa, a mais de US$ 50 bilhões. A linha dura continuava pressionando Geisel com torturas e atentados, para “mostrar quem mandava” e desestabilizar o processo de abertura. Esse foi o cenário no qual o general João Baptista Figueiredo assumiu o governo em 1979.
1979–1985
Figueiredo deu continuidade ao processo de abertura, com a Lei da Anistia (que também anistiava torturadores), a restauração do pluripartidarismo e as primeiras eleições diretas para governador desde 1965. A população ia às ruas pedindo liberdades democráticas; a grande imprensa, sem saída, se viu obrigada a tomar partido da campanha Diretas-Já. Eram as Forças Armadas voltando aos quartéis, não sem antes deixar, por eleições indiretas, o “coronel” José Sarney na vice-presidência, que, com a morte de Tancredo Neves, receberia de bandeja um país com inflação de três dígitos, ânsia por uma eleição e uma constituinte que só viriam dois anos depois, e, acima de tudo, esperança. Em qualquer coisa.
quinta-feira, 16 de junho de 2011
And forgetful won't be able to forget.
_Olá, esta é mais uma reunião dos Esquecidos Anônimos.
_Olá, meu nome é... Almeida.
_Olá pessoal, dêem boas-vindas ao... Almeida.
(...)
_Vamos pessoal... boas-vindas, Almeida...
_Olá, Almeida.
_Oi, meu nome é Almeida e eu estou... estou... estava havia dois dias sem me esquecer.
_Esquecer do quê?
_Sei lá. Aliás, o que estou fazendo aqui?
_Almeida, volte aqui, calma!
_Quem é Almeida?
_Olá, meu nome é... Almeida.
_Olá pessoal, dêem boas-vindas ao... Almeida.
(...)
_Vamos pessoal... boas-vindas, Almeida...
_Olá, Almeida.
_Oi, meu nome é Almeida e eu estou... estou... estava havia dois dias sem me esquecer.
_Esquecer do quê?
_Sei lá. Aliás, o que estou fazendo aqui?
_Almeida, volte aqui, calma!
_Quem é Almeida?
quinta-feira, 17 de março de 2011
Certo perdeste o senso; eu vos direi, no entanto...
Penso, logo palpito.
Desde a aurora da humanidade o ser humano tem seus achismos. Os gregos levaram isso ao estado de arte, virou uma ciência, a Filosofia. Arrumaram até escravos pra fazer o serviço sujo e pesado, para assim poderem desfilar de toga nas saunas mistas (hmmm) e sair achando coisas sobre tudo e todos e si mesmos.
Muita merda foi escrita, mas também muita coisa boa, instigante e que influencia a humanidade desde então.
E o que fariam os helênicos antigos se tivessem a internet, hein?
Especialmente as redes sociais, que propagaram a Palpitologia: munidos de Wikipedia, pesquisas no Google e manchetes (só manchetes) de Veja e Folha, esses sofistas 2.0 saem cheios de razão dando pitacos sobre cachorros em avião, propaganda neonazista em varejão, geopolítica, geologia, física nuclear, carnaval, Lei Rouanet, direitos de transmissão do futebol... nada escapa.
Ninguém se preocupa em se informar primeiro, muitos nem lêem os links, já retuitam, reenviam e a coisa mentirosa e capenga vai se alastrando.
Não importam os desmentidos, as análises de especialistas, nem você mesmo explicar: os palpiteiros vão repetir a ladainha por dias a fio, até que surja outro assunto para eles trollarem involuntariamente, achando que levam a luz do conhecimento aos porões obscuros dos povos bárbaros.
Por isso champz, nada contra opinar, mas não ostente ar de sabe-tudo (nem se souber tudo mesmo).
_E eu que reclamava dos caga-regras.
Desde a aurora da humanidade o ser humano tem seus achismos. Os gregos levaram isso ao estado de arte, virou uma ciência, a Filosofia. Arrumaram até escravos pra fazer o serviço sujo e pesado, para assim poderem desfilar de toga nas saunas mistas (hmmm) e sair achando coisas sobre tudo e todos e si mesmos.
Muita merda foi escrita, mas também muita coisa boa, instigante e que influencia a humanidade desde então.
E o que fariam os helênicos antigos se tivessem a internet, hein?
Especialmente as redes sociais, que propagaram a Palpitologia: munidos de Wikipedia, pesquisas no Google e manchetes (só manchetes) de Veja e Folha, esses sofistas 2.0 saem cheios de razão dando pitacos sobre cachorros em avião, propaganda neonazista em varejão, geopolítica, geologia, física nuclear, carnaval, Lei Rouanet, direitos de transmissão do futebol... nada escapa.
Ninguém se preocupa em se informar primeiro, muitos nem lêem os links, já retuitam, reenviam e a coisa mentirosa e capenga vai se alastrando.
Não importam os desmentidos, as análises de especialistas, nem você mesmo explicar: os palpiteiros vão repetir a ladainha por dias a fio, até que surja outro assunto para eles trollarem involuntariamente, achando que levam a luz do conhecimento aos porões obscuros dos povos bárbaros.
Por isso champz, nada contra opinar, mas não ostente ar de sabe-tudo (nem se souber tudo mesmo).
_E eu que reclamava dos caga-regras.
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Warfare 2.0
Segunda Guerra Mundial no Twitter
1939
- Por que #Polônia está nos TTs?
- Por que tem vários judeus que pararam de acessar aqui?
1940
- Ih, parece que a @Alemanha invadiu o perfil da @França
- #Trampos – Indústrias na Alemanha – CV para @hermanngoering@wermacht.de
1941
- Quem vai à palestra sobre marketing de guerrilha do Goebbels na #cp de Varsóvia?
- Parece que a @Itália pediu ajuda no MafiaWars pra @Alemanha e pro @Japão
1942
- Todo mundo dando #FF nos @Aliados, galera
- Alguém tem fotos da briga de blogueiros que tá tendo em Stalingrado?
1943
- Parece que o atendimento tá péssimo lá em Auchwitz... net caindo toda hora.
- @Eisenhower tá na Twitcam galera!
1944
- A @França conseguiu recuperar a conta, adicionem ela de novo.
- Tenho convites pro Dia D, quem quiser mande DM.
1945
- Bad, bad server lá em Hiroxima e Nagasáqui.
- Saiu no TMZ que o @hitler cometeu tuiticídio, é verdade?
1939
- Por que #Polônia está nos TTs?
- Por que tem vários judeus que pararam de acessar aqui?
1940
- Ih, parece que a @Alemanha invadiu o perfil da @França
- #Trampos – Indústrias na Alemanha – CV para @hermanngoering@wermacht.de
1941
- Quem vai à palestra sobre marketing de guerrilha do Goebbels na #cp de Varsóvia?
- Parece que a @Itália pediu ajuda no MafiaWars pra @Alemanha e pro @Japão
1942
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- Alguém tem fotos da briga de blogueiros que tá tendo em Stalingrado?
1943
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- @Eisenhower tá na Twitcam galera!
1944
- A @França conseguiu recuperar a conta, adicionem ela de novo.
- Tenho convites pro Dia D, quem quiser mande DM.
1945
- Bad, bad server lá em Hiroxima e Nagasáqui.
- Saiu no TMZ que o @hitler cometeu tuiticídio, é verdade?
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